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As principais conclusões deste estudo apontam para a existência de padrões atitudinais e comportamentais diferenciados em função do género dos alunos, da relação que estes estabelecem entre energia e ambiente e do desajustamento entre o conhecimento que possuem sobre as questões energéticas e a realidade.

Apesar de serem as raparigas que relatam comportamentos mais sustentáveis, são os rapazes que mostram ter mais conhecimento sobre as questões energéticas. De facto, as raparigas apresentam uma maior permeabilidade ao discurso sobre poupança de energia, sobretudo em contexto doméstico, e são quem mais associa o consumo de energia à iluminação e ao gás, mas é também entre elas que se verifica um maior desconhecimento sobre as questões energéticas.

No que respeita à relação entre energia e ambiente, os alunos revelam uma preocupação significativa com os riscos ambientais, sendo esta a principal razão apontada para a importância dos comportamentos de conservação de energia, sobre a qual mais ouvem falar em casa (e onde tentam poupar mais) do que na escola. A escola é o contexto onde os alunos mais adquirem conhecimento sobre o tema da energia e das questões energéticas, mas onde parecem estar menos preocupados com as práticas de poupança. Entre os alunos da Classe B, onde predominam os quadros técnicos, as práticas de poupança de energia e a sensibilidade ao tema adquirem mais notoriedade, bem como parece existir um maior conhecimento sobre

as questões energéticas. Já os alunos das classes sociais dos ‘extremos’ (Classes A e C) são os que referem ouvir falar menos do tema em casa.

O aparente desajustamento entre o conhecimento sobre as questões energéticas e a realidade factual concretiza-se através da desvalorização dada ao peso do sector dos transportes e dos combustíveis no consumo de energia, da sobrevalorização da indústria como grande consumidor de energia, do destaque dado às energias renováveis como fontes energética do futuro e à pouca informação relativa aos consumos dos equipamentos eléctricos. Também o efeito da mediatização à volta deste tema, através da exposição televisiva a que estes estudantes estão sujeitos, acaba por ter como consequência o desenvolvimento de uma “crença prometaica” relativamente ao peso das energias renováveis, sobretudo entre os alunos mais velhos e das áreas de Ciências e Tecnologias e Ciências Socioeconómicas. Todos estes aspectos implicam o desenvolvimento de um plano estruturado de comunicação a concretizar em contexto escolar, de modo a permitir: a) a consolidação do conhecimento adequado que já existe, b) a dissolução dos mitos sobre a energia e, c) a promoção de comportamentos efectivamente sustentáveis de uso de eficiente de energia nos vários contextos em que se movem (casa, escola, etc.).

Assim, e apesar de alguns aparentes bloqueios, o tema da energia pode (e deve!) ser considerado como um mote para a mudança de comportamentos, gradualmente mais sustentáveis, baseados em percepções mais ajustadas à realidade nos vários aspectos que se relacionam com as questões energéticas.

As etapas futuras do desenvolvimento deste projecto implicam o alargamento do inquérito sobre uso de energia a outros sectores da população escolar, designadamente, os professores e o pessoal não docente, e o desenho de um plano estruturado de comunicação sobre questões energéticas.

Lisboa e Laboratório Nacional de Engenharia Civil, em

VISTO

A Chefe do Núcleo de Ecologia Social

Marluci Menezes

O Director do Departamento de Edifícios

Jorge M. Grandão Lopes

Lisboa e Laboratório Nacional de Engenharia Civil, em Fevereiro de 2011.

AUTORIA

A Chefe do Núcleo de Ecologia

Margarida Rebelo Psicóloga Social Investigadora Auxiliar

O Director do Departamento de

Jorge M. Grandão Lopes

Marluci Menezes Geógrafa/Antropóloga Investigadora Auxiliar Sílvia Almeida Socióloga Bolseira de Investigação FCT Luísa Schmidt Socióloga

Investigadora Principal – ICS/UL

Ana Horta Socióloga Bolseira de Pós-Doutoramento Augusta Correia Psicóloga Social Bolseira de Investigação FCT Susana Fonseca Socióloga Bolseira – ICS/UL Investigadora Auxiliar Geógrafa/Antropóloga Investigadora Auxiliar Bolseira de Investigação FCT ICS/UL Doutoramento – ICS/UL

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