• Nenhum resultado encontrado

Este trabalho discutiu questões relativas à seleção adversa e risco moral no mercado de crédito na forma de ensaios. Os conceitos teóricos de seleção adversa e risco moral assim como suas implicações para variáveis como spread, inadimplência, volume de crédito como percentual do PIB entre outras foram discutidas no capítulo 2. Neste mesmo capítulo introduziu-se a noção do compartilhamento de informação como possível solução para estes problemas.

Os ensaios apresentados buscaram entender como o compartilhamento de informação melhora os indicadores do mercado citados acima (inadimplência, volume de crédito com percentual do PIB, dentre outros). Para isso, buscou-se, à luz da revisão bibliográfica, construir e interpretar equações que testavam as teorias levantadas pelos autores consultados.

Um diferencial apresentado por este trabalho é o tratamento empírico para a questão do compartilhamento de informação. São poucos os artigos que o fazem, como Djankov, Mcliesh e Shleifer (2007) e Kallberg e Udell (2003). Além disso, trabalhou-se com dados em painel, técnica utilizada apenas em Djankov, Mcliesh e Shleifer (2007), e de forma a complementar aos estudos em cross section. Vale notar também que os dados aqui utilizados são mais recentes (2003 a 2010) do que aqueles empregados na literatura citada acima.

Deve-se notar também que nenhum trabalho empírico traz a discussão do impacto da concentração bancária no compartilhamento de informação. Os trabalhos encontrados sobre o tema tratam o problema de maneira teórica, como em Pagano e Japelli (1993), Japelli e Pagano (2000), Padilla e Pagano (1997). A contribuição para este ponto foi feita no capítulo 6, mostrando que o índice de concentração bancária tem impacto significante e negativo no indicador de profundidade de informação de crédito trocada entre os bancos. Este resultado indica que a concentração bancária pode limitar a profundidade das trocas de informação de crédito. Daí pode-se derivar como sugestão de política pública, a necessidade da atenção do regulador à concentração bancária do mercado, evitando problemas de incentivos relacionados à assimetria informacional.

Outros dois resultados encontrados em relação ao impacto da concentração bancária na troca de informação são aqueles que mediram sua influência na cobertura dos sistemas de

informação. Nestes ensaios mostrou-se que a concentração bancária não tem significância na cobertura dos bureaus, sejam eles, públicos (sessão 6.5) ou privados (sessão 6.6).

Este conjunto de resultados pode indicar que a economia de escala dos sistemas de informação pode possuir mais efeito na cobertura dos bureaus que a própria concentração bancária. Ou seja, uma vez que um participante decidiu disponibilizar informação, os outros também são incentivados a fazê-lo, aumentando taxa da população com informações de crédito disponíveis nos bureaus. Já a concentração bancária pode influenciar no tipo de informação compartilhada. Mesmo em um mercado concentrado, há interesse dos bancos em compartilhar indicadores de inadimplência (negativos). No entanto, as características dos clientes, (informações positivas), podem permanecer como informação privada a cada participante do mercado.

Outro ponto importante de discussão apontado no capítulo 6 foi a complementariedade entre as instituições de força legal e o compartilhamento de informação. Há a indicação de que estes funcionam melhor juntos, ou seja, são complementares, vide Djankov, McLiesh e Shleifer (2007) e Doing Business (2012). Estes resultados foram obtidos nas equações da sessão 6.1, 6.2 e no ensaio da sessão 6.4, comprovando a importância das instituições de direito legal do credor e compartilhamento de informação para o mercado de crédito.

Os ensaios incluíram não linearidades nas variáveis de interesse. Os trabalhos empíricos existentes não utilizam este tipo de artifício.

Como tópico de pesquisa futura sugere-se a avaliação do impacto do compartilhamento de informações positivas no mercado de crédito. O indicador de profundidade de informação de crédito do Doing Business utilizado neste trabalho possui como critério, a troca de informações positivas. No entanto, seria interessante decompor este indicador em seus seis quesitos para avaliar o impacto destes individualmente, principalmente o referente ao compartilhamento de características dos tomadores.

