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Com base nos resultados observou-se que nenhuma das duas substâncias, Benzeno e Chumbo, ultrapassaram os riscos alvos carcinogênico e não carcinogênico em nenhum dos cenários hipotéticos elaborados. Para o Benzeno o Cenário A apresentou o maior valor de risco carcinogênico, e foi considerado o cenário mais crítico, enquanto que o Cenário D apresentou o menor valor de risco carcinogênico, caracterizando o cenário menos crítico. Os resultados obtidos se justificam em função das vias de exposição consideradas e dos parâmetros de exposição e toxicológicos estabelecidos no modelo Planilhas CETESB.

Com base nos resultados obtidos, conclui-se que a utilização de medidas de controle que inviabilizem as vias de exposição de inalação poderiam ser consideradas as mais eficazes na redução do risco de exposição do trabalhador de áreas contaminadas. Para este tipo de cenário a utilização de medidas de controle, tanto organizacionais quanto físicas seriam possíveis. Dentre as medidas organizacionais, podemos destacar a mudanças nos layouts da organização do trabalho, a elaboração de sistemas de informações de registro de acidentes de trabalho, o treinamento e qualificação adequados e a existência de informações e procedimentos operacionais para operações de rotina ou de emergência. Tais ações capacitariam e fortaleceriam os trabalhadores a lidarem com as situações de risco.

Dentre as medidas físicas, cabe destacar a manutenção preventiva de máquinas e equipamentos. Essa pratica é essencial para garantir a confiabilidade do sistema e melhorar as condições de funcionamento e segurança. Além disso, as ações sobre a fonte de risco, a utilização de EPIs próprios para inibição das vias de inalação tal quais mascaras de proteção; e monitoramento periódico da exposição aos riscos sobre o ambiente ou sobre os próprios trabalhadores, quando estes estão sob riscos químicos específicos nos locais de trabalho devem ser considerados e implementados.

Para os resultados dos riscos quantificados neste trabalho, deve ser levado em consideração que a quantificação dos riscos a um determinado receptor exposto a diversos contaminantes não considera possíveis sinergismos ou antagonismos entre os compostos, assumindo que o metabolismo e o mecanismo de ação dos compostos sejam semelhantes.

Outros elementos de incerteza também devem ser considerados para avaliação dos resultados obtidos. Os modelos matemáticos usados normalmente nos cálculos toxicológicos são simplificações da realidade; sendo assim, eles têm como premissa os impactos dos produtos químicos sobre o “homem médio”, um protótipo dos seres humanos com uma condição física predefinida. Entretanto, sabe-se que as pessoas têm diferentes suscetibilidades

aos produtos químicos dependendo de diversos fatores, tais como peso, sexo, etnia, condição alimentar, etc. Dessa forma, a mesma concentração de um produto pode não fazer mal a um homem de 80 kg, bem alimentado, que dorme 8 horas por dia em media, e causar danos em um homem de 55 kg, malnutrido, fumante, que dorme apenas 6 horas por dia.

Essa complexidade de fatores gera uma serie de incertezas quanto à segurança química. Estas estão relacionadas tanto às imprecisões quantitativas, quanto à validade dos pressupostos adotados nas experiências. Esse cenário de incertezas, porem, não significa que não devemos considerar os métodos toxicológicos, mas sim reconhecer que eles são limitados, e buscar estratégias para superar essas limitações, tais quais a realização de mais pesquisas científicas sobre a temática, permanece como uma perspectiva para o aperfeiçoamento das metodologias existentes e a criação de novos enfoques para este problema relevante da área da saúde e segurança do trabalho.

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