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A escola do século XXI não pode ficar indiferente às profundas mudanças - sociais, politicas, económicas e científicas - em seu redor, aos desafios colocados pela sociedade do conhecimento e da informação. Como diz Hargreaves (Hargreaves, 2001:296) “ s regras do mundo estão a mudar. Está na hora de as regras do ensino e do trabalho dos professores também mudarem”. A escola do século XXI deve garantir uma educação relevante e com qualidade para todos os alunos. Tem, imperiosamente, que se adaptar às necessidades das sociedades que serve; a adaptação é indispensável, e urgente.

Um mundo em mudança pressupõe, obrigatoriamente, uma nova abordagem da educação, um paradigma que procura uma contínua construção de saberes. Actualmente, são necessárias novas metodologias. O papel dos intervenientes no processo de ensino/aprendizagem exige uma relação mais aberta. O professor, hoje em dia, é mais o facilitador, o orientador e o potenciador de aprendizagens. O aluno possui, cada vez mais, ferramentas para aceder ao conhecimento, é cada vez mais autónomo, mais senhor do seu percurso cognitivo. O espaço escolar deixou de se confinar às paredes físicas da escola, abriu-se, definitivamente, ao mundo.

O professor é cada vez mais o agente chave da escola reinventada. O grande desafio é o de preparar os professores para usarem as tecnologias da informação nas suas disciplinas, de modo a enfrentarem as oportunidades da sociedade da informação. As tecnologias da informação e da comunicação têm-se tornado cada vez mais importantes em todo o processo de ensino/aprendizagem. Devem ser entendidas como um instrumento ao serviço da educação na medida que podem ajudar a melhorar as prestações dos alunos, aumentar-lhes a motivação e ajudá-los a conseguir melhores resultados. São inúmeras as vantagens do uso das novas tecnologias de informação e da comunicação, nas escolas: espírito de partilha, espírito de colaboração, solidariedade, ganho de tempo, conhecimento de novos mundos, acesso a mais, melhor e mais organizada informação, bem como, a diversificação das metodologias de ensino/aprendizagem.

Uma escola que não recorra aos novos meios informáticos, corre o risco de se tornar obsoleta. Como diz Adell citado por Paiva (2002:7) “as tecnologias de informação e comunicação não são mais uma ferramenta didáctica ao serviço dos professores e alunos (...) elas são e estão no mundo onde crescem os jovens que ensinamos”. Aos professores, também, lhes é exigido - bem como a toda a sociedade, em geral – que não se considerem, em momento algum da sua vida,

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plenamente formados. A sociedade do conhecimento exige uma actualização permanente, correndo o risco de o saber de hoje estar ultrapassado no dia de amanhã.

Qualquer reforma está condenada ao fracasso se privilegiar, apenas, a actualização dos conteúdos a transmitir, descurando em termos gerais, as estratégias de motivação, métodos de ensino e processos de aprendizagem que favoreçam a construção de competências básicas, o reconhecimento e a valorização das potencialidades dos alunos, assim como o desenvolvimento da capacidade de equacionar e resolver problemas, de forma autónoma, incentivando o gosto de aprender ao longo da sua vida (cf. Abreu, 2004). Os professores do século XXI devem ser especialistas de conhecimentos científicos, treinadores de processos cognitivos e emocionais, gestores de estratégias de motivação dos alunos. Estes devem promover a auto-confiança e a auto-estima dos alunos, indispensáveis ao gosto de enfrentar os problemas e ao esforço de tentar resolvê-los (Abreu, 2004).

As pessoas aprendem melhor quando fazem. A aprendizagem do saber é, essencialmente, um esforço pessoal - em muitos casos, através de intensa interacção social – no entanto, compete ao aluno uma parte fundamental de responsabilidade na construção do seu próprio currículo. A aprendizagem da ciência deve ser caracterizada pela sua interacção dinâmica em situações de aprendizagem que possibilitem aos alunos mobilizar os seus saberes e assim construírem e reconstruírem, progressivamente, a sua compreensão do mundo na sua globalidade e complexidade.

Para o sucesso, do aluno, na disciplina de Física e Química A, é importante o recurso às novas tecnologias da informação e da comunicação. No entanto, é fundamental manter alguns “padrões clássicos” de educação; que passam pela manutenção de aulas com questões, elaboração de fichas de trabalho e testes, realização de trabalhos de casa, mas também pelo uso do manual escolar. De realçar que o trabalho prático apresenta muitas virtudes e qualidades, pois valoriza o “aprender fazendo” na linha de que “quando se faz não se esquece” (Miguéns:1999).

A Internet é uma mais valia no aumento da qualidade do que se ensina e do modo como se ensina, mas os professores serão, sempre, imprescindíveis; pela sua competência, pela sua maturidade, pelo talento e entusiasmo dedicado à sua profissão (cf. Paiva & Fiolhais, 2005). Dos recursos analisados no presente trabalho, todos apresentam vantagens e desvantagens. Compete ao professor seleccionar o recurso adequado aos conteúdos leccionados, às idiossincrasias dos alunos e da própria escola, onde lecciona. Se a sala de aula tiver acesso à internet pode optar-se pela escola virtual ou pelos simuladores. Não se verificando esta condição,

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sempre, se pode optar pelos manuais multimédia. Havendo disponibilidade financeira, por parte do professor ou da própria escola, este pode optar pela Escola Virtual. Caso contrário, sempre, se pode optar pelo manual multimédia ou pelos simuladores. O manual multimédia é um recurso indispensável quer para o professor quer para o aluno; para além de ter um custo acessível é um complemento ao manual escolar adoptado na escola. A escola virtual é um recurso que facilita a tarefa do professor, ajudando-o, na preparação das suas aulas. Relativamente aos simuladores existentes nos vários portais, referidos no presente trabalho, têm a vantagem de ser grátis e os alunos poderem estudar explorando-os em casa. Em qualquer situação é sempre enriquecedor o uso dos recursos multimédia que auxiliem, o professor e o aluno, no processo ensino/aprendizagem.

Quanto aos vídeos e às animações utilizadas na exploração das actividades laboratoriais, estes são muito elucidativos dos conceitos teóricos inerentes ao tema, pois facilitam e desenvolvem as competências conceptuais e processuais melhorando muito o sucesso dos alunos. De acordo com Gil e Baggott (2000), as simulações/animações não devem ser encaradas como uma ameaça ao ensino experimental tradicional mas, devem ser vistas como um meio que promove e melhora e ensino experimental.

A escola virtual e os manuais multimédia estão ao mesmo nível na exploração dos vários conteúdos analisados, quer pela linguagem utilizada quer pelas animações apresentadas. No entanto, esta tese pode ser refutada, devendo, por isso, ser testada e estudada em contexto de sala de aula.

Não é despiciendo o momento da escolha do manual escolar. Este deve ser escolhido em função do rigor científico, que carece, mas também em função dos produtos multimédia que lhe estão associados.

Em síntese, a construção da sociedade do conhecimento exige uma mudança de mentalidade da comunidade educativa, mas, fundamentalmente, uma mobilização de todos, no sentido de dotar as escolas e os seus agentes das condições indispensáveis para um novo modelo de desenvolvimento de uma sociedade moderna e solidária. Afinal, “ Em qualquer aventura é partir…” como dizia Miguel Torga.

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