Referências

Afanasieff, T. S.; Lhacer, P. M. V.; Nakane, M. I. The Determinants of Bank Interest Spread

in Brazil. Research Department, Banco Central do Brasil, ago. 2002.

Afonso, J. Roberto; Köhler, M. Antonio; Freitas, P. S. de. Evolução e determinantes do

spread bancário no Brasil. Centro de estudos da consultoria do senado federal, Brasília, DF,

textos para discussão 61, ago.2009.

Annibal, C. A.; Koyama, S. M. Determinantes Macroeconômicos da Inadimplência Bancária

de Pessoas Jurídicas no Brasil. Relatório de Economia Bancária, p.109 -123, 2009.

Araujo, Aloisio; Funchal, Bruno. Credit markets in Brazil: Institutional reforms and growth. Bhattacharya, Kaushik. How good is the BankScope database? A cross-validation exercise with correction factors for market concentration measures. Bank for International Settlements working paper, n. 133, sep. 2003

BENEFITS of sharing positive consumer credit data. Banking Development Department, mar.

2006.

Blum, Denis; Nakane; Márcio I. O impacto de requerimentos de capital na oferta de crédito

bancário no Brasil. ANPEC, encontro 2005. Diponível em:

<http://www.anpec.org.br/encontro2005/artigos/A05A085.pdf>. Acesso em 31 mai. 2012. BUREAU VAN DIJK. Bankscope: World banking information source. Disponível em: <http://www.bvdinfo.com/Products/Company-

Information/International/BANKSCOPE.aspx>. Acesso em 27 nov. 2011.

Cruz, André P. da. Impactos de fatores condicionantes do volume de crédito. 2004. 127 f. Dissertação (Mestrado em Administração) – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004.

Dantas, J. A.; Medeiros, O. R. de; Paulo, E. Relação entre concentração e rentabilidade no

setor bancário brasileiro. R. Cont. Fin. – USP, São Paulo, v. 22, n. 55, p. 5-28,

jan./fev./mar./abr. 2011.

Dell´Ariccia, Giovanni. Asymmetric information and the market structure of the banking

Djankov, Simeon; Mcliesh, Carlee; Shleifer, Andrei. Private credit in 129 Countries. Journal of Financial Economics, n. 84, p. 299 - 329, 2007.

DOING BUSINESS. Getting Credit. Disponível em: <

http://www.doingbusiness.org/reports/global-

reports/~/media/FPDKM/Doing%20Business/Documents/Annual-Reports/English/DB12- Chapters/Getting-Credit.pdf >. Acesso em: out. 2011

DOING BUSINESS. About Doing Business: measuring for impact. C2012. Disponível em: <http://www.doingbusiness.org/~/media/FPDKM/Doing%20Business/Documents/Annual- Reports/English/DB12-Chapters/About-Doing-Business.pdf. Acesso em mai. 2012

ECB – European Central Bank. Empirical Determinants of non-performing loans. Financial Stability Review, p. 132 – 139, dez. 2011. Disponível em: <http://www.ecb.europa.eu/pub/fsr/shared/pdf/ivbfinancialstabilityreview201112en.pdf?a935 0c6e14aff52177cd1e122e4e921f>. Acesso em: 01 jun. 2012.

Espinoza, R.; Prasad, A. Nonperforming Loans in the GCC Banking System and their

Macroeconomic Effects. International Monetary Fund, IMF Working Paper, out. 2010.

Ewert, Ralf; Schenk, Gerald; Szczesny, Andrea. Determinants of bank lending performance

in Germany: Evidence from Credit File Data. Schmalenbach Business Review, v. 52, p. 344

362, Out. 2000.

Freixas, X.; Rochet, J.-C. Microeconomics of banking. 2nd ed. The MIT Press, 2008.

