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Conclusões e considerações finais

No documento Relatório Síntese, 2021 (páginas 56-63)

54 permeabilidade para a fauna e em 2020 foi instalada uma nova vedação com rede em “L”. O outro troço é a EN18, a sul de Évora, na proximidade do km 274,800, onde existe uma PH na qual foram construídos dois passadiços secos em 2014.

A monitorização destas PH com câmaras de filmar (realizada no âmbito do Projeto LIFE LINES) demonstrou que as mesmas são usadas regularmente por carnívoros (Fig. 33). No caso do IP2, o conjunto das medidas implementadas tem vindo a apresentar bons resultados, tal como demonstrado pela monitorização no âmbito do projeto LIFE LINES e pela redução de atropelamentos neste troço.

Quanto à PH na EN18, apesar da via não estar vedada, verificou-se neste troço uma diminuição da mortalidade de carnívoros em cerca de 73% após a implementação dos passadiços. No entanto, é de notar que nem todas as PH onde foram implementados passadiços mostraram uma redução de mortalidade tão acentuada na sua proximidade, sendo possível que existam outros fatores a influenciar negativamente a sua eficácia para este efeito. Desta forma, será necessário mais tempo para confirmar a eficácia das medidas implementadas e/ou eventuais ajustes que sejam necessários.

Fig. 33 – PH na EN18, ao km 274,800, com dois passadiços secos. Na fotografia da direita é possível visualizar um texugo a utilizar um dos passadiços (fotografia captada pela Universidade de Évora durante a monitorização da PH).

Assim, a evolução da mortalidade da fauna continuará a ser acompanhada, continuando a implementar novas medidas em zonas de problemas identificados ou efetuar melhoramentos às medidas já implementadas.

55 contribuição em 2021 foi apenas de 16 registos. Em Setúbal, pelo contrário, verificou-se um aumento substancial de registos, não só relativamente ao ano anterior, mas também ao valor médio de 2015 a 2019, o que estará relacionado com o aumento da frequência de amostragens para três vezes por semana a partir de julho, quando até aí eram semanais. Verificaram-se, ainda, reduções consideráveis, relativamente ao valor médio de 2015 a 2019, em Lisboa, Castelo Branco, Porto, Viseu e Coimbra, provavelmente relacionadas com o decréscimo da intensidade de tráfego devido à pandemia de Covid19, à semelhança do que aconteceu em 2020, e com alterações das equipas de trabalho nalguns destes distritos.

Não obstante as alterações em termos de valores absolutos, o padrão de ocorrências por distrito manteve-se semelhante ao dos anos anteriores, em especial Évora e Setúbal, seguindo-se Beja, Porto e Lisboa. Na maioria das situações, estes valores refletem o grau de extensão da rede de estradas sob gestão direta da IP em cada distrito, bem como a frequência das amostragens.

Nos distritos de Évora, Beja, Portalegre e Setúbal, destacou-se o contributo considerável de registos efetuados por cidadãos através da aplicação móvel LIFE LINES, demonstrando que esta fonte de dados pode alterar de forma positiva o conhecimento sobre a dimensão destes eventos. Ao todo, a aplicação reportou 358 animais atropelados nas vias sob gestão da IP, contribuindo em cerca de 20% para a totalidade de registos.

Tal como nos anos anteriores, os mamíferos representam uma percentagem significativa dos registos efetuados, o que se relaciona com a sua maior detetabilidade em virtude do seu tamanho e menores taxas de degradação e de remoção da estrada. Assim, estes resultados devem ser ponderados com cautela uma vez que outros grupos poderão estar altamente subestimados face aos constrangimentos metodológicos deste programa. Refiram-se, como exemplo, os anfíbios que noutros estudos, cuja metodologia está somente direcionada para a deteção dos cadáveres, constituem 70% a 80% da mortalidade global (e.g. Hels & Buchwald 2001).

Os animais domésticos foram um dos grupos mais registados, com 480 ocorrências, constituindo cerca de 27% dos registos totais de 2021. A maior concentração de ocorrências coincidiu com a Rede de Alta Prestação (autoestradas ou vias com características de autoestrada) que servem os centros urbanos de Lisboa e do Porto. A maioria dos animais registados são gatos, os quais apresentam facilidade em trepar as vedações existentes nas autoestradas, pelo que estas não constituem um obstáculo. Acresce que os nós e acessos constituem também pontos de entrada nas vias. Por outro lado, muitos animais são abandonados junto às estradas, de onde não se afastam, acabando por ser vítimas de acidentes.

