• Nenhum resultado encontrado

CONCLUSÕES E SUGESTÕES DE TRABALHO FUTUROS

No documento Argamassa de alto desempenho (páginas 119-124)

5.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A abordagem do tema “Reaproveitamento de Resíduos” no contexto do Ambiente Construído demonstra a importância do assunto, não apenas na concepção e produção da edificação, mas dentro das cadeias produtivas do setor da Construção Civil. Trata-se da tendência mundial na busca pelo reaproveitamento em detrimento da exploração exacerbada.

Dentro deste contexto, a indústria da Construção Civil busca de maneira constante e insistente, materiais alternativos ecologicamente corretos, usando subprodutos que venham atender as condições de redução de custos, agilidade de execução, durabilidade e melhoria das propriedades mecânicas visando, principalmente, a redução da extração de materiais naturais, utilizando resíduos recicláveis e/ou não recicláveis, solucionando, também, o problema de depósito final desses materiais.

A reciclagem de resíduos deve seguir uma metodologia adequada, para que os produtos desenvolvidos apresentem um desempenho compatível com os padrões técnicos e que não ofereçam riscos ambientais. No caso do resíduo, objeto deste estudo, constatou-se que os resultados foram compatíveis e superiores, demonstrando os grandes benefícios adquiridos por este novo produto, na confecção de argamassas.

Comprovada a superioridade das argamassas fabricadas com o agregado artificial, proveniente do britamento de resíduos de mármore, optou-se por denominar este novo material por ARGAD: Argamassa de Alto Desempenho, em analogia aos concretos, configurando uma inovação tecnológica, com características melhoradas em relação às demais argamassas, permitindo empregos mais diversificados, com menor consumo de cimento e reduzindo o preço do produto final, tornando-o mais competitivo no mercado.

Cabe ressaltar que os ensaios/ propriedades avaliadas, neste trabalho, foram definidos em função dos equipamentos e materiais disponíveis no Laboratório de Materiais de Construção da Faculdade de Engenharia Civil da UFJF; avaliações adicionais deverão ser executadas.

Constatou-se que as argamassas estudadas apresentaram valores excelentes no que se refere aos parâmetros da normalização vigente possibilitando empregos em situações

especiais como, por exemplo, pisos de alta resistência, revestimento de paredes em presídios, alvenaria estrutural (tanto como grautes, como argamassa de assentamento) dentre outros.

Diante do exposto percebe-se que o produto desenvolvido, é baseado em conceitos sociais (reaproveitamentos de resíduos), ambientais (eliminação de área de deposição de resíduos e redução das áreas de extração de matéria prima para agregados), econômicos (valorização de produto atualmente descartado pelas mineradoras e marmorarias) e técnicos (estudo da viabilidade técnica em detrimento a areia convencional (natural)).

A seguir são apresentadas as principais conclusões das propriedades estudadas:

5.2 PRIMEIRA ETAPA DO PROGRAMA EXPERIMENTAL

i) Resistência à Compressão Axial (fc):

As argamassas confeccionadas com AA possuem maiores resistência à compressão axial do que as com areia natural, devido à utilização de um agregado com baixa absorção de água e na granulometria da zona ótima. Salienta-se que esta propriedade está na ordem de 1,5 a 4 vezes superior às argamassas confeccionadas com areia natural.

O emprego da cal proporcionou uma convergência da resistência à compressão axial para um único valor, independente das relações entre os demais materiais, sendo positivos os benefícios dela somente para argamassas pobres, nas quais garante maior plasticidade e coesão.

Os traços estudados classificam-se, segundo a NBR 13.281, 2005 na categoria P5 e P6, ou seja, argamassas de alta resistência.

ii) Velocidade de Propagação de Pulso Ultrassônico (V):

Constata-se que as argamassas com AA possuem maiores valores para velocidade de propagação de pulso ultrassônico quando comparadas com a areia natural, sobretudo para os traços sem cal, o que está associado à baixa absorção do agregado, ou seja, menor porosidade aliada à distribuição granulométrica e massa específica do agregado, fornecendo uma argamassa mais compacta e densa.

