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Este trabalho apresentou um estudo sobre a interação solo-estrutura de um caso de obra tendo como objeto de estudo um empreendimento residencial composto por dois edifícios em concreto armado, intitulados torres “A” e “B”, cujo sistema de fundação é composto por sapatas isoladas e associadas, assentes em terreno constituído por maciço rochoso e que teve, ao longo de sua construção, o monitoramento, através de instrumentação de campo, dos recalques sofridos pelos seus elementos de fundação.

Foram observados valores de recalques absolutos máximos de 18,99 mm para a torre “A” e de 12,15 mm para a torre “B” que, apesar de serem baixos, são significativos, em se tratando de recalques em rochas. Seus valores, por meio da análise de suas velocidades parciais, ocorreram abaixo dos limites propostos por Alonso (1991), indicando que estes evoluíram dentro da normalidade, sem apresentar nenhum risco associado à integridade da estrutura das torres.

Analisando os valores de distorção angular, obtidos pelos recalques diferenciais observados entre os elementos de fundação, também se apresentaram bem abaixo dos limites propostos por Bjerrum (1963) para o aparecimento de fissuras, rachaduras e comprometimento dos elementos estruturais dos edifícios, corroborando o fato de que, apesar de terem ocorrido, esses recalques não comprometeram a integridade estrutural das edificações.

As análises anteriores foram possíveis graças ao monitoramento de recalques em campo, que é preconizado pela NBR 6122 (2010), ficando evidente a sua importante frente às questões de segurança e de controle no acompanhamento das construções em concreto armado, proporcionando, de uma certa forma, uma maior garantia de que as execuções de obras desta natureza estejam caminhando de maneira correta, diante destas questões.

Além disso, o monitoramento de recalques em campo deve ser feito independente do terreno de fundações, que, embora possam apresentar características mais resistentes, como neste trabalho, podem ser observados recalques significativos, a depender das condições em

que o terreno se encontra, assim como da imposição, pela superestrutura, de tensões que causam deformações em sua estrutura.

A modelagem estrutural dos edifícios mostrou-se bastante representativa, apontando valores de esforços maiores que o valores médios bem presentes nas regiões de extremidade dos edifícios, contrariando, de uma certa forma, a ideia convencional de que os pilares centrais são mais carregados que os pilares de extremidade.

Quanto às análises de interação solo-estrutura, estas apresentaram comportamento distintos entre si, tanto no que se diz respeito às diferentes torres, estágios de obra, como também relacionado aos casos 1 e 2, investigados nesta dissertação.

Comparando os dois edifícios estudados, observou-se que os valores de redistribuição foram mais reduzidos na torre “A” em relação à torre “B”, em que esta última apresentou, após as análises da ISE, esforços resultante entre seus pilares mais distintos em relação à estrutura indeslocável, podendo ser explicada pela assimetria em planta, de sua projeção, diferentemente da projeção em planta da torre “A”, que apresenta-se simétrica e, com isso, uma redistribuição mais reduzida, diferindo-se pouco dos seus esforços considerando sua estrutura indeslocável (S/ISE).

Fazendo uma análise entre os 5 estágios de obra analisados, não houve uma tendência de redução na redistribuição de esforços entre os pilares das duas torres à medida em que a obra estava chegando ao fim, em que há, segundo Gusmão (1990) e Rosa (2015), um aumento na rigidez da estrutura, reduzindo, assim, tal redistribuição. O fenômeno comportou-se bastante distinto entre os estágios, comportamento esse observado também por Santos (2016).

Em relação às análises ISE caso 1 e 2, estas apresentaram-se bastante diferentes entre si, ficando evidenciado nos mapas de redistribuição de esforços apresentados neste trabalho, havendo, para a mesma torre e estágio de obra analisados, pilares que eram aliviados e sobrecarregados no caso 1, mas que, no caso 2, tinham comportamento oposto, e vice-versa. Este fato corrobora o efeito provocado pelos diferentes valores atribuídos aos coeficientes de mola “K”, que são distintos em cada apoio para o caso 1 e iguais para o caso 2, considerando cada estágio de obra.

Quanto à redistribuição dos esforços entre os pilares das torres em geral, ficou claro que houve sim, a influência dos mecanismos da ISE em todos os casos, porém baixa, indicados pela diferença de esforços observada em cada elemento após a aplicação dos coeficientes de mola “K” para representar a deslocabilidade da estrutura. É importante relatar também que, tal redistribuição não pode apenas ser avaliada quanto à transferência de esforços entre pilares centrais e de extremidade, uma vez que, nem sempre, os pilares centrais apresentam esforços

maiores que os pilares de extremidade, ficando bem evidente através dos valores apresentados pelos pilares da torre “A”.

Além disso, nem sempre os pilares de extremidade ganham esforços, como também, nem sempre os pilares centrais são aliviados, como pôde ser observado, assim como no presente trabalho, por Danziger et al. (2005), Mota (2009) e Santos (2016). Assim, análises que contemplem valores máximos de redução e de ganho de esforços, como também as que demonstrem a redistribuição relacionando a magnitude dos recalques, dão uma visão mais completa e abrangente dos fenômenos atribuídos à ISE.

Por fim, a retroanálise acerca da determinação do módulo de elasticidade da rocha (Es) do terreno de fundação a partir dos valores de recalques registrados, foi consistente, e trouxe valores reduzidos do módulo Es. Tais informações obtidas são inéditas e bastante relevantes para a prática local, permitindo, para casos futuros de obras e estudos adjacentes à área de estudo deste trabalho, uma estimava do módulo elástico quando não se tem disponível ferramentas e recursos para a realização de ensaios que visem obter tal parâmetro. Com isso, tais correlações feitas contribuem para uma estimativa inicial do módulo (Es), e, consequentemente, para a caracterização do maciço rochoso da região.

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