Estes fatores tornam a minimização deste impacte muito difícil, uma vez que estes animais procuram o contacto humano e a estrada de forma deliberada.

No que respeita aos animais silvestres, destacaram-se as EN114, ER114-4, ER370 e EN4 no distrito de Évora, o IC1 e o IC33 no distrito de Setúbal e a A4 no distrito do Porto. A frequência de amostragem e os contributos da aplicação LIFE LINES contribuíram fortemente para estes resultados, pelo que o volume de registos existente não é comparável com as restantes estradas, devendo os resultados ser avaliados com alguma cautela. Os mamíferos constituíram o grupo mais registado (69,3%),

56 maioritariamente carnívoros, com predominância de raposas. Seguiram-se as aves (23,2%), em especial aves de rapina noturnas com predominância da coruja-do-mato. Os répteis, maioritariamente cobras, apresentaram uma redução substancial (5,6%) relativamente ao ano anterior, enquanto os anfíbios, como habitualmente, apresentaram valores bastantes reduzidos (1%) o que estará relacionado com a sua baixa detetabilidade e elevada taxa de degradação.

De salientar a ocorrência de algumas espécies com estatuto de conservação desfavorável, nomeadamente um lince-ibérico, uma coruja-do-nabal, 6 bufos-pequenos e um noitibó, as quais contribuíram para o aumento do Valor Faunístico (VF) nos troços onde ocorreram e para a identificação dos mesmos como pontos a acompanhar e, se necessário, intervencionar para minimização dos atropelamentos.

Continuaram também a verificar-se ocorrências com animais de grande porte em números relevantes, nomeadamente 8 veados e 60 javalis. Os troços com maior concentração foram o IC1 (principalmente entre os km 606 e 608) e o IC33 (principalmente entre os km 26,5 e 39) no distrito de Setúbal, e a EN119 (entre os km 10 e 13) no distrito de Santarém. Com base na análise dos dados globais desde 2010, foram identificados os troços com maior incidência de ocorrências e os locais onde será mais prioritário intervir para alertar os condutores e equacionar medidas mais eficazes para minimizar o risco de colisão com estes animais. Destacaram-se, pelos valores elevados de ocorrências, e tendo em conta a evolução das mesmas ao longo dos anos, as EN114 (km 162-186), EN4 (km 85-111) e EN18 (km 242-278) em Évora, e o IC1 (km 597-633) e o IC33 (km 14-47) em Setúbal. Alguns dos pontos com maior concentração de ocorrências foram analisados mais detalhadamente de forma a verificar a existência de passagens sob a estrada, vedações e sinalética de aviso de perigo de animais na via. Constatou-se que não existem vedações nas vias referidas, mas existem passagens amplas com potencial para uso por estes animais, podendo contribuir para os desencorajar de se deslocarem pela via, mas estas não são suficientemente eficazes na minimização do risco. Assim, o potencial destas passagens tem que ser aumentado mediante a implementação de vedação junto às mesmas, numa extensão mínima de 250 m para cada lado. Nos casos mais críticos deverá ser equacionada a possibilidade de vedar a via na totalidade do troço em causa. Para que a vedação seja eficaz, é necessário que apresente rede em

“L” (Fig. 25), isto é, uma segunda rede, acoplada à rede da vedação, e dobrada em “L” com 50 cm de altura e uma base de 50 cm enterrada (o facto de a base ser enterrada horizontalmente dificulta as tentativas de escavação por baixo). A sinalização rodoviária de alerta ao condutor deverá também ser verificada nestes troços e instalada se não existir.

O Programa de Monitorização visa também cumprir as metas estabelecidas para os indicadores da Mortalidade de Fauna assumidos, nomeadamente: (i) a redução dos hotspots identificados nos troços selecionados para a metodologia standardizada, pelo menos 3 vezes, durante um período de 5 anos (2016-2020), nos 5 anos seguintes, mediante intervenções dirigidas à mitigação da mortalidade verificada; e ii) redução do VF dos atropelamentos na restante rede de estradas da IP, durante um período de 10 anos (2015-2024), avaliada com base na reta de regressão de VF em função do tempo.