5.3 SEGUNDA ESTAPA DO PROGRAMA EXPERIMENTAL

iii) Resistência à Tração por Compressão Diametral (fct,sp):

As argamassas com AA apresentaram comportamento similar ao da resistência à compressão axial, obtendo-se a correlação: fct,sp = 0,17 fc.

iv) Módulo de Elasticidade Estático (Eci)

O Módulo de Elasticidade Estático possui valores elevados para as argamassas sem cal, devido à maior compacidade, e pelo menor volume de vazios existentes nas argamassas. As correlações obtidas permitem estimar o módulo de elasticidade estático das argamassas a partir da resistência à compressão axial, e da tração por compressão diametral.

v) Dureza Superficial (Esclerômetro de Reflexão)

A dureza superficial das argamassas reduz com o incremento de agregado, cal e água, assim como na fc.

vi) Resistência à Tração por arrancamento (RA)

Verifica-se que a resistência ao arrancamento (RA) é maior para os traços mais ricos e sem cal, sendo inversamente proporcional à adição de água. Constata-se que a resistência ao arrancamento é cerca 11 % a 13 % da resistência à compressão axial e próxima à resistência à compressão diametral. Segundo a NBR 13.281 (2005) classificam-se com A3, alta aderência.

vii) Absorção por Capilaridade

A cal e o teor de agregado interferem diretamente na absorção por capilaridade, uma vez que incrementam o volume de vazios, promovendo o crescimento da porosidade e uma matriz cimentícia mais permeável. Segundo a NBR 13.281 (2005) classificam-se como C4, ou seja, um comportamento mediano, e sem grandes problemas para a durabilidade das argamassas.

viii) Absorção pelo Método do Cachimbo

Pelo método do cachimbo percebe-se que permeabilidade das argamassas compostas com cal é mais eficiente, uma vez que maximiza os resultados, propiciando a indicação destas para revestimentos de fachadas, uma vez que são menos permeáveis e consequentemente têm maior durabilidade.

ix) Absorção por Imersão

Os valores de absorção por imersão são elevados para as argamassas com cal, quando comparadas com as sem adição deste aglomerante, prejudicando o comportamento dessas, ou seja, tornando-as mais permeáveis e menos duráveis.

x) Massa Específica Real Seca e Saturada e Índice de Vazios

Constata-se que o índice de vazios é influenciado diretamente pela presença da cal e que a inserção de água tende a alterar esta propriedade.

A massa específica saturada apresenta-se superior à seca, demonstrando que os poros internos das argamassas são permeáveis; a inserção de cal reduz os valores das massas específicas uma vez que aumenta da porosidade.

A densidade de massa no estado endurecido apresentou valores bem elevados, o que corresponde a uma argamassa mais densa, com menores volumes de vazios, logo, mais resistente à intempéries e agentes agressivos.

xi) Retração Hidráulica

Constata-se que à medida que se aumenta a quantidade água, a retração hidráulica cresce mais expressivamente nas argamassas com cal, sendo necessário um tempo maior para a estabilização das argamassas.

E, finalmente, recomenda-se a reutilização de rejeito de mármore triturado, amenizando o acúmulo de montanhas desse entulho. Essa reciclagem não só contribui para a limpeza do planeta, mas também possibilita um melhor aproveitamento desses recursos, além

de promover uma nova proposta na produção de argamassa de baixo custo e de boa qualidade, denominada de ARGAD (ARGamassa de Alto Desempenho)..

5.4 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Com o objetivo de ampliar os conhecimentos a respeito da utilização do resíduo de mármore como agregado miúdo em substituição ao agregado natural, poder-se-á realizar novas pesquisas, sob os seguintes aspectos:

 Análise microscópica, química e de durabilidade das argamassas utilizando o resíduo de mármore;

 Mantendo-se constantes as condições do método do ensaio, verificar a reprodutibilidade dos resultados desse resíduo comparada aos de outras localidades.

 Mantendo-se constantes as condições do método do ensaio, verificar a reprodutibilidade dos resultados comparada aos de outros tipos de cimento.

No documento Argamassa de alto desempenho (páginas 119-124)

Documentos relacionados