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8. Conclusões e Sugestões para Pesquisas Futuras

8.1. Conclusões

Quanto à estimativa “a priori”

i) De modo geral, quanto maior a influência da ponta na capacidade de carga total da estaca, maior o coeficiente de variação. Tal constatação sinaliza para o fato de que quanto maior a influência da ponta, maior a incerteza quanto à capacidade de carga, pelo menos para as estacas pré-moldadas analisadas e o tipo de perfil característico do caso de obra em estudo, em que as estacas atravessam um pacote de solo sedimentar, de espessura bastante variável, e se encontram embutidas em solo residual.

ii) A parcela da carga resistida pela ponta apresentou uma variabilidade muito superior à parcela de carga resistida por atrito, representada pelos coeficientes de variação. Os maiores coeficientes de variação da carga de ponta estão, em geral, associados ao maior percentual de carga resistida pela ponta em relação à resistência global.

iii) As conclusões i) e ii) acima foram as mesmas para ambos os modelos de cálculo adaptados nesta dissertação, Decourt e Quaresma (1978) e US Corps of Engineers (2005). Porém, enquanto o coeficiente de variação do atrito lateral previsto é relativamente baixo, ainda menor no segundo modelo de cálculo do que no primeiro, no segundo modelo o coeficiente de variação da ponta foi excessivamente alto. Este fato foi atribuído à elevada sensibilidade dos fatores de capacidade de carga aos valores de

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, além do fato dos parâmetros de resistência ao cisalhamento dos solos não terem sido obtidos diretamente, mas sim através de correlações. Estes dois efeitos combinados resultaram numa variabilidade excessiva da resistência de ponta no método do US Army Corps of Engineers. Já no caso do atrito lateral, as incertezas na estimativa são bem menores.

iv) Apesar dos dois modelos de cálculo apresentarem diferenças entre os valores esperados da resistência do solo durante a cravação, as distribuições de resistência percentuais na ponta e atrito, foram aproximadamente equivalentes.

v) Para a maior parte das estacas, o método adaptado do US Corp of Engineers (2005) forneceu estimativas “a priori” mais elevadas, cerca de 31 % superiores, em média, às estimativas pelo método adaptado de Decourt (1978).

Quanto à função de verossimilhança

i) Os coeficientes de variação obtidos da função de verossimilhança foram, em média, muito inferiores dos valores obtidos das estimativas “a priori”. Este aspecto pode ser atribuído ao fato da função de verossimilhança ter sido obtida com base nos registros de cravação de cada estaca, no local de sua execução. Embora estejam ainda presentes as incertezas quanto à eficiência do martelo, bem como dos demais parâmetros do solo utilizados na retro-análise, não são consideradas, na distribuição da função de verossimilhança, as variações espaciais do perfil do subsolo, originárias da grande variabilidade existente no perfil de solo residual.

Quanto à estimativa “a posteriori”

i) Conforme esperado, e em conformidade com as expressões propostas por Lacasse et al (1989,1991), a resistência do solo durante a cravação obtida “a posteriori” esteve sempre compreendida entre os valores obtidos “a priori” e os correspondentes à função de verossimilhança, se aproximando mais do valor que apresentou a menor variância.

ii) O coeficiente de variação da distribuição “a posteriori” foi sempre menor que o das demais distribuições, fato este também bastante compreensível, já que a distribuição à “posteriori” inclui ambas as informações: a estimativa “a priori” e a função de verossimilhança, reduzindo a margem de incerteza da estimativa. iii) A atualização procedida forneceu valores muito próximos de resistência do solo

durante a cravação, com a utilização dos dois diferentes modelos de cálculo, embora se tenha observado diferenças significativas entre os modelos nas estimativas “a priori”.

iv) Os coeficientes de variação da distribuição atualizada também são muito próximos, para os dois modelos de cálculo, e sempre inferiores aos da distribuição “a priori” e aos da distribuição de verossimilhança.

v) As conclusões iii) e iv) revelam que a influência da distribuição de verossimilhança foi muito relevante na atualização da estimativa deste caso de obra, tendo sido capaz de reduzir bastante, praticamente anulando as incertezas decorrentes dos dois modelos distintos de cálculo após a atualização.

Quanto aos indicadores de falha

i) Os indicadores de falha reduzidos, encontrados nesta pesquisa, sinalizam para o caráter satisfatório das adaptações introduzidas nos modelos para representar a resistência oferecida pelo solo durante a cravação.

ii)

Apenas 2 indicadores de falha podem ser considerados elevados para ambos os modelos de cálculo da estimativa “a priori”, representando cerca de 11% do total das estacas analisadas. Este percentual de falha é bem reduzido quando comparado às análises de Gutormsen (1987), que encontrou indicadores elevados para 4 das 8 estacas offshore analisadas.Ambos os modelos de cálculo revelaram indicadores de falha fora da faixa satisfatória para as mesmas duas estacas. O elevado indicador de falha para as mesmas estacas em ambos os modelos pode ser atribuído, possivelmente, a diferenças significativas no perfil de solo na vertical das estacas, em relação ao perfil geotécnico escolhido como representativo da região onde se encontram as estacas.

Quanto à comparação entre a estimativa “a posteriori” e os resultados das provas de carga

i) Os valores obtidos experimentalmente para a resistência mobilizada do solo durante as provas de carga dinâmicas foram em geral superiores aos valores esperados da estimativa atualizada da resistência durante a cravação. Este fato deve estar ligado, principalmente, ao efeito do acréscimo de resistência com o tempo, além de outras incertezas.

ii) Para os Setores G e F, onde as estacas estão assentes em depósito argilo siltoso, os resultados da prova de carga dinâmica são, em geral, proporcionalmente maiores, quando comparados às estimativas atualizadas, sinalizando para um valor mais elevado de acréscimo de resistência.

iii) Considerando que a diferença média entre os resultados de resistência mobilizados das provas de carga dinâmicas e as estimativas atualizadas da resistência durante a cravação possa ser atribuída principalmente pelo efeito de acréscimo de resistência, um valor de recuperação médio de 50% foi observado em termos globais, independentemente no modelo de cálculo utilizado na estimativa “a priori”.

iv) Separando-se os casos das estacas com ponta em horizontes argilosos e arenosos, os resultados indicam uma diferença de resistência de cerca de 80% para os primeiros e 40% para os últimos.

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