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Conclusões e desenvolvimentos futuros

No documento Fundações por Estacas Dúcteis Cravadas (páginas 123-126)

Neste trabalho abordou-se como tema principal o processo de execução de fundações especiais pela metodologia conhecida como estaca dúctil cravada (EDC). Este processo consiste na cravação de um tubo com cerca de 6m, betonado e injetado ou preenchido com betão no interior, até ao comprimento definido ou até atingir o critério de nega, nas estacas por atrito e nas estacas por ponta.

Esta metodologia, pode ser aplicada em alguns tipos de fundações, como edifícios, silos, viadutos. A geologia do local e o plano de cargas dos elementos estruturais são a base para definir se a metodologia pode ou não ser aplicada. Por exemplo, as EDC são aplicadas apenas a solos com NSPT até 30 pancadas.

Na Europa, a Alemanha e Áustria são dos países onde mais aplicam as EDC. Em termos de regulamentação para a execução destas estacas, esta é baseada, para além do Eurocódigo 7, nas normas de construção Alemãs. Em Portugal, esta metodologia foi aplicada em algumas obras, por exemplo na Igreja dos Navegantes, em Lisboa, que deu origem ao um trabalho académico em que abordou o tema das EDC e interpretação de um ensaio de carga pelo PLAXIS 2D e previsão do comportamento em diferentes camadas geológicas. Ainda em relação ao tema das estacas dúcteis cravadas, existem alguns artigos, disponibilizados em alguns sítios da Internet, falando, sobre a metodologia e alguns casos de estudo de ensaios de carga realizados em obra para avaliação da capacidade de carga.

Neste tema de ensaios de carga, com base na leitura realizada para a execução desta dissertação, verificou-se que existe alguma informação sobre a importância dos ensaios de carga à compressão e à tração estáticos, especialmente para a metodologia de estacas moldadas (uma vez que esta é a mais usual nos projetos de fundações especais).

Quanto aos métodos de interpretação dos ensaios de carga e cálculo da carga de rotura existem várias metodologias, como por exemplo, os métodos de interpretação teórica da curva carga Q (kN)-deslocamento s (mm), como os métodos por ajuste de uma função, por exemplo, Van der Veen (1963) ou Chin (1970) ou os métodos do ponto de inflexão, como os métodos de de Beer e Houssel. Estes métodos foram utilizados para a interpretação da curva carga Q (kN) – deslocamento s (mm) nos 4 ensaios de carga realizados.

Em relação aos ensaios de carga realizados nos 4 casos de obra apresentados, com base nos resultados obtidos e de acordo com as recomendações da Sociedade Alemã de Geotecnia, pode verificar-se que os assentamentos tiveram valores abaixo dos admissíveis, correspondente a 10% do diâmetro das estacas, 12mm no caso das estacas de ponta, nos dos ensaios de Luanda e 20mm para

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as estacas de atrito, nos dois ensaios do Kuito. Pode verificar-se que nos ensaios de carga, na mudança de patamar de carga, o valor de fluência foi inferior a 0,25mm de acordo com a Norma, exceto no último patamar de carga do ensaio de 750kN, o ensaio da Corimba, porque houve um problema entre a ligação da cabeça do maciço e a estaca e o ensaio foi dado como concluído. Quanto à curva de carga/deslocamento, no ensaio de 250kN pode verificar-se o comportamento típico de uma estaca de atrito, desde os primeiros níveis de carga ate ao final. No ensaio de 400kN pode ver a curva carga/deslocamento e a mobilização inicial por atrito e depois por ponta. Portanto, que o resultado das provas de carga mostra que a fundação se comporta adequadamente admitindo o deslocamento admissível está dentro da ordem de grandeza da capacidade de carga utilizada nos projetos.

7.2 Desenvolvimentos futuros

Cada vez mais, em trabalhos académicos e nos projetos de execução para fundações especiais fala-se nos ensais de carga, em especial, os de compressão axial. Isto deve-se à importância que os resultados dos ensaios têm para a otimização de custos no projeto e na obra.

Relativamente aos ensaios em estacas dúcteis, poderá desenvolver-se estudo de ensaios à tração, uma vez que não foram abordados, de igual modo, ensaios de compressão dinâmicos. Verificando-se a relação entre os ensaios à compressão estáticos e dinâmicos, poderá utilizar-se os ensaios dinâmicos por serem mais rápidos e com menor custo para o dono de obra. Cada tipo de ensaio, estático ou dinâmico tem as suas vantagens e desvantagens, por exemplo, o ensaio estático é mais caro e mais moroso, no entanto, é o mais comum. Os dados entre o ensaio dinâmico e o ensaio estático podem ser correlacionados. Assim sendo, podem utilizar-se os ensaios dinâmicos para a obtenção de resultados e correlacioná-los para a otimização dos projetos de fundações especiais.

Quanto à interpretação dos ensaios, poderá utilizar-se programas desenvolvidos para o estudo do comportamento de fundações especiais, como o Plaxis 2D ou 3D, o PDA ou CAPWAY (ensaios dinâmicos). E também, pode realizar-se a interpretação através dos ensaios SPT.

Nas recomendações da Sociedade Alemã de Geotecnia é abordado o tema da interpretação do movimento da estaca por atrito e por ponta, no entanto, nos ensaios realizados não foram feitas as leituras de para que se pudesse fazer essa interpretação com valores, apenas pode ser realizado por extrapolação, assim, em futuros ensaios, poderá colocar-se leitores para a verificação do movimento na ponta e cabeça da estaca para a análise dos movimentos da estaca ponta e atrito.

Uma vez que a segurança em obra está em primeiro lugar, relativamente ao equipamento, poderá optar-se por utilizar equipamentos digitais (automatização) em vez de analógicos, por

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exemplo no caso dos defletómetros. Desta forma, os dados são introduzidos diretamente no aparelho de leitura ou computador, evitando-se a leitura dos mesmos debaixo da estrutura de ensaio.

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