57 Relativamente ao primeiro indicador, foram identificados13 hotspots tendo-se voltado a destacar o IC1, no distrito de Setúbal, com 6 hotsposts reincidentes, um deles pela 5ª vez e outro pela 6ª vez. O período estabelecido para avaliação do indicador era entre 2016 e 2020, mas dado que 2020 foi um ano atípico, optou-se por incluir mais um ano na amostra, nomeadamente o ano 2021. Os hotspots que se encontram nesta situação são os dois acima referidos, nomeadamente o IC1 entre os km 622 e 623 e o IC1 entre os km 628 e 629.

Entre os km 622 e 623, a espécie predominante é a garça-boieira, que nidifica nos pinheiros-mansos junto à estrada. Uma vez que esta espécie não apresenta valor conservacionista, sendo abundante e comum no nosso território, e que a origem da mortalidade nesta zona deverá estar mais relacionada com a queda dos juvenis do ninho (provavelmente expulsos pelos irmãos rivais), considerou-se que a eliminação deste local de nidificação iria ter um impacto mais negativo que positivo. Efetivamente, após visita ao local, não se identificou nenhuma intervenção na arborização que pudesse contribuir para a redução dos atropelamentos de garças, exceto a eliminação de todo o alinhamento de pinheiros, cujo interesse paisagístico e ecológico é relevante, inclusive por serem as únicas árvores com condições para a nidificação da espécie no local. Assim, a sua eliminação provocaria nas aves um efeito de exclusão e perda de habitat adequado para reprodução. Estes efeitos são negativos e apresentam uma significância mais elevado que a mortalidade verificada, em especial porque esta parece ser na sua maioria natural e não motivada pelos atropelamentos. Desta forma, não se considera aplicável o cumprimento do indicador no que respeita a este ponto.

No outro hotspot, entre os km 628 e 629, a espécie mais afetada tem sido a coruja-das-torres com 7 ocorrências. As outras aves registadas até agora foram dois mochos-galegos, um milhafre-preto e uma garça-boieira. Em termos de mamíferos, registaram-se uma lebre, duas lontras, um sacarrabos, um texugo e uma raposa. Não parece haver, pois, uma espécie mais recorrentemente afetada, com exceção da coruja-das-torres que tem, no entanto, vindo a ser registada cada vez com menos frequência.

Acresce que ao logo destes 6 anos, o número de animais atropelados anualmente tem sido relativamente estável, com 3 registos por ano, exceto em 2020, em que baixou para 2, e em 2021, em que aumentou para 4. O VF tem sido também relativamente baixo. Foi constatado que não existem passagens sob a estrada, quer neste segmento quer nas proximidades, com exceção de pequenos aquedutos, e que a estrada não é vedada. Assim, terão de ser procuradas soluções que possam minimizar as ocorrências que se têm verificado neste ponto, quer direcionadas aos carnívoros, quer direcionadas às aves de rapina noturnas.

Relativamente ao segundo indicador, foi calculado e analisado o VF em cada distrito durante o ano de 2021. A soma destes totalizou um VF total de 2233. Este valor foi bastante semelhante ao do ano anterior e o mais baixo desde 2015, pelo que a linha de regressão linear continua a apresentar um declive negativo. Embora este resultado esteja principalmente relacionado com a redução de tráfego e a redução do esforço de amostragem em Évora, o indicador é muito positivo e nos próximos anos, a

58 meta é manter esta tendência decrescente, sendo para isso necessário priorizar as intervenções de minimização dos atropelamentos nas áreas onde se têm verificado VF elevados.

Assim, foram identificados os pontos com maior densidade de atropelamentos e maior VF em 2021, e complementarmente, os troços com maior densidade de espécies sensíveis, quer no ano em análise, quer de forma global nos últimos 5 anos, comparativamente com os dados dos 5 anos anteriores, nomeadamente 2017-2021 e 2012-2016, de forma a comparar a evolução nos troços mais críticos. Face aos resultados obtidos, considera-se que as vias que deverão merecer particular atenção, e ser alvo de aplicação de medidas de minimização adequadas (em função das características da estrada e sua envolvente, bem como das espécies-alvo) nos pontos de maior densidade de espécies sensíveis (onde ainda não tenham sido aplicadas), são as seguintes:

▪ EN114 entre os km 162,5-185,5 (medidas de minimização já implementadas nalguns pontos);

▪ EN4 entre os km 70-153,5 (medidas de minimização já implementadas ou em implementação nalguns pontos);

▪ ER114-4 entre os km 2-11;

▪ ER255 entre os km 77-81,5;

▪ EN259 entre os km 25,5-33,5 (medidas já propostas, a implementar em breve);

▪ IC1 entre os km 538,5-651 (medidas já propostas, a implementar em breve);

▪ EN260 entre os km 20-23;

▪ EN380 entre os km 77-93.

