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MFR-12BMFR-12B

6 – CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nos dados de campo, petrográficos e geoquímicos apresentados e discutidos neste trabalho, têm-se as seguintes conclusões:

(1) Na região de Bannach, o Granodiorito Rio Maria (GDrm) é intrusivo nas seqüências supracrustais do Supergrupo Andorinhas; seu posicionamento estratigráfico em relação aos tonalitos-trondhjemitos do tipo Mogno não foi definido, admitindo–se que tenham idades similares; é intrudido por leucogranitos correlacionados ao Granito Xinguara e pelos granitos paleoproterozóicos Musa e Bannach. As rochas máficas associadas ao GDrm (RMI) concentram- se em duas ocorrências: um corpo principal, localizado próximo à cidade de Bannach, formado por quartzo-dioritos e quartzo-monzodioritos, e uma ocorrência menor situada na porção central da área onde foram identificadas rochas acamadadas;

(2) As composições modais das rochas do GDrm e RMI alinham-se segundo o trend da série cálcico-alcalina granodiorítica de Lameyre & Bowden (1982) com modificações de Bowden et al. (1984). O Granodiorito Rio Maria possui, além de composições granodioríticas que são amplamente dominantes nesta unidade, composições monzograníticas bastante subordinadas. As rochas máficas e intermediárias associadas ao GDrm são compostas por quartzo-dioritos (QzD), quartzo-monzodioritos (QzMzD) e rochas acamadadas. Os enclaves máficos que ocorrem no GDrm são essencialmente dioritos e, subordinadamente, monzodioritos;

(3) Os tipos texturais de epidoto denominados Ep1 e Ep2, identificados como fases

acessórias no GDrm e RMI, mostram características texturais de epidoto magmático. Essa hipótese será melhor avaliada através da determinação futura de seus teores de pistacita. A presença constante de anfibólio como máfico dominante e a preservação de epidoto magmático nestas rochas, aliadas às características petrográficas, sugerem condições bastante hidratadas para o magma formador do GDrm e RMI;

(4) As amostras do Granodiorito Rio Maria e rochas máficas associadas apresentam caráter metaluminoso. Plotam no campo dos granodioritos no diagrama Ab-An-Or mostrando um comportamento diferente dos granitóides TTG típicos, o que se confirma no diagrama K-Na-Ca, onde o GDrm foge do trend trondhjemítico mostrando um enriquecimento em K em relação aos

granitóides TTG e alinhamento segundo o trend das séries cálcico-alcalinas. Apesar disso o

aquelas, assemelhando-se geoquimicamente aos granodioritos arqueanos ricos em Mg das Suítes Sanukitóides da Província Superior do Canadá. Conclui-se que o Granodiorito Rio Maria é formado por rochas da série sanukitóide e não corresponde, portanto, a uma verdadeira série cálcico-alcalina;

(5) O GDrm e RMI apresentam grandes afinidades petrográficas e, em certa medida, geoquímicas e são interpretados como rochas cogenéticas mas não comagmáticas. Diagramas de Harker para elementos maiores, menores e traço mostram uma clara separação entre amostras do granodiorito e dos QzD e QzMzD. Apesar desta separação nestes diagramas, estes dois conjuntos de rochas apresentam muitas similaridades petrográficas e geoquímicas que reforçam a hipótese de cogeneticidade entre eles porém com derivação a partir de dois líquidos distintos, mas similares, oriundos de fontes análogas mas não idênticas (contraste de #Mg), com prováveis diferentes graus de fusão. Com base nos dados disponíveis admite-se que os dois líquidos evoluíram independentemente por cristalização fracionada. Os conteúdos e padrões de elementos terras raras das rochas estudadas são bastante similares, com enriquecimento acentuado em elementos terras raras leves (ETRL) em relação aos elementos terras raras pesados (ETRP), indicando forte a moderado fracionamento dos ETRP. Há, entretanto, diferenças importantes nos

valores da razão (La/Yb)n, mais baixos nos QzD e QzMzD do que no GDrm, e enriquecimento

relativo em ETRP nas rochas acamadadas provavelmente em resposta ao acúmulo de anfibólio nas mesmas;

(6) Partindo-se do pressuposto que estas rochas sejam cogenéticas, os dados geoquímicos favorecem a hipótese que estes dois grupos de rochas teriam fontes similares, porém com um grau de fusão maior para a formação dos QzD e QzMzD, sendo ambas cogenéticas mas não comagmáticas. Deste modo, os dois grupos de rochas formariam-se a partir de fontes análogas, com diferentes graus de fusão e diferenciariam-se por cristalização fracionada. Uma possível hipótese de evolução dos QzD e QzMzD para o granodiorito através de processo de cristalização fracionada também é descartada pelo grande volume de rochas granodioríticas, contrapondo-se à escassez de ocorrências de QzD e QzMzD associados ao GDrm em suas ocorrências, o que seria pouco provável no caso de evolução por cristalização fracionada;

(7) As rochas do Granodiorito Rio Maria que afloram na região de Bannach são similares, em termos petrográficos e geoquímicos, àquelas das demais ocorrências do GDrm no Terreno

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Granito-Greenstone de Rio Maria (TGGRM), de tal modo que estas foram agrupadas e comparadas às Suítes Sanukitóides da Província Superior do Canadá (Stern et al. 1989, Stern & Hanson 1991) e do Cráton Dharwar da Índia (Jayananda et al. 1995, Moyen et al. 2003).

(8) Constatou-se também que o GDrm apresenta grande similaridades geoquímicas com os granodioritos arqueanos ricos em Mg das Suítes Sanukitóides, evidenciadas pelos seus altos valores de #Mg (>0,4), Cr (>40ppm), Ni (>25ppm), Ba e Sr (>550ppm), e padrões de ETR com acentuado enriquecimento em ETRL em relação aos ETRP, com forte a moderado fracionamento de ETRP e anomalia de Eu fraca a ausente;

(9) Os enclaves máficos, que são característica marcante das rochas do GDrm em todas as ocorrências no TGGRM, diferem geoquimicamente do GDrm e dos QzD e QzMzD, havendo algumas hipóteses para a formação destes, aventadas por outros autores (Medeiros 1987, Souza 1994). Um processo capaz de explicar a presença constante desses enclaves em todas as ocorrências do GDrm, seria o de magma mingling (Didier & Barbarin 1991), com a presença de um outro magma mais máfico que o gerador do GDrm. Porém, apesar dos diversos trabalhos efetuados nas rochas do GDrm, não se dispõe ainda de dados suficientes para esclarecer a questão da gênese dos enclaves. Dados de Geoquímica Isotópica, bem como estudos de Petrologia Experimental, seriam de grande utilidade em trabalhos futuros;

(10) As rochas acamadadas estão geneticamente ligadas à associação sanukitóide do GDrm, entretanto possuem uma evolução magmática particular envolvendo processos de acúmulo de cristais, com destaque para o anfibólio. Isso demonstra a cristalização precoce desse

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