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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

5.1 CONCLUSÕES

São necessários ensaios para medir os parâmetros dos pavimentos asfálticos, como a rigidez, resistência à tração, resistência à deformação permanente e coesão/adesão. Outro fator que o estudo buscou responder foi quanto a substituir o tipo de agregado e o ligante asfáltico e se adicionar ou não a cal afetaria os parâmetros das misturas asfálticas. A pesquisa buscou, por meio de 8 misturas asfálticas, verificar quanto o efeito deletério da água afetou estes parâmetros.

Para o parâmetro de rigidez, foram realizados dois tipos de ensaios: Módulo de resiliência e o módulo complexo.

No ensaio de módulo de resiliência, através da metodologia de regressão linear, foi possível verificar que a variável agregado não possuía um valor significativo para este ensaio. Pode-se perceber que adicionar cal nas misturas asfálticas melhoraram em média 1,23 vezes os resultados de MR. Para a maioria das misturas, a substituição do ligante CAP 50/70 pelo AMP 60/85 diminuíram os valores de MR. Logo, concluiu-se que utilizar uma mistura composta por cal melhora os resultados de rigidez no comportamento elástico.

No ensaio de módulo complexo a adição de cal e o tipo do ligante foram os fatores que mais alteraram a rigidez das misturas asfálticas.

No espaço Cole Cole, percebe-se que as amostras compostas pelo CAP 50/70 apresentaram maiores valores de módulo de perda, com isso um maior comportamento viscoso, e maiores valores de módulo de armazenamento, quando comparados as misturas asfálticas com o AMP 60/85. Este fato também ocorre com as misturas composta por cal, onde as mesmas apresentam valores superiores de E1 e E2 quando confrontadas as amostras sem cal. Já quando verificamos se o tipo de agregado altera os valores de E1 e E2, o resultado foi inconclusivo, pois não existe uma tendência nos resultados.

Nos resultados das curvas mestras, nas altas frequências, o CAP 50/70 e a adição de cal apresentaram um aumento nos valores de módulo dinâmico, quando comparados as misturas com AMP 60/85 e sem cal, respectivamente. Para as baixas temperaturas, quando se compara as misturas, pode-se verificar que as amostras com o CAP 50/70 e sem a adição apresentam valores de rigidez superiores as mesmas misturas com AMP 60/85. Em contrapartida, as misturas compostas pelo AMP 60/85 e cal apresentam valores de rigidez superiores as misturas com CAP 50/70 e cal. Já quando comparamos as misturas com o mesmo ligante, mas com e sem adição de cal, pode-se verificar que as amostras compostas pelo CAP 50/70 e cal demonstraram valores de módulo menores que a amostras constituídas apenas de CAP 50/70. Em compensação, as misturas constituídas por AMP 60/85 e cal demonstraram ser mais rígidas que as amostras compostas apenas pelo AMP 60/85 para as baixas frequências.

Nas curvas mestras de ângulo de fase quando se analisa as baixas frequências, em média as misturas compostas pelo ligante 50/70 e amostras sem cal apresentam comportamento mais viscoso que as misturas com AMP 60/85 e com cal. Este comportamento vai se alterando com o aumento da frequência. Já para altas frequências, as amostras constituídas do AMP 60/85 e sem adição de cal apresentam os maiores de ângulo de fase.

Quanto as propriedades de resistência, pode-se verificar que para o ensaio de RT, todas as misturas obtiveram resultados superiores aos propostos pelas normas DNIT-ES 031/2006 e DNER-ES 385/99. As misturas compostas pelo AMP 60/85 apresentaram valores de RT superiores as misturas com o CAP 50/70. Este fato se repete quando é comparado as misturas constituídas de cal com as sem o aditivo, as amostras com cal apresentam resistência à tração superior as misturas sem cal. Outro fato que contribui para o aumento da RT foi o tipo de agregado, onde as amostras de origem granítica possuem valores de RT maiores que as misturas de origem basáltica. Com relação aos resultados de FN, as misturas compostas pelo AMP 60/85 apresentaram os maiores valores de FN, quando comparada às misturas de CAP 50/70. Esta substituição do tipo de ligante foi tão importante que resultou no aumento dos valores de FN em 5,12 vezes. Quando é adicionado cal nas misturas asfálticas os valores de FN aumentam, com isso ocorre uma maior resistência à deformação permanente. Em média, as misturas compostas pelo agregado basáltico

apresentaram melhores valores de FN, quando comparados as amostras de agregado granítico.

