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Os trabalhos de Pochmann e Amorim (2003) analisaram cada cidade do país como uma unidade de estudo, o que tornou impossível a captação da heterogeneidade presente no espaço urbano. Este trabalho adaptou a análise para o setor censitário, o que possibilitou demonstrar o quão heterogêneo é o interior das as cidades em relação a quem está ‘dentro’ e quem está ‘fora’ (BEHRMAN, GAVIRIA e SZÉKELY, 2003).

A espacialização dos índices criados mostrou que as capitais nordestinas apresentam um elevado grau de desigualdade que não se revela somente na dimensão econômica, mas está presente em relação aos acessos aos serviços públicos, moradia digna e educação.

Ribeiro (2003) afirma que as grandes metrópoles concentram um número maior de indivíduos em situação de pobreza. No entanto, este trabalho verificou que apesar dessa afirmação ser verdadeira, tal problema se apresenta de forma mais acentuada nas capitais regionais, onde os décimos mais pobres dentre a população são encontrados.

A camada com menor rendimento nominal mensal acaba se confundindo com a camada mais excluída da população, uma vez que o rendimento se mostrou um fator determinante entre quem detém as melhores condições de educação, habitabilidade e serviços públicos, o que acarreta uma melhor condição também de higiene e saúde.

A análise da exclusão social composta revelou que uma grande parcela das áreas urbanas das cidades em estudo encontram-se em pior situação quanto ao índice, chegando esse número a ser maior nas capitais metropolitanas (aproximadamente 90% dos setores censitários) do que nas capitais regionais (aproximadamente 80% dos setores censitários).

A espacialização do índice de exclusão social nas capitais nordestinas aponta para uma tendência a concentração dos incluídos em pequenos bolsões na malha urbana, as ilhas de inclusão (POCHMANN e AMORIM, 2003).

Diante disso, este trabalho conclui que, quase que independente de sua área, população ou riqueza, as capitais nordestinas apresentam um elevado número de setores censitários considerados como em situação de exclusão social, com deficiência na educação, serviços públicos e, detentoras de uma parcela mínima de todo o rendimento mensal distribuído nas cidades. Em contrapartida, a heterogeneidade interna das cidades obedece a um padrão encontrado nas seis capitais em estudo, marcado principalmente pela comprovação da existência de pequenos bolsões de inclusão social que concentram uma parcela desproporcional de todas as riquezas e melhores condições de serviços públicos.

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