Nos restantes troços identificados, a evolução da mortalidade continuará a ser acompanhada e, se se afigurar pertinente, serão realizadas análises mais detalhadas visando a definição de medidas de minimização adequadas.

Com o objetivo de aumentar o conhecimento da eficácia das medidas geralmente utilizadas, bem como encontrar novas soluções para as espécies voadoras e outros grupos, cujo risco de atropelamento é mais difícil de minimizar, a IP em colaboração com a Universidade de Évora desenvolveu alguns projetos-piloto de medidas inovadoras, enquadrados no projeto LIFE LINES, cuja área de intervenção se localiza no distrito de Évora (Tabela 12). As medidas foram implementadas nas estradas abrangidas pelo projeto, que maiores valores de mortalidade têm apresentado, nomeadamente a EN4 e EN114, e foram monitorizadas o que permitiu determinar a sua eficácia, bem como a viabilidade da sua implementação futura, noutras zonas críticas.

Para além das medidas implementadas no âmbito deste Projeto, a IP tem implementado várias medidas para reduzir o risco de atropelamento em áreas que se têm revelado mais críticas, entre as quais se incluem alguns dos troços prioritários acima identificados. Para além de todas as medidas já aplicadas, e que podem ser visualizadas na Tabela 12, estão também propostas outras intervenções, cuja implementação está prevista para breve, nas vias que apresentaram valores relevantes de mortalidade de fauna. Acresce que sempre que são projetadas novas vias, ou que se encontra prevista a

59 beneficiação de vias com elevada mortalidade e/ou ocorrência de espécies sensíveis, é avaliada a necessidade/viabilidade de implementar medidas de minimização.

As medidas para os mamíferos passarão, sempre que possível, pela criação e/ou adaptação de passagens, com intervenções que as tornem apelativas para os animais, incluindo colocação de passadiços secos em PH. No caso das vias vedadas, uma das medidas possíveis consiste na substituição ou reforço das vedações existentes, eventualmente com adoção de uma segunda rede de malha apertada, dobrada em “L”, com uma base de 50 cm enterrada, o que impede a existência de espaçamentos entre o solo e a rede, e dificulta as tentativas de escavação sob a mesma, ação muito característica de algumas espécies. A colocação da vedação de forma a contornar as PH e PA num ângulo oblíquo que encaminhe os animais para as mesmas, é outra medida importante.

Embora as medidas referidas não sejam igualmente eficientes para todas as espécies, a maioria dos mamíferos beneficiará da sua implementação. Na maioria dos segmentos onde já foram implementadas estas medidas, tem-se verificado uma redução nos valores de mortalidade da fauna. Efetivamente, em duas das zonas consideradas críticas em anos anteriores e onde foram aplicadas medidas para reduzir a mortalidade de mamíferos, o número de ocorrências diminuiu. Uma dessas situações é o IP2 entre Estremoz e Monforte, onde foi implementado um passadiço seco numa PH em 2013 e as vedações foram reparadas e colocadas de forma a contornar as passagens, encaminhando os animais para as mesmas, em 2014. Posteriormente, foi implementado um passadiço noutra PH ao km 219 e em 2020 foi instalada uma nova vedação com rede em “L”. O outro troço é a EN18, a sul de Évora, onde se instalaram dois passadiços secos numa PH, em 2014. A monitorização destas PH com câmaras de filmar (no âmbito do Projeto LIFE LINES) demonstrou que as mesmas são usadas regularmente por carnívoros. No caso do IP2, o conjunto das medidas implementadas tem vindo a apresentar bons resultados, tendo-se comprovado uma tendência decrescente de atropelamentos neste troço, desde 2013. A monitorização efetuada pela Universidade de Évora no âmbito do Projeto LIFE LINES comprovou, ainda, que após a aplicação de vedação com rede em “L” ao longo de 16 km no IP2 ocorreu uma redução de 90,8% na mortalidade de mamíferos carnívoros. Quanto à PH na EN18, apesar da via não estar vedada, verificou-se neste troço uma diminuição da mortalidade de carnívoros em cerca de 73% após a implementação dos passadiços.

