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5. Conclusões e trabalho futuro

5.1. Conclusões

Esta dissertação de mestrado teve como o principal objetivo o desenvolvimento de um software que permite efetuar o dimensionamento de ligações por FH. Para tal, foi feito previamente um estudo profundo da fundamentação teórica servindo como base da implementação do software.

O software foi desenvolvido em JAVA, e a escolha dessa linguagem para efetuar o desenvolvimento foi acertada, pois permitiu a utilização de algumas bibliotecas externas o que facilitou o desenvolvimento em alguns aspetos, bem como a sua utilização em diversas plataformas. Todo o desenvolvimento foi feito tendo sempre o cuidado de separar toda a parte lógica da parte gráfica. Isto possibilitará a reutilização de vários módulos para o desenvolvimento da aplicação totalmente orientada à WEB na sua 2ª versão.

A divisão do software em diversos módulos foi muito importante pois permitiu também testar a funcionalidade de cada modulo e de todos os métodos associados aos mesmos.

A utilização do Google maps API´s para aceder às elevações do terreno foi extremamente acertada pelo fato de este permitir a recolha da elevação em qualquer parte do globo terrestre de forma muito rápida, eficaz e com valores bastantes fiáveis, e exclui a necessidade de fazer o download de ficheiros STRM. Contudo, a sua utilização de forma gratuita implica algumas limitações tais como a impossibilidade de solicitar mais de 25000 ponto de elevação diários a partir do mesmo endereço IP e o número máximo de pontos por percurso que é 512.

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A interação com o utilizador é feita através de uma interface gráfica amigável e organizada em secções.

OS resultados obtidos pelo software são bastantes satisfatórios, embora, fosse bastante importante confrontar estes resultados com dados reais de forma a verificar a validade dos valores teóricos simulados. Entretanto, os resultados foram comparados com resultados obtidos no PL e as conclusões.

Em termos de dados relativamente ao perfil terreno o software desenvolvido apresenta diversas vantagens visto que para simular no PL é necessário configurar o modulo GIS (Geographic

information system) e fazer o download de dezenas de ficheiros STRM. Ao contrário do PL, no software desenvolvido o utilizador apenas terá de assegurar que o computador tenha acesso à

internet.

Em termos de atenuação relativamente ao espaço livre os dois softwares apresentam resultados semelhantes.

Em relação às perdas por difração o PL dispõe de mais algoritmos para calcular as perdas por difração. Apesar disso, o algoritmo recomendado no PL para ligações ponto a ponto é o algoritmo

pathloss. Este algoritmo implementa tando o método de Deygout como o método Epstein-Petterson

implementados também no software desenvolvido. Em ambos os softwares o resultado obtido através do método de Deygout e Epstein-Petterson são praticamente iguais, entretanto, o resultado obtido em cada um destes softwares apresentam algumas diferenças. Por exemplo, no percurso direto apresentado no capitulo 4, secção 4.1, os valores obtidos para as perdas devido à difração são de 256.23 dB e 264 dB, utilizando o método de Epstein-Petterson e Deygout, respetivamente, no

software desenvolvido, enquanto que no PL obteve-se 80.66 dB tanto para Epstein-Petterson como

para Deygout. Porém, quando o percurso é composto por apenas um único obstáculo os resultados obtidos no PL e no software são bastantes coerentes.

As atenuações devido aos gases obtidas em ambos os softwares estão em conformidade. Por exemplo, para o percurso alternativo apresentado no capitulo 4, secção 4.2, as perdas devido aos gases são 0.28 dB e 0.20 dB, respetivamente para o software desenvolvido e para o PL.

Para calcular as atenuações devido à precipitação o software desenvolvido baseia-se nos métodos das recomendações ITU-R P.530-16, ITU P.838-3 e ITU P.837-6 enquanto que o PL baseia nas recomendações ITU-R P.530-7, ITU P.838-3 e ITU P.837-1. Apesar destas recomendações serem iguais as recomendações utilizadas no software desenvolvido correspondem às recomendações atuais até a data. Na recomendação ITU-R P.530-7 a distância efetiva é calculada de forma totalmente diferente do que na recomendação ITU-R P.530-16, e daí os resultados serem diferentes. As intensidades de precipitação obtidas a partir dos ficheiros com dados estatísticos de precipitação

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em todo o globo apresentam valores idênticos. No percurso alternativo apresentado no capitulo 4, secção 4.2, foi obtido no software desenvolvido uma atenuação devido à precipitação não excedida em mais de 0.01% e 0.000001% de tempo de 3.656 e 14.11 dB, respetivamente. No PL não é possível obter o valor da atenuação devido à chuva não excedida mais do que uma determinada percentagem de tempo. Ao contrario, é calculada apenas a disponibilidade de ligação devido à atenuação provocada pela chuva tendo em conta a margem de ligação.

O software desenvolvido prevê o desvanecimento multipercurso de acordo com os métodos fornecidos na recomendação ITU-R P.526-13. A interpolação sobre os ficheiros de gradiente de refratividade pontual da zona geográfica incorporados no programa, apresenta resultado muito satisfatório, quando comparado com os exemplos existentes na mesma recomendação e com os valores obtidos no PL. No software desenvolvido, para o percurso alternativo apresentado no capitulo 4, secção 4.2, obteve-se um gradiente de refratividade pontual de -417 não excedida em mais de 1% da média anual enquanto que no PL obteve-se -435. Essa ligeira diferença é devido ao facto de os dois programas considerarem localizações a meio de percurso ligeiramente diferentes. Essa diferença no valor do gradiente de refratividade pontual implicou assim uma ligeira diferença nos valores do fator geoclimático que foram de 3 × 10−4 e 2.1 × 10−4, para o software desenvolvido e para o PL, respetivamente. A inclinação do percurso obtido no software e no PL são ambos de 14.4 mr. O fator de ocorrência de propagação por trajetos múltiplos obtidos no software para o mesmo percurso alternativo foi de 2.05% enquanto que no PL foi de 1.5%. É possível concluir que os valores estão próximos, com uma diferença de 0.5% praticamente em todas as simulações feitas.

Os parâmetros relativamente às reflexões não foram comparados com o PL uma vez que o programa apresentava alguma limitação devido à licença utilizada. Deste modo não foi possível efetuar a simulação das reflexões no terreno no programa PL. Contudo, no software existe alguma limitação no cálculo da potência do sinal refletido que chega ao recetor.

Em suma, o desenvolvimento deste software requereu um estudo profundo dos conceitos teóricos envolvidos nas ligações por FH. Esta primeira versão do software já permite simular diversos fenómenos associados à propagação do sinal de FH, e poderá ser utilizada pelos alunos de Radio Propagação no auxilio dos estudos. Contudo, seria importante obter dados reais, medidos em sistemas reais de modo a confrontar os resultados do software com esses dados reais. O trabalho permitiu também a familiarização com mais um software de simulação, o PathLoss 5.0. Este software é bastante complexo e requereu um estudo profundo de toda a sua documentação.

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