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A Ação Social no Ensino Superior é uma ferramenta fundamental de política social, capaz de promover a igualdade de oportunidades e a equidade social no Ensino Superior, permitindo o acesso e frequência deste nível de ensino a um conjunto de jovens estudantes oriundos de agregados familiares economicamente carenciados. Trata-se de um conjunto significativo de estudantes que sem este tipo de apoios ficaria excluído deste nível educacional e, consequentemente, impossibilitados de usufruir dos benefícios pessoais e profissionais que o Ensino Superior lhes pode proporcionar.

A recente extensão do Ensino Superior português a novos públicos, trouxe consigo um leque de estudantes nacionais e estrangeiros de várias origens sociais, incluindo um número crescente de jovens com carências socioeconómicas, que se depara com grandes dificuldades em suportar os elevados custos inerentes à frequência do ciclo de estudos que se propõem realizar.

É para estes alunos, que os serviços sociais procuraram melhorar os serviços prestados, na tentativa de os conseguir acolher, integrar e acompanhar ao longo do seu percurso académico, permitindo-lhes frequentar o Ensino Superior com dignidade e melhores condições de vida. A Ação Social é, desta forma, considerada um aspeto essencial para a melhoria das condições de acesso, frequência e conclusão do Ensino Superior, no sentido de caminharmos para a meta de 40% de diplomados na faixa etária dos 30-34 anos, conforme preconizado na estratégia Europa 2020 (Governo de Portugal, 2014).

Também o estudo do IAU (2008) refere que a Educação é um elemento fundamental de justiça, coesão e inclusão social na atual sociedade do conhecimento, sendo portanto imprescindível que as instituições de Ensino Superior e os governos atuem em parceria para criar mecanismos eficazes de apoio aos estudantes, especialmente aos mais carenciados que, de outra forma, ficarão excluídos do Ensino Superior.

Woodhall (2009) defende que o Ensino Superior deve ser um investimento público e privado, referindo-se à tendência da transferência dos custos do Ensino Superior dos contribuintes em geral para os indivíduos que o frequentam, através de mecanismos como o aumento de propinas e dos preços de alojamento e alimentação nas escolas, ou a substituição de bolsas de estudo por empréstimos aos estudantes, e essa linha de pensamento segundo a nossa opinião e inclusive do autor, essa partilha de custos poderá não ser necessariamente um obstáculo ao acesso e frequência do Ensino Superior, desde que seja acompanhado por sistemas de apoio eficazes aos

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192 / 211 estudantes economicamente carenciados, através de bolsas de estudo ou mesmo empréstimos justos e flexíveis.

Mas o facto é que coexistirmos com cidadãos com carências de diversa ordem, nomeadamente ordem económica, que podem constituir um impedimento para que se realizem plenamente e que, em simultâneo, possam dar o seu contributo válido para o desenvolvimento da sociedade em que se inserem (Jerónimo, 2010).

Constatámos que os pais dos estudantes bolseiros apresentam maioritariamente uma escolaridade que representa uma fragilidade, tendo em conta que a sociedade atual é cada vez mais exigente no que diz respeito às qualificações da população ativa. São, portanto, trabalhadores tendencialmente com baixos rendimentos e, consequentemente, sujeitos a maior instabilidade laboral.

Podemos pressupor quase que intuitivamente que com a conjugação dos apoios, com a seleção da Instituição, com o nível de desemprego e outros, que as bolseiros e o seu agregado familiar passam dificuldades financeiras que deverão ser ponderadas e analisadas.

Salientamos que a caracterização da amostra do estudo dá-nos indicadores que não deverão ser menosprezados. Quando colocamos a questão da importância do apoio social para o acesso e frequência do Ensino Superior, a resposta é inequívoca, fundamental.

Por outro lado, quando nos questionamos se a os apoios sociais são suficientes, a resposta não é de todo satisfatória. Verificamos que muito se tem feito nos últimos tempos em prol da luta pela igualdade no acesso ao Ensino Superior. É incomparável ver o que existia e o que existe. Mas esse facto não poderá mascarar o que ainda precisa de ser feito. O caminho deverá continuar e deverá atravessar campos mais vastos da sociedade e política nacional, mas tem obrigatoriamente de ser realizado.

O desempenho das instituições do Ensino Superior é particularmente importante dada a conjuntura atual. Ou seja, o facto de possibilitar refeições tão basilares como a do almoço, a custo relativamente baixo, não deve ser desenquadrado da situação económico-financeira vivida pelas famílias portuguesas. Nesta linha de pensamento, porque não, tal como refere FPE (2012) aumentar a abrangência das instituições que possibilitam por exemplo o acesso ao jantar. Por vezes são algumas decisões “simples” poderão ter um impacte relevante e a ter em conta dada a necessidade de progressiva redução do orçamento familiar. Claro que perante os resultados obtidos é legítimo questionar, que sendo esta medida a mais correta, se a maior parte dos nossos

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193 / 211 inquiridos não usufruem dos refeitórios para os almoços, terá sentido oferecer a possibilidade de terem jantares? Claro que sim, o que deverá ser feito é ver o que está a correr mal, para os estudantes não comerem as suas refeições nos refeitórios.

A tendência do aumento de encargos (ex. propinas) para fazer face aos 10 % que realmente são suportados pelos alunos parece nos que deverá ser muito ponderado dado que relativamente ao papel da família na repartição de encargos e responsabilidades com a formação dos seus membros, considera-se difícil, no contexto atual, pedir um reforço do seu contributo.

Não podemos continuar a constatar opiniões de alunos bolseiros e agregados familiares onde os custos da despesa da educação no rendimento do agregado familiar são elevadíssimos. Cruzar alguns aspetos estudados pela perspetiva do bolseiro, como por exemplo, a empregabilidade, formação, expectativas, peso das despesas educativas e importância da Ação Social induz-nos um pensamento permanente e que nos assola na prossecução da igualdade, ainda é necessário efetivar mais esforços no apoio social a estas famílias carenciadas.

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