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6. Considerações Finais

6.1. Conclusões

Esta pesquisa teve como objetivo principal identificar um modelo de avaliação de desempenho da gestão pública municipal que permitisse a comparação com os demais Municípios brasileiros, independentemente do porte, condição sócio-econômica ou localização geográfica.

O levantamento bibliográfico permitiu que se conheça a história dos Municípios desde sua origem nos tempos do Império Romano até os dias atuais, bem como as características e as funções dos Municípios brasileiros. Identificou-se também nesta etapa do trabalho a carência de instrumentos que pudessem avaliar adequadamente o desempenho da gestão pública municipal. A importância secundária dada aos Municípios e a concentração de poder nas mãos dos Estados e da União fez com que os mesmos renegassem a eficiência e a eficácia administrativa a um segundo plano. Somente no decorrer do século XX, mais precisamente a partir da Constituição Federal de 1988, é que esta situação começou a mudar, pois os Municípios tiveram que assumir novas atribuições, além de serem elevados à condição de membro da federação, proporcionando maior autonomia decisória.

Nesta pesquisa conseguiu-se identificar a existência de indicadores que permitem avaliar o desempenho da gestão pública municipal, que são confiáveis por serem disponibilizadas por instituições interessadas na melhoria do serviço público em geral, tais como IBGE, INEP, Tesouro Nacional, Ministério da Saúde (Datasul), e também são disponibilizados gratuitamente, de forma sistêmica e com periodicidade conforme o período de uma gestão municipal.

Áreas importantes como saúde, educação e desenvolvimento econômico fizeram parte da construção do modelo, demonstrando que houve diversidade na escolha dos índices que representam áreas importantes da gestão municipal. Porém, nem todas as áreas de responsabilidades puderam ser avaliadas. Áreas como segurança pública, meio ambiente, cultura, assistência e inclusão social, participação democrática no destino dos recursos públicos etc. ficaram excluídos desta pesquisa por conta da falta de dados nos anos 2000 e 2004, período que compreende o último ano de gestão municipal do período de 1997 a 2000 e o último ano da gestão do período de 2001 a 2004. Desta forma avaliou- se uma gestão completa.

A razão apurada pela divisão do dado de 2004 pelo de 2000 para cada município permitiu identificar a evolução da gestão municipal em cada um dos dez itens em que se segmentaram as áreas avaliadas. Com o escalonamento destas razões individuais formou- se o índice daquele item, que representou o desempenho comparativo de cada gestão.

A transformação posterior de cada um dos dez índices encontrados numa escala de 0 a 100 unificou-os na mesma grandeza em se apresenta o índice final, ou seja, unificou-se a linguagem. Esta tranformação foi denominada padronização, na qual adotou-se o processo matemático da interpolação. Processo semelhante é usado pelo Programa da Nações Unidas para o Desenvolvimento-PNUD para gerar o Índice de Desenvolvimento Humano-IDH.

A apresentação das tabelas com os dez melhores municípios e os dez piores classificados foi suficiente para demonstrar a consistência de cada índice gerado, sem a necessidade de mostrar a tabela completa com todos os 5.565 Municípios. Na apresentação da tabela com o resultado final ampliou-se para 20 Municípios em cada um dos extremos da escala, o que favoreceu uma melhor visão do resultado final encontrado. Nestas mesmas

tabelas constaram a média e a mediana, medidas de tendência central, que contribuíram para atestar a inexistência de valores extremos que pudessem afetar a distribuição normal dos dados.

O gráfico de cada índice favoreceu a visualização da distribuição dos dados apurados, bem como a tendência do comportamento de cada índice.

O uso de taxas de contribuição diferenciadas por área na composição do índice final permitiu realçar a importância relativa de cada área na gestão municipal.

A apresentação da matriz de correlação dos índices que compuseram o índice final assegurou que todos contribuíram positivamente e que não houve sobreposição de índices.

Verificou-se nesta busca por indicadores que a falta de dados de muitos Municípios, que deixaram de informar ou que a equipe responsável pela constituição do banco de dados deixou de coletar, reduziu o número de Municípios avaliados dos 5.565 existentes em 2004 para 2.616. A falta de qualquer um dos indicadores eliminou o Município da composição do indicador final. O Município de São Caetano do Sul–SP, o melhor classificado no ano 2000 na composição do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, é um exemplo, pois foi excluído por falta da taxa de abandono de alunos no ensino fundamental. Mesmo assim, esta base de 2.616 Municípios foi considerada suficiente para testar a hipótese de pesquisa.

O modelo final construído demonstrou ser equilibrado e não tendencioso, avaliando o Município independentemente do seu porte, condição sócio-econômica ou localização geográfica. Como exemplo, cita-se o Município nordestino de Canindé de São Francisco– SE, com população de 16.502 habitantes e renda per capita de R$ R$ 2.639,52 – ano base 2000, que obteve a 1ª colocação no índice final e o Município de São Paulo–SP, localizado no sudeste, com população de 10.009.231 habitantes e renda per capita de R$ 12.731,96 –

ano base 2000, que obteve a 11ª colocação. As capitais brasileiras ficaram distribuídas aleatoriamente no índice final, o que pode ser notado ao consultar o Apêndice desta pesquisa. O Município de Belém–PA, que ocupou a 2.321ª posição, obteve a pior colocação entre as capitais. O Município de Santos–SP, 5º melhor colocado entre os Municípios brasileiros na composição do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M), obteve apenas a 2002ª classificação no índice final.

Por fim, concluí-se que o modelo desenvolvido contribui positivamente para avaliar a gestão dos recursos municipais. Sua apuração periódica auxiliaria tanto a população usuária dos serviços municipais quanto os gestores, que poderiam notar o resultado dos seus esforços, pois se referenciariam num instrumento de avaliação fundamentado em dados consistentes e não tendenciosos.

Para Benedicto Silva (1995), à medida que ampliarem a sua capacidade de ação, os Municípios voltarão às vistas para certas atividades econômicas subsidiárias, como sejam, as feiras de amostras e exposições; a atração de turistas para favorecer o comércio local e a indústria de hotéis; a criação de bairros industriais; a construção de estações terminais de linhas férreas e de ônibus; a construção de aeroportos; a abertura de variantes de estradas de rodagem para facilitar o escoamento da produção; a dragagem de portos e a abertura de canais; a construção de grandes pontes e mil outras iniciativas que contribuem para transformar uma cidade em grande centro industrial e comercial. Para que tantas atribuições sejam assumidas pelos Municípios, há necessidade de se desenvolver melhores instrumentos de gestão pública, bem como novas formas de avaliar o desempenho desta gestão, necessidade esta que esta pesquisa pretendeu contribuir.