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PRINCÍPIO 6: Baixo esforço

2.12. Conclusões e recomendações de adequação

Após as avaliações técnicas e dos usuários chega-se à conclusão que os problemas de acessibilidade existentes revelaram um espaço que não atrai, não se comunica e não convida as pessoas com deficiência a entrar.

A ausência de entrada adequada há mais de três anos é incongruente com um espaço aberto ao público. Torna os recursos internos, que acredito serem mais complexos de serem inseridos, praticamente inoperantes.

Porém, analisando primeiro o que há, em vez do que falta, pode-se dizer que pouco foi alterado da estrutura original da Casa das Rosas para atender a acessibilidade. Mesmo com a alteração do monta-carga e dos alçapões, ainda há resquícios de seu caráter original. E visto que esses elementos não são necessários na função que o espaço tem hoje, pouco prejudica por esse aspecto. O retorno que essa alteração gera é mais importante; mais importante até que a eliminação por completa dos resquícios mencionados. E essa solução interfere de forma mínima no aspecto da Casa, sem qualquer alteração de sua volumetria.

Para complementar a rota vertical falta o acesso ao porão. Sendo hoje o acesso restrito aos funcionários, conclui-se que esses não podem ter deficiência, o que pode gerar uma situação de discriminação, ao contratar novos funcionários ou no caso de um funcionário adquirir alguma restrição de mobilidade. A falta de acesso inviabiliza a implantação de atividades voltadas ao público, como por exemplo, uma visita monitorada para conhecer os vários espaços de uma casa típica burguesa da época. O elevador poderia ser substituído por modelo que ocupe espaço mínimo de

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poço, e ter esse espaço escavado abaixo do porão para instalação, e assim garantir acesso ao único pavimento faltante. Essa possibilidade deve ser avaliada por engenheiros e técnicos aptos.

O impacto no sanitário foi pequeno também, uma vez que o local já tinha esse destino, e a troca de peças pouco interferiu, face a permanência nos outros andares de sanitário que mantém seus aspectos originais. Esse sanitário precisa de adequações para garantir seu uso pleno. Não considero necessária a alteração da porta por conta do vão de 0,78m, pois afinal, levando em consideração a preservação, este vão permite sim a passagem de cadeira de rodas, e o acesso não é prejudicado. O sentido de abertura da porta é uma demanda por conta do risco de queda, no momento da transferência. Como a área de transferência desse sanitário está distante da porta, o risco de ocorrer queda justamente em frente é mínima. Mas não é possível abrir mão de barras e acessórios em altura adequada.

Sobre a distribuição de sanitários em todos os andares, conforme Decreto federal 5.296/2004, acredito ser possível propor adequações no sanitário da mansarda, que é utilizado pelos funcionários e assim ter melhor distribuição de sanitários acessíveis. Mas não vejo, diante da importância da manutenção dos aspectos originais dos sanitários do pavimento superior, ser válida a adequação desses sanitários.

Mas a maior prioridade da Casa das Rosas é definir nova forma de acesso e viabilizá-la, uma vez que a rampa móvel, como já visto, não é opção a ser considerada. É necessário garantir o acesso com autonomia de pessoas que não possam transpor os degraus de entrada. Para isso podem ser utilizados elementos de sobreposição, sem precisar alterar características originais.

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neste caso retirando uma floreira da varanda e suprimindo parte do jardim, mas interligando diretamente ao terraço, sem ocupar a escada. A comparação entre essas duas opções já faz imaginar que, a primeira tem mais qualidades, uma vez que a escolha, de forma resumida, fica entre a diminuição do fluxo de passagem, devido à restrição da largura dos degraus, e a retirada de elementos originais, mesmo que de forma reversível. Como há dois acessos por degraus para a entrada principal, é possível escolher a fachada onde a interferência seja menor na percepção do bem tombado.

