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2. E rgonomia

3.6 Conclusões e recomendações para o sistema tradicional

A partir dos dados anteriormente apresentados e confrontando-os com os que Machado (1994) apresenta, verifica-se que ocorrem grandes perdas produtivas no setor. As principais causas são as más condições de segurança e higiene no trabalho, falta de treinamento dado aos operários e disposição irracional de material, equipamentos e trabalhadores.

Os níveis salariais têm grande influência no sistema de aproveitamento florestal, utilizando-se nos países em desenvolvimento grande quantidade de trabalhadores com baixo nível salarial.

Os trabalhadores que têm um maior contato com o motosserrista são o encarregado de corte ou supervisor e o ajudante de motosserra; para cada degrau hierárquico que o trabalhador ascenda neste caso, ou seja, de ajudante de motosserra para motosserrista, e depois, para encarregado de corte, a sua remuneração apresentará um aumento em tomo de 50% do valor recebido no nível anterior. Esse aumento salarial é significativo, estimulando que o trabalhador venha a se dedicar, adquirindo novas competências paia ter condições de crescer dentro da empresa. No entanto, segundo Campos (1992), o maior elemento motivador para o funcionário é a sua valorização como indivíduo e como profissional competente, não se deixando de considerar o status com a elevação na cadeia hierárquica e a diminuição das exigências físicas na nova função.

Relativamente às ferramentas utilizadas pelo trabalhador, conforme apresentado por Sell e Rocha (1989), verifica-se que a motosserra é pouco ergonômica, o cabo de apoio com

dimensão uniforme em toda a sua extensão ocasiona uma pressão desigual dos dedos sobre a sua superfície, fazendo com que alguns dedos realizem um grande esforço e outros praticamente não sejam solicitados. Um outro problema observado é o fato de que, ao ser realizado um corte na horizontal, o ângulo de flexão da mão com relação ao antebraço é maior que 60°, sendo incômodo para o trabalhador, e em função disso ele se inclina para o lado para amenizar essa flexão, tomando uma posição inadequada. Para a etapa de traçamento, quando é feito o corte na vertical, o motosserrista inclina-se para a frente, adotando uma postura incorreta, no entanto com menor prejuízo do que a anterior.

Devido k grande exigência física para os trabalhadores do sistema de exploração florestal tradicional (Darss, 1979; Machado e Malinovski, s.d.; Souza, 1992), e mesmo como forma de respeito às características fisiológicas das mulheres, verifica-se que a sua presença de forma intensiva nesse setor é dificultada.

Souza (1992), recomenda que, com referência de um levantamento do dispêndio energético de trabalhadores florestais do sistema tradicional em janeiro de 1990 no estado da Bahia, os motosserristas devem trabalhar 46 minutos e repousar 14 minutos em cada hora de trabalho.

A exigência de o motosserrista realizar as operações de corte em uma região próxima ao solo, conjuntamente com o fato de a motosserra possuir um peso que causa um momento sobre a coluna do trabalhador, fazem com que essa operação seja realizada com menor desgaste físico por pessoas de estatura menor, sendo recomendados valores entre 1,55 e l,65m (Cipa, s.d.).

Com relação às posturas a serem adotadas pelo motosserrista, quando em operação de corte, é importante que seja mantida a sua coluna vertebral reta, aumentando o equilíbrio, diminuindo os esforços físicos e conseqüentemente proporcionando uma maior conservação de sua saúde (Barreira, 1989; Cipa, s.d.). Para que isso ocorra, é necessário que o trabalhador flexione suas pernas no momento de avançar com a motosserra sobre o tronco, fazendo com que o seu corpo seja apoiado sobre a máquina, aliviando assim esforços para o motoserrista e auxiliando no próprio corte. Apresentam-se a seguir duas figuras que indicam as posturas corretas a serem adotadas nos momentos de derrubada e traçamento.

Figura 3.13 -

Figura 3.14 -

Postura correta a ser adotada pelo motoserrista para a derrubada da árvore.

O treinamento é fundamental para que sejam amenizados os distúrbios físicos causados pela má postura e operação incorreta da motosserra. Para evitar os problemas de vícios, é recomendável que o treinamento seja realizado nos primeiros contatos dos trabalhadores com a motosserra, permitindo assim a formação de uma imagem operatória ergonomicamente correta do trabalho.

Segundo dados bibliográficos, verifica-se que é na primeira hora do trabalho que ocorrem os maiores índices de acidentes. Devido ao fato de a atividade apresentar uma grande solicitação física, observa-se que é muito importante que o motosserrista realize um aquecimento inicial para ativar o seu sistema cardiovascular e muscular. Esses exercícios devem ser executados com o acompanhamento de um profissional competente.

Machado (1994) apresenta algumas estratégias a serem utilizadas para amenizar o efeito de ventos fortes no momento de corte: a execução de forma progressiva, de modo que o primeiro corte deve ser realizado no início da área, em sentido contrário ao do vento, em abates alternados, e o segundo corte deve ser feito nas pequenas áreas remanescentes.

4. Análise ergonômica - sistema mecanizado

Com o intuito de alcançar os objetivos propostos pelo trabalho, ou seja, validar ou refutar as hipóteses apresentadas, apresenta-se agora um estudo ergonômico em um ambiente florestal que se utiliza de um sistema mecanizado, em um posto de trabalho correlato ao posto analisado no sistema tradicional, apresentado no capítulo terceiro, e com as mesmas funções produtivas perante a organização.

O levantamento dos dados específicos da atividade estudada foi obtido através de uma pesquisa de campo realizada na empresa Aracruz Papel e Celulose S.A. (Aracruz/ES), seguindo a metodologia apresentada no capítulo primeiro.

4.1 Delimitação do sistema Homem-Tarefa

A análise ergonômica foi realizada em um posto de trabalho chamado "Posto de Operação do Trator Harvester", que tem o objetivo de fornecer toras de madeira sem galhos, com um comprimento de 3m e dispostas paralelamente no ambiente florestal.

Os elementos que influenciam o posto foram analisados tomando como referência uma amostra representativa na empresa Aracruz Papel e Celulose S.A. Esse posto correlaciona-se principalmente com os postos delimitados pelos operários responsáveis pela manutenção dos tratores Harvesters, supervisor, encarregado do setor e demais colegas integrantes de postos semelhantes ao analisado especificamente.

O espaço geográfico que compreende o posto representa, em termos de atuação direta do trabalhador, a área interna da cabine do trator Harvester; no entanto, o espaço de atuação com o produto processado e com o meio ambiente corresponde ao conjunto da lança do trator, a árvore que está sendo cortada e as demais árvores que estão próximas e o terreno e

suas características antes e durante o abate das árvores.

Pela necessidade metodológica são definidos fatores limitantes para a análise ergonômica, sendo considerados: o trabalhador e sua interação física com a máquina e o meio ambiente, as informações realmente significativas para permitir a concretização do trabalho e a interação do homem com os elementos geradores dos sinais, tanto de entrada como de saída. Não serão considerados de forma intensiva os aspectos sociais e biomecânicos.

Apresentam-se a seguir duas figuras; a primeira demonstra o trator Harvester no

ambiente florestal executando a etapa de desgalhamento, permitindo visualizar

preliminarmente o ambiente no qual o trator atua e as características do produto trabalhado.

A foto seguinte demonstra uma vista frontal do interior da cabine do trator, observando-se

sumariamente a posição do assento, o espaço, que é restrito, e os principais comandos

utilizados.

Figura 4.1 - Trator Harvester em ação no ambiente florestal.

4.2 Elementos que compõe o sistema Homem-Tarefa

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