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Este trabalho objectivou o desenvolvimento dum modelo de internacionalização adequado à realidade das PME Portuguesas que incorporem uma componente de serviços em sua realidade. Identificou-se, ainda, as principais etapas e factores de influência que contribuem para a internacionalização das PME e, através de um estudo empírico, foram avaliadas as dinâmicas de internacionalização adoptadas pelas empresas entrevistadas.

Desta forma, mesmo se tratando de um estudo qualitativo, elaborou-se um modelo que está adequado frente aos factores identificados durante a revisão da literatura e a análise das entrevistas realizadas. O modelo contempla as principais etapas do processo de internacionalização, sob uma óptica genérica e aplicável a todas as componentes de serviços identificadas, assim como também permitiu a caracterização dos principais factores que influenciam a internacionalização das PME em cada fase de sua internacionalização.

Uma vez que este trabalho foi desenvolvido como parte do projecto FADIS - Ferramentas de Apoio à Decisão para a Internacionalização de Serviços, que tem como tem como objectivo a elaboração de ferramentas de apoio à decisão para a internacionalização de serviços, foi possível contar com a participação das dez PME para a sua realização através da figura do próprio tomador de decisões, que em 90% dos casos, tratava-se do CEO ou dono. Isso permitiu retratar com maior precisão os factores apresentados nos modelos e, dessa forma, assegurar uma maior aderência com a realidade das PME Portuguesas.

Apesar da impossibilidade de extrapolação dos resultados a outras empresas decorrente da condução do estudo empírico através da aplicação de métodos qualitativos, será possível validar a eficiência do modelo e sua aplicabilidade em nível estatístico através do desenvolvimento das próximas etapas do projecto FADIS, já que o modelo aqui proposto é fundamental para a elaboração dos requisitos de internacionalização que serão avaliados e quantificados junto a uma amostra significativa de empresas.

Por se tratar de um trabalho que envolve uma série de etapas que, mesmo a literatura disponível, não consegue retratar com precisão e consenso, representou um desafio em sua elaboração, dado ao facto que a aderência com a realidade depende, para além duma análise teórica, de validação e sustentação científica, nem sempre existente para todos os factores analisados pelo curto espaço de tempo disponível. Seria ideal, ainda, para além de dispor de mais tempo para a realização do trabalho, contar com uma maior abertura e exposição por

parte das PME Portuguesas já que, muitas vezes, é evidente a falta de tempo ou interesse de seus tomadores de decisão quanto a realização de estudos de carácter académico e/ou para a melhoria do próprio sector ou país. Mesmo o acesso a informações ou condições para uma melhor observação por muitas vezes é dificultado.

Como próximos passos a serem tomados no contexto do projecto FADIS, o modelo será base para a identificação dos requisitos associados a cada uma das etapas e factores de influência apresentados. Tais requisitos serão, por sua vez, validados junto a outras empresas já internacionalizadas e irão compor uma estrutura que permitirá o desenvolvimento de um plano de internacionalização aplicável a PME Portuguesas.

Este processo irá, desta forma, alimentar um sistema de benchmarking que está a ser desenvolvido por um dos parceiros no projecto garantido, assim, uma correcta avaliação da aplicabilidade do modelo e, por sua vez, permitirá uma frequente readequação a eventuais diferenças com a realidade identificadas.

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Anexo A:Guião de Entrevista Qualitativa

Guião de Entrevista Qualitativa – Preâmbulo – Projecto FADIS

Antes de mais, muito obrigado por ter aceitado participar neste estudo no âmbito do projecto FADIS (Ferramentas de Apoio à Decisão na Internacionalização de Serviços Técnicos).

O projecto é resultado de uma candidatura no âmbito dos projectos I&DT, Projecto em Co-Promoção, do QREN. Ele integra uma parceria constituída em consórcio envolvendo empresas e entidades de I&DT que actuam activa e complementarmente em seu desenvolvimento, designadamente INESC Porto e Catim (ambas entidades do SCTN), AIMMAP (associação do sector) e a Sistrade, empresa produtora de software.

ÂMBITO

Com foco no apoio às PME Portuguesas nos processos de internacionalização dos seus serviços uma vez que pelas especificidades que apresenta constitui um tema ainda muito pouco trabalhado, o que associados à importância crescente dos serviços na economia atribuem uma relevância e pertinência excepcionais a este projecto.

OBJECTIVOS

O projecto FADIS visa apoiar os processos de internacionalização via investimento directo estrangeiro de serviços técnicos através da investigação relativamente ao apoio a ser prestado às PMEs. Consiste em auxiliar as PMEs na avaliação e tomada de decisões relativamente aos seus negócios internacionais de prestação de serviços. A elaboração de indicadores KPI (Key Performance Indicators) e de um modelo de maturidade com os requisitos específicos de internacionalização das PMEs permitirão, através de uma ferramenta de benchmark a ser desenvolvida, avaliar o estado do processo de internacionalização em que as PMEs se encontram.

Os resultados do FADIS irão ser explorados, primeiramente e em curto prazo, através da aplicação em empresas individuais do sector que colaborem no projecto. Posteriormente, em médio prazo, a criação de uma plataforma Web interactiva permitirá a participação de outras empresas.

Através do FADIS pretende-se:

a) Alavancar as PMEs para a oferta de uma gama de produtos de maior valor acrescentado, de maior nível tecnológico, adequada às necessidades cada vez mais actuais dos seus clientes;

b) Aumentar o nível de internacionalização e rentabilidade das PMEs nacionais.

RESULTADOS

Uma ferramenta de benchmarking em internacionalização de serviços técnicos, especialmente vocacionadas para PMEs;

Uma ferramenta de auto-diagnóstico da situação das empresas;

Uma ferramenta de apoio à decisão no processo de internacionalização de serviços técnicos;

Uma plataforma Web de uma comunidade prática onde também serão disponibilizados das ferramentas anteriores.

NOTA COMPLEMENTAR:

A entrevista terá a duração máxima de 1 hora, e realizar-se-á, em regime presencial, nas instalações da empresa;

A estrutura da entrevista divide-se em 3 dimensões: Historial da empresa, Estratégia de Internacionalização e Análise da Dinâmica dos Factores (Estratégia e Competitividade, Tomadores de Decisão, Inovação e Conhecimento Tecnológico e Redes).

Para cada dimensão, são introduzidas várias questões, algumas das quais contemplam já opções tipificadas de resposta. Para garantir a recolha de informação detalhada é, porém, sempre pedido ao entrevistado que fundamente a sua ou as suas opções de resposta.