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Os resultados obtidos nesse trabalho para remoção de células de M. aeruginosa e C.

raciborskii, adquiridos por meio dos parâmetros clorofila-a, turbidez, cor aparente e UV-

254 nm e apresentados mediante diagramas de coagulação, apontaram que o uso de diferentes tipos de coagulantes produziu efeitos distintos, em termos de eficiência de remoção de células e regiões ótimas de coagulação para ambas as espécies de cianobactérias estudadas.

Os diagramas de coagulação indicaram que a quitosana de baixa massa molecular, nas condições de pH e dosagem avaliadas, foi tão efetiva quanto o sulfato de alumínio para remoção de células da C. raciborskii. Ambos coagulantes apresentaram em termos percentuais e residuais, resultados semelhantes quanto aos parâmetros turbidez e cor aparente, numa ampla faixa de pH e dosagem de coagulante. Percentuais de remoção de células acima de 80% obtidos com ambos os coagulantes resultaram em remanescentes de turbidez abaixo dos limites recomendados pela literatura após o processo de sedimentação, (5,00 uT por Di Bernardo e Paz (2008) e 2,00 uT por Kawamura (2000)), e remanescentes de cor aparente correspondentes ao padrão de potabilidade estabelecido pela Portaria MS nº 2914/11.

No que concerne à remoção de matéria orgânica dissolvida, nas águas de estudo inoculadas com C. raciborskii, o uso do sulfato de alumínio promoveu em um intervalo de pH mais baixo (entre 5,00 e 6,00) e dosagens de coagulante acima de 8 mg/L, maiores eficiência de remoção de UV-254 nm (entre 59 e 75%) do que a quitosana, que apresentou remoções entre 30 e 51% no intervalo de pH entre 6,00 e 7,00 e dosagens entre 1 e 7 mg/L.

Quanto à eficiência de remoção de M. aeruginosa, os diagramas de coagulação indicaram que a quitosana apresentou em termos percentuais e residuais, eficiências de remoções de turbidez, cor aparente e clorofila-a insatisfatórias quando comparada com o sulfato de alumínio. A região mais consistente de remoção de células (71%) obtida com o uso da quitosana foi bastante restrita ao pH 7,0 e dosagens acima de 1 mg/L, enquanto que o sulfato de alumínio teve desempenho satisfatório em um intervalo de pH mais abrangente (entre 5,00 e 6,00) e dosagens acima de 8 mg/L, com remoções acima de 90%, percentual que correspondeu a residuais de clorofila-a, turbidez e cor aparente bem menores dos que os

residuais obtidos com o uso da quitosana.

Com relação às eficiências de remoção de matéria orgânica dissolvida na água inoculada com M. aeruginosa, notou-se a eficiências de remoção desse parâmetro bastante próximas para dos dois coagulantes, entre 35 e 60% para a quitosana e entre 40 e 60% para o sulfato de alumínio. Entretanto a região de pH e dosagem em que foram obtidos tais percentuais de remoção com sulfato de alumínio foi mais abrangente (pH entre 5,00 e 6,00 e dosagens acima de 12 mg/L) do que a da quitosana (pH 5,00 e dosagens entre 1 e 9 mg/L).

Com base nos resultados obtidos a partir do armazenamento ao longo de um período de 50 dias, após o processo de coagulação/floculação/sedimentação verificou-se que o tipo de coagulante parece influenciar no tempo de lise celular, liberação e degradação de toxinas, porém, nesse trabalho, essa influência esteve associada à espécie de cianobactéria e às toxinas avaliadas.

Os resultados de clorofila-a e densidade de células, após o armazenamento do lodo mostraram 99% de decaimento das células de C. raciborskii no 10º dia para as amostras coaguladas com e sem quitosana, dia em que foi verificada também, à máxima concentração de toxina extracelular. A lise celular foi acompanhada da liberação gradual de cilindrospermopsinas extracelular até o 10º dia, após o qual manteve-se constante até 40º dia de armazenamento, indicando que, uma vez liberadas na água clarificada, as cilindrospermopsinas não foram degradadas. A persistência da toxina foi confirmada a partir do comportamento da toxina total que se manteve constante ao longo dos 40 dias de armazenamento. Comportamento similar com relação à liberação e degradação de cilindrospermopsinas foi verificado no ensaio de armazenamento do lodo com a mesma cianobactéria, e utilizando o sulfato de alumínio como coagulante.

