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Ao longo deste capítulo, apresentam-se as principais conclusões obtidas a partir do estudo realizado, bem como da análise interpretativa dos resultados enunciados e discutidos no capítulo anterior, com o objetivo de dar resposta à problemática definida. Para além disto, serão também referidas os constrangimentos que poderão ter limitado o estudo.

Partindo da problemática definida Educação Inclusiva na Escola: Que interação e relação entre pares?, foi elaborada uma investigação que teve como base o desenvolvimento de processos de trabalho cooperativo como estratégia facilitadora de inclusão, numa turma de 2.º ano. Assim, de acordo com o objetivo definido para este estudo é possível retirar um conjunto de conclusões a partir dos dados obtidos.

Numa fase inicial, o trabalho cooperativo exigiu uma preparação rigorosa e cuidada por parte do professor, uma vez que este requer um plano detalhado para as diferentes etapas, bem como para a preparação dos materiais. Através do desenvolvimento de processos de trabalho cooperativo que foi proposto aos alunos, pretendia-se atenuar os conflitos existentes e, consequentemente, promover uma interação positiva entre pares. Desta forma, com este trabalho parte-se do princípio de que a escola deve ser um espaço privilegiado de educação para a cidadania e promoção de experiências de aprendizagens diversificadas que permitam o efetivo envolvimento dos alunos nas atividades e tarefas escolares, contribuindo para o seu desenvolvimento integral (Moreira, 2012).

Quanto maior for o número de atividades que envolvam o trabalho cooperativo, maiores serão as interações no seio do grupo, uma vez que, quando os alunos trabalham em grupos cooperativos, criam-se situações de aprendizagem que permitem o envolvimento de todos na realização das tarefas, favorecendo inevitavelmente uma maior interação entre o grupo/turma (Silva, 2009). Assim, foi possível uma grande participação dos alunos na procura de soluções como resposta aos problemas com que se deparavam. Para além disso, o diálogo entre pares, a troca e partilha de ideias e opiniões sobre as atividades realizadas, contribuíram para que os alunos se envolvessem em processos de pensamento de nível mais elevado, promovendo uma relação positiva entre eles. Todos estes aspetos se refletiram nos resultados obtidos no trabalho final pelos alunos participantes.

41 Foi igualmente notório que o trabalho cooperativo, em grupos heterogéneos, possibilitou a colaboração dos pares mais competentes o que favoreceu a participação dos colegas menos capazes, ajudando-os na superação das suas dificuldades.

A análise dos resultados permitiu concluir que, em geral, verificou-se uma melhoria ao nível das interações entre os pares no grupo/turma, nomeadamente no aumento e diversificação das escolhas e, consequentemente, numa dispersão das rejeições. No que diz respeito aos alunos com NEE, dois deles deixaram o estatuto de indiferença sociométrica e, passaram a ser escolhidos pelos pares. No entanto, importa realçar que o terceiro aluno com NEE não revelou qualquer melhoria na sua posição sociométrica, o que põe em evidência a necessidade de, por um lado ser necessário um maior tempo de intervenção, e por outro, um maior cuidado na escolha dos contextos, onde poderá aprender com os colegas.

Uma resposta inclusiva passa pelo trabalho realizado em grupo, numa perspetiva cooperativa, por exemplo. Esta é uma excelente estratégia para a inclusão, pela partilha de experiências que propicia. As estruturas cooperativas permitem ao professor a possibilidade de adequar e adaptar o tema, à atividade, à turma ou à problemática em questão, devido à organização que lhe é inerente (Silva, 2011). Estratégias que envolvam estruturas cooperativas revelam-se fundamentais no desenvolvimento de interações positivas, podendo promover a inclusão, pelo que devem ser implementadas com frequência, sempre que o trabalho a realizar o permita O presente estudo foi essencial para uma melhor compreensão das relações/interações que se processam dentro da turma. Toda a informação recolhida, foi utilizada para melhorar a formação de grupos de trabalho, de forma a promover uma relação positiva entre os pares, garantido uma qualidade de ensino, e consequentemente a qualidade das aprendizagens dos alunos. De acordo com Rivier (1983), “o rendimento escolar, a colaboração no seio de uma equipa de jogo ou trabalho serão definitivamente melhores, se cada indivíduo se encontrar rodeado de companheiros com quem tem afinidades” (p. 90).

6.1. Constrangimentos e limitações do estudo

Importa, agora, referir os constrangimentos e limitações inerentes ao estudo. Primeiramente, salientar que não foi tarefa fácil colocar os alunos a desenvolver processos de trabalho cooperativo, sobretudo por existirem conflitos recorrentes entre os pares e por se recusarem a trabalhar com determinados colegas. De ressalvar, igualmente, a pouca abertura e acessibilidade, por parte do professor cooperante, no

42 decorrer do percurso interventivo que também se revelou um entrave ao desenvolvimento do estudo. Houve uma pressão constante em dar continuidade aos conteúdos a lecionar, o que dificultou a dinamização de atividades planeadas para a investigação. A implementação de atividades de trabalho cooperativo foi restrita e limitada, uma vez que, de acordo com o professor, estas comprometiam o cumprimento do programa e, consequentemente, afetavam a carga horária semanal letiva.

Considero que os obstáculos existentes influenciaram o desenvolvimento do estudo e condicionaram o sucesso dos resultados. A resistência evidenciada, por parte do professor cooperante, no desenvolvimento de atividades que envolvessem o trabalho cooperativo proporcionou uma evolução pouco significativa dos resultados obtidos, contrariamente àquilo que se expectou inicialmente. Julgo que uma maior realização de atividades de trabalho cooperativo certamente faria toda a diferença neste contexto, uma vez que seria mais frutífero, quer para os alunos, quer para o estudo.

Apesar destes constrangimentos foi possível constatar que a implementação de processos de trabalho cooperativo tem influência nas interações entre os pares, e na diminuição de situações de indiferença na relação entre os alunos.

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