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A gestão dos dados produzidos durante a investigação é importante para o desenvolvimento da ciência. Uma boa estratégia de gestão de dados para além de melhorar a eficiência do processo de investigação, aumenta o tempo de vida dos dados de investigação.

O uso da imagem como dado de investigação tornou-se mais recorrente, devido ao desenvolvimento tecnológico, nomeadamente dos instrumentos de captura, e a sua capacidade em registar fielmente o que outros meios não conseguem. Porém, na área da gestão de dados de investigação pouca ou nenhuma atenção tem sido dada à gestão deste tipo de dados.

Com este estudo, verificou-se que os investigadores utilizam as imagens como dado de investigação principalmente no domínio das Ciências da Vida e da Saúde. Porém, não é costume existirem orientações para a sua gestão.

No processo de criação, existe um grande uso de instrumentos digitais. O microscópio sobressai nas Ciências da Vida e da Saúde e a câmara fotográfica tradicional nas Ciências Sociais e Humanidades. Os processos de verificação da qualidade são diversos e nem todos os investigadores o fazem. De igual modo, o processamento e análise é heterogéneo, não se tendo verificado a existência de padrões. Estas foram as fases onde se verificaram mais diferenças. Isto pode ser explicado através da existência de diversos objetos de estudo e metodologias nos diferentes domínios científicos.

Na descrição, os investigadores não utilizam modelos de metadados para os assistir nesta tarefa. Em relação aos descritores foram obtidas respostas variadas sobre os descritores usados e tidos como relevantes, com apenas três descritores a serem consensuais entre os investigadores, título, autor e data.

O armazenamento das imagens é, maioritariamente, realizado no computador. Isto pode ser explicado devido ao fácil acesso, familiaridade e ao seu uso recorrente nos projetos de investigação. De notar que grande parte dos investigadores não está consciente do volume de imagens que produz e utiliza na investigação.

Apesar dos investigadores partilharem as imagens, verificou-se que não o fazem através do depósito em repositórios que asseguram a sua preservação e acessibilidade a longo prazo. Uma possível explicação é o facto dos investigadores considerarem o processo de partilha difícil (Tenopir et al., 2011).

A realização da dissertação na temática da gestão de dados de investigação em formato de imagem é relevante, por existirem poucos trabalhos a abordar este tema. Este trabalho

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por um lado, apresenta informação valiosa sobre os processos e hábitos relativos à gestão de dados imagéticos em contexto de investigação. Por outro lado, disponibiliza orientações para os investigadores realizarem essa gestão.

Os objetivos propostos na introdução para esta dissertação foram atingidos. Primeiro, foram sistematizados e analisados os procedimentos relativos à gestão de dados de investigação em formato de imagem. Para isso utilizou-se o questionário e as entrevistas para estudar o uso e produção de imagens em contexto de investigação. Depois da recolha e análise dos dados, procedeu-se ao desenvolvimento do modelo de metadados e das orientações para a gestão de dados imagéticos. Estes dois elementos constituem ferramentas para auxiliar os investigadores a gerirem os seus dados imagéticos de acordo com boas práticas. O trabalho desenvolvido contribui assim para fomentar a utilização de boas práticas na gestão de dados em formato de imagem no contexto de investigação. Os dados recolhidos através do questionário assim como os dados resultantes da análise encontram-se depositados no repositório de dados de investigação do INESC-TEC9.

Este trabalho está associado a algumas limitações. A primeira limitação está relacionada com a divulgação do questionário. No processo de divulgação do questionário existiram dificuldades na obtenção de resposta ao pedido de divulgação do questionário por parte dos centros de investigação e da reitoria da UP. Isto inviabilizou a obtenção de um maior número de respostas. Contudo, as 107 respostas obtidas, constituem um número aceitável para o estudo. A segunda limitação prende-se com a dificuldade em identificar investigadores de diferentes domínios científicos para as entrevistas. Tal como no questionário, esta limitação afetou a abrangência do estudo.

A atual situação de pandemia de covid-19 e as respetivas medidas de segurança dificultaram a realização de algumas atividades. As entrevistas e a avaliação do modelo de metadados tiveram de ser realizadas através de uma plataforma online. Algumas tarefas que envolviam a colaboração de membros do laboratório tornaram-se mais morosas.

No futuro será importante aprofundar o estudo do uso da imagem como dado de investigação, através da recolha de um maior número de respostas. Em paralelo, é também relevante captar a atenção dos investigadores para a temática da gestão de dados de investigação e, em especial, para a inclusão das imagens quando utilizadas como dado. Será igualmente importante avaliar a aplicabilidade das práticas recomendadas para a gestão de dados em formato de imagem. A avaliação permitirá conhecer a disposição dos investigadores em seguir as práticas recomendadas. Permite também aprimorar o

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conjunto de práticas recomendadas conforme a opinião dada pelos investigadores. Outro possível caminho a seguir, será aplicar as práticas recomendadas e guiar os investigadores até ao depósito das imagens num repositório.

De igual modo será importante aprofundar a opinião investigadores sobre o modelo de metadados desenvolvido, nomeadamente através de um maior número de avaliações. A opinião dada pelos investigadores constituirá uma oportunidade para refinar e, se existir necessidade, adaptar a ontologia a contextos de investigação específicos.

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