A liberação gradual de cilindrospermopsinas entre o dia 0 e o 10º dia de armazenamento do lodo observada tanto com o uso da quitosana quanto do sulfato de alumínio expõe a necessidade de remoção frequente do lodo proveniente de células de C. raciborskii após o processo de sedimentação, como forma de minimizar a liberação de cilindrospermopsinas contidas nas células para a água clarificada, porém, essa alternativa acarretaria problemas secundários, como geração de grande volume de lodo a ser tratado e mecanização das

estações de tratamento de água para retirada mais frequente desse lodo. Dessa forma, entende-se que o processo de sedimentação, mesmo sendo eficiente na remoção de células de C. raciborskii, torna-se inviável para o tratamento de água com a presença dessa cianobactéria, já que o manejo necessário do lodo para esse caso específico é praticamente inexequível.

Com o uso do sulfato de alumínio verificou-se diferenças no decaimento de células de C.

raciborskii com relação às amostras sem coagulante, de modo que a concentração de

clorofila-a no 10º dia, para a amostra sem coagulante decaiu 95% com relação ao seu valor inicial, enquanto que as amostras com coagulante apresentaram decaimento entre 88 e 95%, apenas no 25º dia. Dessa forma, considerando-se os resultados obtidos para a clorofila-a, acreditou-se haver uma influência do coagulante sulfato de alumínio no retardamento da lise das células de C. raciborskii, todavia, não foi possível diferenciar o efeito das diferentes dosagens em tal comportamento.

Nos resultados obtidos para o ensaio de armazenamento do lodo em que se analisou a lise celular da M. aeruginosa, e consequente liberação e degradação de microcistinas, verificou- se consideráveis diferenças nos resultados obtidos com a quitosana e o sulfato de alumínio. Os resultados obtidos para microcistina extracelular e total evidenciaram que a quitosana pode ter acelerado o processo de degradação de microcistinas. Com o sulfato de alumínio, no entanto, pode-se destacar que o uso do mesmo parece ter influenciado na estabilidade das microcistinas na água clarificada por mais tempo, retardando a sua degradação.

A partir das conclusões obtidas no presente trabalho é possível delinear as seguintes recomendações para estudos futuros na mesma linha de pesquisa desse trabalho. A saber:

 Para as mesmas condições de pH e dosagem avaliadas nesse trabalho, verificar a

eficiência de quitosanas com diferentes características de massa molecular e grau de desacetilação, além de maiores dosagens que as utilizadas no presente trabalho para remoção das células de C. raciborskii e M. aeruginosa por sedimentação.

Avaliar a remoção de células de C. raciborskii e M. aeruginosa, após o processo de

especialmente, nas características da matéria orgânica associada a essas células.

Avaliar a remoção de células de C. raciborskii e M. aeruginosa, após o processo de

coagulação/floculação/sedimentação, variando os níveis de turbidez da suspensão de células das referidas cianobactérias, utilizando a quitosana como coagulante.

 Avaliar a influência de diferentes parâmetros de qualidade da água utilizadas como

base para a diluição da cultura de cianobactérias, na eficiência de remoção de remoção desses organismos.

 Investigar a oxidação das cilindrospermopsinas pelo cloro nas doses aplicadas nos

tanques de contato das estações de tratamento e os produtos da oxidação.

 Avaliar a adaptação dos processos de coagulação, floculação e sedimentação com

carvão ativado pra remoção de células de C. raciborskii e M. aeruginosa, utilizando quitosana e sulfato de alumínio, e investigar como o carvão ativado pode interagir com o lodo na liberação de toxinas para a água clarificada.