Fucidji, J. R.; Mendonça, D. de P. Determinantes do Crédito Bancário: uma análise com dados em painel para as maiores instituições. ANPEC, encontro 2007. Disponível em: <http://www.anpec.org.br/encontro2007/artigos/A07A008.pdf>. Acesso em: 31 mai. 2012. Granados, R. M. Test de Hausman. Universidad de Granada, set. 2005.

Guo, Kai; Stepanyan, Vahram. Determinants of bank credit in Emerging Market Economies. International Monetary Fund, IMF Working Paper, mar. 2011.

Jappeli, Tullio; Pagano, Marco. Informatiom sharing in credit Markets: a suvey, 2000. CSEF – Centro Studi in Economia e Finanza. Working paper, n. 36.

Kallberg, Jarl G.; Udell, Gregory. The value of private sector business credit information

sharing: The US case, 2003. Journal of Banking & Finance, v. 27, p.449 – 469.

Kelly, Robert; McQuinn, Kieran; Stuart, Rebecca. Exploring the Steady-State Relationship

between Credit and GDP for a Small Open Economy: The Case of Ireland. Central Bank of

Ireland, 2011

Linardi, F. de Menezes; Ferreira, M. Sayar. Spread bancário e os determinantes da

Inadimplência.

Moreno, C. A. Q.; Moreno, D.F.; Estrada, D. Credit determinants and their impacto n firm´s

growth in Colombia. Banco de la República Colombia, Reporte de estabilidad financeira, mar.

2012.

OECD. Facilitating access to finance. Discussion paper on credit information sharing. Disponível em: <http://www.oecd.org/dataoecd/37/1/45370071.pdf>. Acesso em: 25 mar. 2012.

Oliveira, G. C. de; Carvalho, C. E. O componente “custo de oportunidade” do spread

bancário no Brasil: uma abordagem pós-keynesiana. Economia e Sociedade, Campinas, v.

16, n. 3 (31), p. 371-404, dez. 2007.

Oreiro, José Luís da Costa et al. Determinantes macroeconômicos do spread bancário no

Brasil: Teoria e evidência recente. Econ. Aplic., São Paulo, v. 10, n. 4, p. 609-634, Out/Dez

2006.

Padilla, A. Jorge; Pagano, Marco. Endogenous communication among lenders and

entrepreneurial incentives. The Review of Financial Studies, v.10, n.1, p. 205-236, 1997.

Padilla, A. Jorge; Pagano, Marco. Sharing default information as a borrower discipline

device. European Economic Review, n.44, p. 1951 – 1980, 2000.

Pagano, Marco; Jappelli, Tullio. Information Sharing in Credit Markets. Journal of Finance, v.48, n.5, Dec. 1993.

Rinaldi, L.; Arellano, A. S.-. Household debt sustainability, What explains household non-

Rubaszek, Michal; Serwa, Dobromil. Determinants of credit to households in a life-cycle

model. European Central Bank, Working paper series, n.1420, fev. 2012.

Shy, Oz. Industrial Organization: Theory and applications. The MIT Press, 1996.

Snyder, C.; Nicholson, W. Microeconomic Theory: Basic principles and extensions. 10th ed. Thomson, 2008.

Souza, G. J. de G. e. A Trajetória dos Juros, do Spread e da Inadimplência no Brasil

contemporâneo. SERASA: Revista tecnologia de crédito, n.66. Disponível em:

<http://www.experian-da.com/resources/instant/experianpublications/Tec_Cred66_ALL.pdf>. Acesso em: 28 mai. 2012.

Souza, M. C. de; Funchal, B.; Baptista, É. Nova Lei de Falências: Efeitos na estrutura de

capital das empresas brasileiras.

Stadler, I. Macho-; Castrillo, J. D. Pérez-. An introduction to the economics of information: Incentives and contracts. 2nd ed. Oxford, 2009.

Tan, T. B. P. Determinants of Credit Growth and Interest Margins in the Philippines and

Asia. International Monetary Fund Working Paper, mai. 2012.

Wooldridge, Jeffrey M. Introdução à econometria: Uma abordagem moderna. São Paulo: Cengage Learning, 2011.

Documentos relacionados