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Capítulo 8 – Conclusões finais

8.1 Conclusões

Com esta dissertação foi possível abordar tópicos bastante importantes, recorrendo à literatura, para conseguir descobrir o papel do turismo desportivo no desenvolvimento sustentável das áreas costeiras, neste caso, a região de Aveiro, através do estudo empírico realizado.

Os conceitos de lazer, recreio e desporto, turismo desportivo, áreas costeiras e, ainda, desenvolvimento sustentável foram essenciais para o desenrolar do estudo. Todos estes conceitos estão em constante mudança e evolução e, além disso, são vários os autores que estudam estes temas, o que torna ainda mais complicado chegar a uma definição universal.

O facto de os conceitos de lazer, recreio e desporto estarem relacionados faz com que seja difícil perceber os seus limites, o mesmo acontecendo com o recreio e o desporto. No entanto, abordando o lazer na perspetiva do tempo que a pessoa tem após cumprir as suas obrigações familiares e de trabalho, e o recreio como as atividades desenvolvidas durante o lazer, inclui-se o desporto como uma das atividades possíveis de realizar durante o tempo de lazer, sendo então um tipo de atividade de recreio.

Devido ao facto de o tempo de lazer ser cada vez mais diminuto e as pessoas adotarem um estilo de vida cada vez mais sedentário, há a necessidade de se usufruir do recreio da melhor forma possível. Na tentativa de se combater o sedentarismo, potenciou-se a procura por atividades desportivas diferentes e mais dinâmicas. Nesse contexto surge o conceito de turismo desportivo, que alia o turismo à prática de atividade física e à participação, enquanto atleta ou espetador, nos eventos.

As áreas costeiras são áreas muito apetecíveis para o recreio, nomeadamente para a prática de algumas atividades desportivas. São, no entanto, espaços frágeis, em constante mudança, e cujas características divergem de destino para destino. Podem ser definidas como áreas que estão demarcadas pela zona marítima e terrestre, sendo

espaços onde existe uma grande dinâmica e constante fluxo de pessoas, e onde o turismo tem um papel importante.

Este setor beneficia muito do território e dos recursos nele existentes para oferecer diversas atividades, e as áreas costeiras são uma das zonas mais propícias para isso. Desta forma, e tendo em conta que são zonas frágeis, é necessário um planeamento por parte de todos os intervenientes no setor, para que se consiga arranjar formas de evitar os impactes negativos, melhorando e aumentando os benefícios, para que possam ser partilhados por todos os stakeholders.

O desenvolvimento sustentável é, sem dúvida, algo que todos os destinos ambicionam alcançar. Há, no entanto, que ter em atenção que depende de vários fatores e de um planeamento rigoroso e inclusivo, para não comprometer as gerações futuras. Para este planeamento é importante a presença de todos os intervenientes afetados, tais como empresários, a comunidade local, entidades públicas e, ainda, os visitantes. Este desenvolvimento promove o desenvolvimento de destinos com mais qualidade e, principalmente, mais reconhecidos, pois, hoje em dia, a questão da sustentabilidade é demasiado pertinente e a preocupação das pessoas por este tema é muito significativa.

O turismo pode ser um grande impulsionador do desenvolvimento sustentável, pois usufrui muito do território e dos recursos naturais para as suas atividades. Por este motivo, o turismo deve ter especial atenção na educação dos cidadãos para a sustentabilidade.

Para alcançar esta sustentabilidade, há que ter em consideração três grandes dimensões – ambiental, económica e sociocultural –, assim como mais duas dimensões menos analisadas – política/institucional e tecnológica. Cada uma tem vários indicadores que permitem a sua operacionalização.

O desenvolvimento sustentável é um fator-chave para todos os destinos. No entanto, as áreas costeiras são zonas sensíveis e muito procuradas, pelo que é necessário uma preocupação maior, com um planeamento eficaz, onde a sustentabilidade tem de ser o objetivo principal.

O turismo desportivo é um tipo de turismo que está em grande crescimento, ao nível da oferta, com novas empresas a ser criadas, como também em termos da procura, devido à crescente necessidade das pessoas em fugir ao stress do dia-a-dia, procurando cada vez mais atividades que as satisfaçam e lhes proporcionem bem-estar, tendo por isso este tipo de turismo um papel essencial no desenvolvimento dos destinos.

O papel da sustentabilidade no crescimento das empresas da região em estudo, deverá, sem dúvida, ser uma preocupação constante, pois o facto de as atividades serem essencialmente desenvolvidas nas áreas costeiras, áreas estas que requerem muita atenção devido à sua fragilidade, leva a que a responsabilidade que as empresas têm no próprio território e nos recursos tenha de ser ainda maior.

Existem alguns factos interessantes, analisados através das entrevistas realizadas a responsáveis por empresas de animação da região em análise, que mostram a constante preocupação por parte destas empresas relativamente à sustentabilidade. Apesar de serem utilizados diferentes recursos, os impactes criados são reduzidos:

─ existe uma preocupação em integrar a comunidade local, envolvendo-a nas atividades desenvolvidas, bem como preparam diferentes atividades dirigidas à mesma;

─ incentivam as pessoas que desenvolvem as atividades a ter em atenção a limpeza dos locais;

─ existe a preocupação em planear as atividades, com a intervenção de todas as pessoas indicadas; t

─ êm o cuidado de usar combustíveis e tintas biodegradáveis nos karts e paintball; ─ contribuem para a economia local, dando preferência a fornecedores locais,

sempre que possível;

─ procuram a partilha de ideias com as entidades oficiais, embora nem sempre estas estejam recetivas;

─ verifica-se a necessidade da criação de diferentes parcerias para o desenvolvimento das atividades com maior qualidade;

─ contribuem para a criação de postos de trabalho, embora por vezes temporários, para os residentes locais.

Desta forma, pode concluir-se que as empresas, hoje em dia, principalmente as mais recentes, têm um cuidado especial em abordar as diferentes dimensões da sustentabilidade, tentando sempre que possível pô-las em prática.

Na região de Aveiro existem muitos espaços a explorar, com diversas potencialidades, para a criação de novas e diferentes atividades. No entanto, muitas vezes, a falta de envolvimento das entidades oficiais, e as barreiras impostas por estas, são um impeditivo para tornar esta região num forte destino turístico, capaz de atrair visitantes com maior despesa e estada média.

Para combater e ultrapassar estes problemas, e ser possível alcançar o desenvolvimento sustentável nas áreas costeiras, as empresas enumeraram uma série de propostas, entre as quais: educar as pessoas para a questão da sustentabilidade; continuar a apostar em parcerias fortes, podendo assim unir todos os esforços; criar uma plataforma para reunir as informações existentes nesta área; promover a região; e fazer uma maior aposta em eventos de maior escala.

Conclui-se, então, que os agentes de oferta turística nesta área estão sensibilizados para a problemática da sustentabilidade, tendo sempre a preocupação de um desenvolvimento e um crescimento com base no ser sustentável, com o objetivo de promover atividades nas áreas costeiras, sem nunca as prejudicar, o que implica um maior cuidado com as diferentes atividades que oferecem.

O desenvolvimento sustentável passa também pela importância que as pessoas e a sociedade dão a este mesmo. A partilha de ideias, a troca de valores e os incentivos dados são pontos essenciais. Educar para a sustentabilidade não é de todo uma tarefa simples, no entanto, cabe a todos ajudar a construir uma sociedade sustentável, um destino capaz de gerar atividades e movimento de turistas, sem nunca prejudicar o futuro.