Conforme os resultados obtidos com os ensaios de adesão e coesão, é possível observar, por meio do ensaio Lottman Modificado, que todas as misturas obtiveram valores de RRT superiores a 80%. Por meio dos dados, é possível perceber que as misturas que utilizaram AMP 60/85 obtiveram maiores resistências a umidade que as misturas com CAP 50/70. Apenas uma mistura apresentou valor de RRT superior a 100%, este fato pode ser explicado pela variabilidade do ensaio.

Outro ensaio que sofreu ciclos de condicionamento foi o ensaio de módulo complexo.

Em análise ao espaço Cole cole, pode-se verificar que as misturas do grupo 2 apresentam uma maior dissipação de energia interna quando comparadas as misturas do grupo 1, demonstrando um maior comportamento viscoso. Além disso, as misturas do grupo 2 mostraram um maior módulo de armazenamento que as misturas que não sofreram ciclos de condicionamento, com isso um maior comportamento elástico.

Com base nos dados adquiridos das curvas mestras, observou-se que nas altas frequências as misturas que sofreram ciclos de condicionamento obtiveram maiores valores de módulo dinâmico que as mesmas misturas do grupo 1. Como as altas frequências estão associadas as baixas temperaturas, pode-se sugerir que este aumento da rigidez está ligado a umidade presente nos interiores das amostras, após os ciclos de condicionamento. Este fato também ocorre nas baixas frequências, a maioria das misturas do grupo 2 mostraram valores de rigidez superiores do que os apresentados pelas amostras que não sofreram condicionamento.

Quando se verifica a curva mestra em relação ao ângulo de fase, nas altas frequências, as amostras após sofrerem os ciclos de condicionamento apresentaram maiores valores de ângulo de fase, com isso manifestaram uma maior parcela viscosa nas altas frequências. Nas baixas frequências é difícil determinar qual grupo apresentou a maior parcela viscosa ou elástica, pois durante o aumento das frequências o comportamento varia entre os resultados.

Em relação ao FNR, 50% das misturas sofreram uma diminuição dos valores de FN, por razão da ação da água. Em relação aos valores de FN, as misturas do grupo 2 apresentaram os mesmos comportamentos em relação ao tipo de ligante e adição do fíler que o grupo 1. As misturas compostas pelo AMP 60/85, em sua maioria, sofreram uma diminuição dos valores de FN após os ciclos de condicionamento. Não

é possível afirmar se a utilização do ensaio de FN é a melhor maneira de verificar o efeito deletério da água frente à deformação permanente.

Esta pesquisa avaliou, por meio de ensaios mecânicos, o efeito deletério da água em misturas asfálticas e, também, verificou o efeito da umidade frente a rigidez, resistência à tração e à deformação permanente. Ficou evidente que são necessárias mais pesquisas voltadas a análise do dano da umidade em pavimentos asfálticos no Brasil.

Logo, caracterizar o dano da umidade para o comportamento viscoelástico e deformação permanente é de suma importância para a conservação dos revestimentos asfálticos no país.

Percebeu-se que utilizar o ligante modificado e adicionar cal nas misturas asfálticas proporciona diversos benefícios para os pavimentos asfálticos. Sabendo que o preço da cal é muito pequeno em relação aos demais insumos da mistura asfáltica, inserir este aditivo proporciona, além de ótimas vantagens mecânicas e baixo custo financeiro.