No entanto, nem todas as PH onde foram implementados passadiços mostraram uma redução de mortalidade tão acentuada na sua proximidade, sendo possível que existam outros fatores a influenciar negativamente a sua eficácia para este efeito. Não obstante, a monitorização efetuada pela Universidade de Évora no âmbito do Projeto LIFE LINES demonstrou que esta solução é eficaz na promoção de conectividade, em especial, em situações de regime de caudal torrencial ou permanente, tendo-se verificado um aumento do número de atravessamentos de mamíferos carnívoros em 22,1 pontos percentuais, em especial durante o período de inundação e comparativamente à situação pré-intervenção. Quanto às vedações colocadas junto às PH com passadiço, de forma a encaminhar os animais para as mesmas, estas contribuíram para o aumento considerável de passagens de mamíferos

60 carnívoros nas PH (18,3%), em particular geneta e fuinha (34,9 e 58,8%, respetivamente), comparativamente com a situação anterior à sua implementação.

É também de referir que a monitorização comprovou o uso das PH adaptadas para anfíbios por várias espécies deste grupo, graças à instalação das barreiras em betão junto a estas passagens, as quais apresentaram uma eficácia máxima, tendo sido possível reduzir em 100% o número de anfíbios na estrada.

Especificamente no caso dos coelhos é frequente esta espécie escavar as suas tocas nos taludes da estrada, pelo que a minimização do seu risco de atropelamento, bem como dos carnívoros que são atraídos pela sua presença, pode passar por impedir a colonização dos taludes, através da colocação de redes de malha estreita ocupando toda a sua superfície. Embora a solução tenha sido eficiente no impedimento de colonização dos taludes, ainda não foi possível comprovar estatisticamente uma redução de atropelamentos deste grupo, uma vez que o número de ocorrências é indissociável das flutuações das populações, sendo por isso necessário mais tempo para obter dados robustos.

No caso das espécies voadoras, após a implementação das barreiras em rede registou-se uma diminuição de 69,2% na mortalidade de morcegos e de 55,5% nos passeriformes (dados de monitorização da Universidade de Évora). No caso das aves de rapina noturnas, ainda não existem dados conclusivos, sendo necessário um período de tempo mais alargado para aferir a sua eficácia.

Não obstante, salienta-se que não foi registado nenhum individuo atropelado desde a sua implementação.

Outras medidas, que abrangem todos os grupos faunísticos, consistem na promoção da redução de velocidade, através da sinalização vertical ou da instalação de lombas redutoras da velocidade, e na ceifa dos taludes com o objetivo de aumentar a faixa de visibilidade quer para os animais quer para os condutores.

No âmbito deste Programa continuará a ser verificada a necessidade de implementar medidas de minimização da mortalidade, e respetiva tipologia, em função, quer das características da estradas (incluindo estruturas hidráulicas e vedações) e dos terrenos envolventes, quer das espécies a que se destinam, ponderando a sua necessidade/benefício face aos custos e implicações noutros fatores ambientais, sociais ou de segurança rodoviária, e dando prioridade aos hotspots identificados, bem como aos troços e pontos quilométricos que ao longo dos anos têm vindo a acumular maior VF.

Assim, pretende-se continuar o desenvolvimento deste trabalho com o objetivo de: i) aprofundar o diagnóstico da mortalidade da fauna, identificar situações críticas e acompanhar a evolução dos hotspots já identificados; ii) propor medidas de minimização para troços críticos; iii) cumprir as metas estabelecidas para os indicadores de mortalidade de fauna; iv) avaliar a eficácia das medidas de minimização já implementadas.

Com o prosseguimento destas diretrizes, visando a redução da mortalidade da fauna nas estradas, a IP não só promove melhores níveis de segurança rodoviária, como promove o cumprimento dos objetivos de conservação da biodiversidade a que se propôs, no âmbito da sua responsabilidade ambiental.

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No documento Relatório Síntese, 2021 (páginas 56-63)

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