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PARTE II – REFERENCIAL EMPÍRICO

CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Sistema de Saúde no Brasil tem avançado em seu processo de implementação e para que possa ser apreendido em sua totalidade, deve ser analisado à partir de uma inserção em um contexto histórico que se mostra determinante no cenário de transformações que vêm sendo impressas no percurso de sua constituição. Seus principais desafios são a democratização e a humanização do Sistema, para o que, torna-se fundamental o investimento na articulação docente-assistencial e na Educação Permanente dos profissionais que nele atuam.

O PSF foi instituído no Brasil com o propósito de promover a mudança do modelo assistencial vigente, a partir da AB. Essa mudança tem um caráter substitutivo e é exatamente esse caráter que torna determinante, tanto a correta implantação e implementação do PSF nos municípios, como a estruturação de equipes mínimas que tenham em seus quadros, profissionais médicos, enfermeiros e odontólogos que possuam uns perfis diferenciados, cujas habilidades estejam em consonância com aquelas exigidas pelo PSF.

O programa visa ampliar a resposta aos problemas de saúde da população através da reorientação a organização dos serviços de saúde, a partir tendo a família como o elemento essencial. Busca também melhorar a qualidade de vida dos brasileiros priorizando ações de prevenção, promoção e recuperação da saúde das pessoas, de forma integral e contínua, a partir de um conceito de territorialização, com participação popular garantida a partir dos Conselhos locais, estaduais e nacional de saúde.

AS normatizações são definidas pelo Ministério da Saúde e orientam a implantação de equipes em todo o território nacional. Tais orientações têm sido fartamente divulgadas em manuais, cartilhas e outras publicações, acessíveis aos gestores das três esferas de governo, coordenações municipais e equipes. No entanto, o funcionamento do programa, não apresenta aspectos de homogeneidade, dada à grande diferenciação dos serviços de saúde existentes em um país continental, crivado por diversidades regionais bastante singulares. As especificações do MS para a definição do perfil dos profissionais das equipes, bem como para a sua atuação, são explicitadas de forma bastante

clara, através das suas atribuições e competências. Em relação à ARMG, é possível concluir que esse perfil não corresponde às orientações federais.

As questões relacionadas à RH em saúde têm sido alvo de grandes debates no setor pois sua estruturação é determinante para a qualidade dos serviços oferecidos à população, constituindo-se no maior desafio do setor. Possuindo um perfil adequado às exigências do SUS, o RH pode ser um fator de avanço na estruturação do sistema, não sendo menos verdade afirmar-se que a sua inadequação pode gerar empecilhos intransponíveis para a sua efetivação. O desenvolvimento de RH no Brasil tornou-se especialmente desafiador a partir do aperfeiçoamento do sistema de saúde brasileiro e suas vertentes mais importantes são a formação e a capacitação em serviço. O setor avança em quantidade e complexidade mas os investimentos na preparação de RH não tem sido compatíveis com as necessidades da prática.

Com relação aos desafios da educação na saúde, pode-se também concluir que tanto na formação, quanto na EP em serviço, os esforços não têm sido suficientes para reverter a inadequação do perfil profissional ainda existente. Os pontos relevantes a serem trabalhados dizem respeito às mudanças curriculares nos cursos de graduação; estímulos à oferta sistemática de cursos de especialização, residência multiprofiissonal, internatos, projetos de tutoria e a implementação de projetos de pesquisa voltados para realidade do sistema.

Diante dos desafios propostos pela RS e pelo SUS e considerando as normas e diretrizes do PSF e os desafios de reversão do modelo assistencial brasileiro a partir da AB, é possível concluir que o perfil dos profissionais da ARMG, não se encontra em perfeita consonância com as normas preconizadas pelo MS para o PSF. É possível ressaltar que na Enfermagem e na Odontologia, a pesquisa demonstrou que muitos profissionais têm investido na formação, com ênfase nas especializações e em pós-graduação, stricto sensu, no caso específico da odontologia. Também foi observado um interesse dos profissionais das três profissões na atualização de conhecimentos específicos de cada categoria profissional, embora essa busca não se direcione para os temas relacionados à estratégia saúde da família, nem se direcionem para áreas de saúde pública.

A Educação enquanto uma construção social que dinamiza o processo de produção do conhecimento, é a base da sociedade e possui um papel determinante na formação de um indivíduo mais crítico e mais participativo, não só capaz de produzir e conhecimentos e saberes, mas capaz de entender o mundo em uma perspectiva mais ampla, em seus paradoxos e complexidades. Os processos de apreensão da realidade, nessa nova dimensão, rompem as barreiras tradicionais da educação formal e buscam nas relações sociais, no cotidiano e nos processos de trabalho, espaços educativos ativos, através dos quais os indivíduos vivenciam experiências de troca de experiências de conhecimento e aprendizagem.

O processo educativo está no cerne da proposta de reversão do modelo assistencial brasileiro, sendo de fundamental importância a aproximação entre os setores saúde e educação. Pode-se concluir que a educação pode contribuir de forma decisiva para que o perfil dos profissionais inseridos no PSF atenda às especificações da estratégia Saúde da Família. Alguns processos são essenciais diante do desafio proposto: o incremento das propostas de articulação docente-assistencial, com o estímulo à participação ativa das instituições formadoras nos processos educativos promovidos pelo setor saúde; a implementação da Política de Educação Permanente para o SUS com participação dos Conselhos de Saúde, tanto na definição de prioridades como na definição das alocações de recursos; o incremento de projetos que buscam viabilizar as mudanças curriculares e a sensibilização de docentes das instituições formadoras com cursos na área da saúde; o incentivo à realização de cursos de capacitação voltados para as reais necessidades do serviço, utilizando metodologias problematizadoras, com clara prioridade para as necessidades das equipes de PSF. Também devem ser promovidas, em parceria dos serviços locais de saúde com as instituições de ensino, capacitações para gestores municipais de saúde, visando, além da formação técnica específica do setor, a sensibilização para com a importância do perfil profissional na formação de equipes de PSF e a especificação das habilidades necessárias para que o programa possa cumprir seu papel transformador do modelo assistencial brasileiro.