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7.1 – CONCLUSÕES

Esse trabalho teve por objetivo avaliar a potencialidade do uso conjunto dos resíduos de CCA, lodo de ETA e cinza da lenha para o uso como matérias-primas cerâmicas para produção de blocos e revestimentos cerâmicos. Com base nos resultados obtidos pode- se concluir que:

7.1.1 – Caracterização Ambiental

Com relação à caracterização ambiental a CCA, o lodo ETA e a cinza de lenha foram classificados como Classe II A (Não Inerte).

7.1.2 – Caracterização Físico-Mineralógica

a) Os resíduos estudados apresentaram composição granulométrica adequada para

uso como matérias-primas cerâmicas

b) As argilas 1 e 2 apresentaram distribuição granulométrica compatíveis para o uso em cerâmica vermelha para produção de blocos e revestimentos cerâmicos;

c) O lodo de ETA estudado apresentou composição química com teor elevado de ferro apresentando coloração vermelha após sinterização a 800 ºC;

d) Os resíduos estudados apresentaram as seguintes fases mineralógicas: mica, caulinita, quatzo, cristobalita, gibsita, óxido de cálcio e aluminato de magnésio.

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7.2 – DELINEAMENTO DE MISTURAS: ESTUDO ESTATÍSTICO

a) O delineamento de misturas mostrou-se adequado para a obtenção de modelos

matemáticos, estatisticamente significativos, que relacionam as propriedades físico-mecânicas com as proporções das matérias-primas utilizadas;

b) O procedimento de planejamento experimental utilizado permitiu maximizar a

quantidade de resíduo incorporado às formulações para blocos e revestimentos cerâmicos e minimizar o tempo de estudo para a otimização das quantidades de resíduos frente às propriedades do produto final;

c) A otimização do planejamento experimental é de grande importância para o

desenvolvimento de tecnologias de reciclagem, que em geral vem sendo realizadas de forma empírica, e que ganham a cada dia mais importância para o melhor aproveitamento de resíduos.

7.3– CARACTERIZAÇÃO TECNOLÓGICA

7.3.1 – Revestimentos Cerâmicos

a) As massas cerâmicas incorporadas com resíduos apresentaram resultados

compatíveis com as especificações da ABNT para uso em piso cerâmico com exceção do resíduo da cinza da lenha;

b) Os pisos cerâmicos incorporados com resíduos foram classificados de acordo

com as especificações da ABNT NBR 13818 (1997), como material poroso (Grupo BIII) para as temperaturas de 1000 °C e 1100 °C, semi-poroso (Grupo BIIb) para a temperatura de 1150 °C e grés (Grupo BIb) para as temperaturas de 1100 °C e 1150 °C;

c) Os revestimentos cerâmicos após queima na temperatura de 1150 °C

apresentaram as seguintes fases mineralógicas: anortita, hematita, quartzo e mulita.

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7.3.2 – Blocos Cerâmicos

a) Com base na norma ABNT 15270 (2005) e pelos limites preconizados por Salge

& Barzaghi (1982), todas as composições com até 25% de resíduos após a sinterização nas temperaturas de 900 °C e 1000 °C apresentaram potencial de utilização em blocos e telhas cerâmicas;

b) Dentre todas as composições encontradas no triângulo da superfície de resposta,

as composições binárias A e A1 nas temperaturas de 900 °C e 1000 °C e B na temperatura de 1000 °C, além da composição ternária C nas temperaturas de 900 °C e 1000 °C são bastante promissoras, pois atenderam as normas vigentes para a produção de blocos cerâmicos;

c) Os blocos cerâmicos após queima na temperatura de 1150 °C apresentaram as

seguintes fases mineralógicas: anortita, quartzo e mulita.

7.4– CONCLUSÃO FINAL

Os resultados obtidos mostram a importância do estudo de massas cerâmicas com a incorporação de resíduos e a viabilidade na obtenção de composições com comportamento físico-mecânico satisfatório, de acordo com as especificações vigentes atualmente para a utilização na produção de blocos e revestimentos cerâmicos.

Nos ensaios preliminares observou-se que para a composição A o incremento de lodo de ETA aumenta a retração, enquanto que a CCA possibilita uma melhora nesta propriedade para as temperaturas de 900 °C e 1000 °C. Em relação a composição B, verificou-se que com a adição de cinza de lenha nas temperaturas 900 °C e 1000 °C acarretou uma discreta melhora da retração, e o acréscimo de CCA na temperatura de 1000 °C aumentou esta propriedade.

As composições que apresentaram um maior potencial de utilização foram: a composição A na temperatura de 1100 °C e 1150 °C e a composição C na temperatura de 1150 °C por apresentarem elevada resistência mecânica e baixa absorção para revestimentos cerâmicos e assim classificadas como grés e material semi-poroso

139 respectivamente. Já para blocos cerâmicos as composições A, A1, B e C na temperatura de 1000 °C foram as que apresentaram melhores resultados de AA e MRF.

Além dos resíduos analisados neste trabalho poderem ser uma alternativa para a redução de custos, os mesmos não possuem uso industrial significativo, também representam uma solução ambientalmente adequada por possibilitar o seu aproveitamento de forma a garantir a redução do potencial de poluição em áreas degradadas.

O estudo desenvolvido com as composições incorporadas com resíduos poderá trazer inúmeros benefícios às indústrias cerâmicas de forma geral, visto que atualmente as jazidas de argila se encontram em escassez em determinadas regiões do Brasil.

Este estudo que se estende desde os ensaios de caracterização físico-mineralógicos, seguido pelos ensaios tecnológicos em escala de laboratório e piloto, necessita ser complementado, para que sua utilização em escala industrial possa ser adequadamente conduzida de forma a solucionar problemas específicos do processamento industrial impossíveis de serem previstos nesta etapa prévia que tradicionalmente antecede seu uso corrente na de produção industrial.

7.5– RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Visando contribuir para pesquisas futuras que permitam a continuação dos estudos de composições formuladas com as argilas e os resíduos de CCA, lodo de ETA e cinza de lenha, pode-se sugerir os seguintes pontos:

- estudar a viabilidade econômica da aplicação das composições de argilas e resíduos que atenderam às normas vigentes;

- realizar um estudo piloto em uma indústria cerâmica para se verificar a possibilidade da utilização das composições ótimas in loco;

- analisar as composições estudadas com outras temperaturas de sinterização para revestimento e blocos cerâmicos.

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