Antes de avaliar esse ponto, acho necessário avaliar outra opção de acesso. A utilização de equipamento eletromecânico, no caso plataforma vertical, pode se colocar da mesma maneira: em frente aos degraus fazendo passagem por passarela, ou sobre o jardim, retirando uma floreira. As observações são as mesmas, mas cabe avaliar que uma plataforma vertical, é um recurso mais delicado e, principalmente, ao estar sujeito às variações climáticas, exigirá manutenção mais constante que a rampa. O equipamento também se destacará mais na fachada do que a rampa. Plataformas são mais adequadas para grandes desníveis ou para locais em que falte espaço para a rampa, que não acredito ser o caso aqui. A rampa promove um acesso mais direto e autônomo, sem necessidade de paradas ou entendimento, uma vez que algumas pessoas podem não saber operar o equipamento.

Não acredito ser adequada, entre as opções, rampa ou plataforma, a proposta de retirada da floreira e supressão de parte do jardim, uma vez que este é parte simbólica da Casa das Rosas, estando representada essa importância até mesmo em seu nome. Essa opção exige supressão, o que também faz acreditar que posicionar uma rampa sobre os degraus seja a melhor opção, entre as

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apresentadas. Adicionalmente, há a possibilidade de instalar corrimão fixado à rampa servindo de apoio a quem usa a escada. Lembrando que a rampa proposta deve ser reversível, podendo ser substituída por opções, que se demonstrarem melhores, caso haja um avanço de tecnologia, conforme diretriz da Carta de Veneza. Também devem ser escolhidos materiais que promovam distinguibilidade em relação ao aspecto original da Casa, princípio da mesma Carta.

Figura 135 – Floreiras na varanda. 2011.

Com o pressuposto apresentado, a definição pelo qual conjunto de degraus a ser alterado vai depender essencialmente de qual melhor preserva a fruição da ambiência, ou que menos prejudica. Pelo ponto de vista da acessibilidade, qualquer uma das opções se mostra adequada, pela pequena distância entre elas e por se interligarem à porta principal da mesma maneira.

São duas opções: acesso voltado à Av. Paulista, ou àquele voltado ao jardim. O voltado à famosa avenida, de fato, é o primeiro a ser percebido. Mas é também da calçada, pelo portão aberto, que se percebe melhor a casa e o seu acesso, que foi a principal entrada social da casa, e é hoje a do espaço cultural. A fachada do jardim é, também, aquela que permite melhor afastamento para a

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percepção do todo. Mas colocar o acesso aí garante proximidade da entrada usadas pelos demais visitantes. Entre os pontos apresentados, acredito que o acesso a ser preservado é o da fachada voltada para o jardim. A rampa seria sobreposta aos degraus, sem que isso cause prejuízos aos elementos originais ou ao acesso adequado às pessoas com deficiência, pois será até mais próximo do passeio.

Esses são os pontos mais controversos e urgentes, mas há outros elementos ausentes que podem ser solucionados de forma sobreposta.

Pelo menos uma das escadas de entrada deve dispor de corrimão de apoio, para atender pessoas com restrições de mobilidade, como idosos e usuários de muletas. Essas pessoas podem preferir usar os degraus à rampa, devido ao seu percurso mais longo e a declividade, que dificulta manter o equilíbrio. É importante dar opção de escolha aos usuários, devido às diferentes habilidades individuais.

Não há sinalização tátil na Casa das Rosas e em sua área externa. Para sinalizar situações de risco, como escadas e rampas, utiliza-se piso tátil de alerta por fixação de elementos, que são colados sobre o piso original e são reversíveis, sem necessidade de suprimir pisos existentes.

Quanto à sinalização ambiental, pode ser fixada nas paredes, sem prejuízo. Deve-se estudar o local mais adequado, que permita boa visibilidade e não esconda elementos de maior interesse, como por exemplo, os decorativos. Suas características devem atendes aos parâmetros da ABNT NBR 9050/2004.

Ou seja, muitos problemas podem ser resolvidos com relativa facilidade e mínima ou nenhuma interferência aos elementos originais da Casa, promovendo maior autonomia e segurança aos usuários. Isso fica mais claro nas planilhas a seguir:

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