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5. Considerações finais

5.1. Conclusões

As discussões e análises apresentadas nesta pesquisa conduzem às conclusões apresentadas a seguir.

O projeto, a implantação, o edifício

 Um primeiro aspecto que chamou a atenção é que a estrutura administrativa e o caráter público ou privado das escolas de música produziram diferentes interferências no processo de projeto e execução de obras nas escolas de música estudadas, com impacto direto no desempenho acústico desses espaços.

 O processo de adaptação das edificações para a implantação das escolas de música, assim como as decisões que conduziram à escolha do local, foi conduzido prioritariamente por razões que desconsideraram as peculiaridades acústicas da atividade.

 As diferenças na interferência do ruído externo à escola entre a Unidade C (onde há atividades ruidosas nas adjacências) e as Unidades A (isolada da malha urbana) e B (com prédios que se voltam para dentro do próprio terreno da escola) nas atividades musicais reforçam o quanto a escolha da localização da edificação influi diretamente no ruído a que estará submetida e, como consequência, na atividade desenvolvida.

 Os resultados da avaliação de comportamento e opinião dos usuários permitiram destacar que a opção pela implantação das escolas de música em edifícios históricos melhoram as relações de uso e de permanência dos indivíduos nos espaços, devido às sensações causadas pela estética e valor cultural desses edifícios.

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Ainda, quanto a este tópico, destaca-se especialmente que:

 Pôde-se constatar que o volume dos ambientes nas edificações de valor histórico apresentou-se adequado à prática musical de distintos instrumentos, adequação esta que se condiciona à tomada de decisões apropriadas por parte da administração das escolas quanto ao número de alunos por turma, conforme o instrumento praticado.

 Os resultados de desempenho acústico obtidos no Elemento A3 (única sala com intervenções de caráter acústico) permitiram verificar que há viabilidade de execução de processos de adaptação da edificação às peculiaridades acústicas da atividade-fim, sem que seja descaracterizado o edifício de valor histórico ou que sejam causados danos permanentes ao patrimônio.

O som residual e o ruído

 Comprovou-se, pelas medições acústicas, que a prática de instrumentos de sopro e de percussão é a que produz maior intensidade sonora, sendo também a que necessita de ambientes com melhor desempenho no isolamento sonoro e dissipação da energia para garantir a saúde auditiva dos usuários.

 Salas que não foram alvo de intervenções (adequação por meio de reforma), para garantir desempenho acústico no isolamento dos ambientes, mostraram-se inadequadas tanto quanto aos ruídos de fontes nas adjacências das salas, quanto à manutenção do som produzido pela prática dentro da própria sala.

 Confirmou-se que sons que podem ser discernidos pelos usuários, como a prática musical e a nítida audição de conversa nas adjacências, são mais incômodos que sons contínuos e constantes, como os ruídos rosa.

Também, quanto a este tópico, destaca-se especialmente que:

 Foi possível constatar a ineficácia da constituição das paredes internas das salas no isolamento sonoro para os níveis de pressão típicos da atividade musical, o que reforça a necessidade de priorizar o tratamento desse componente construtivo no projeto de adaptação de edifícios à prática musical.

O ambiente sonoro

 A predominância da presença de sons agudos sobre a de graves caracterizou os ambientes que não passaram por adaptações de cunho acústico para a prática musical.

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 A comparação do campo sonoro existente nos ambientes estudados reforçou que a presença de componentes construtivos de composição do ambiente sonoro, como irregularidades nas superfícies, difusores e defletores, assim como o não paralelismo das superfícies, melhora a uniformidade do campo sonoro.

 O caso da abertura sem vedação para fins de ventilação no Elemento B1 reforça a necessidade de integração entre decisões arquitetônicas para atendimento do usuário em todas as suas necessidades. A abertura que busca promover conforto térmico é responsável pela facilidade de transposição de ruídos oriundos do exterior da sala.

Também, quanto a este tópico, destaca-se especialmente que:

 A utilização de elementos e componentes que possam conferir flexibilidade as características acústicas dos ambientes são soluções para salas com práticas musicais distintas, já que se evidenciou a particular necessidade de ambientes de acordo o instrumento musical executado. Tal fato explicita uma demanda projetual que indica importante tendência no cenário da arquitetura atual, uma vez que a acústica vem a somar outras tendências de flexibilidade.

 Observou-se que os componentes construtivos essenciais para provimento do envolvimento e da intimidade sonora foram as paredes e o teto.

 Há necessidade de correção das superfícies de todos os elementos analisados para a adequação do Tempo de Reverberação à atividade desenvolvida. Destaca-se, nesse caso, que o Elemento A3 não requer tratamento caso a cortina seja mantida recolhida durante a prática musical.

O usuário

 A formação dos músicos quanto à consciência do espaço na performance musical mostrou-se falha, fato que se pode constatar pela ausência de respostas dadas na aplicação do questionário, em questões com conteúdo próprios da acústica ambiental. A existência de pelo menos um ambiente que seja acusticamente adequado à prática musical nas escolas pode permitir o desenvolvimento dos alunos quanto à percepção do ambiente sonoro, devido à possibilidade de comparação entre ele e os ambientes que não atendem aos requisitos acústicos necessários.

 As respostas dadas nas questões abertas do questionário aplicado mostraram que o aspecto psicológico interfere na percepção do ambiente sonoro. Ambientes com

105 aplicação de materiais que possuem „boa reputação‟ acústica causam sensação de adequação do ambiente, assim como a colocação de elementos para distribuição de ondas, mesmo que tecnicamente os ambientes estejam inadequados para a prática musical.

5.2. Recomendações para adequações nas escolas estudadas

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