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6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

6.1. CONCLUSÕES FINAIS

Na análise dos impactos causados pelos veículos autônomos, realizada através da revisão bibliográfica em conjunto com um estudo de caso e uma análise matemática, é possível constatar que as políticas públicas possuem um papel central em relação aos resultados. Mesmo que em parte da literatura seja possível identificar que não existem um consenso em relação aos benefícios de alguns aspectos importantes desta nova tecnologia, é possível afirmar que serão as estratégias de controle e regulação dos veículos autônomos que definirão se os impactos serão positivos ou negativos

Deste modo, com a análise realizada no Capítulo 4, em conjunto com a análise realizada no Capítulo 5, fica evidente que através da aplicação de uma política de pedágios, juntamente com a gestão das vagas de estacionamento, os impactos dos veículos autônomos serão positivos, criando diversas oportunidades e desafios para o planeamento do espaço urbano.

Os resultados foram organizados em duas categorias, havendo impactos identificados especificamente no estudo de caso e impactos identificados especificamente na revisão da literatura. Relativamente aos resultados identificados no estudo de caso, constatam-se as seguintes conclusões, em um cenário onde há aplicação de uma política de pedágios, juntamente com a gestão das vagas de estacionamento:

• Haverá uma redução estimada em 60% na demanda por vagas de estacionamento na região central da cidade, que representa aproximadamente 36000m². Portanto, surgem diversas oportunidades de requalificação deste espaço urbano. Os principais aspectos que podem ser trabalhados são relacionados ao uso de pedestres e ciclistas.

• Considerando o volume de pessoas que acessam a ilha diariamente em viagens de carros privados, os veículos autônomos poderiam transportar o mesmo volume de pessoas, com uma frota 14,61% menor. Isso impacta em uma melhora do nível de serviço, passando de D para C. Assim sendo, surgem oportunidades para a diminuição da largura das faixas de rolamento, havendo a possibilidade de ampliar o espaço destinado à pedestres e ciclistas.

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• Em um cenário onde há um pedágio urbano e gestão das vagas de estacionamento, as viagens em veículos autônomos compartilhados serão financeiramente mais atrativas do que viagens em veículos privados. Deste modo, surge uma nova opção de mobilidade urbana, de maior qualidade e custo reduzido.

• Será necessário prever estações de carga e descarga de passageiros espalhas pela cidade. Com isso, surge a oportunidade de criar uma rede que seja acessível e confortável tanto para jovens, quanto para idosos e pessoas com mobilidade reduzida, com estações a cada 500 metros de distância.

Relativamente aos resultados identificados na revisão da literatura, constatam-se as seguintes conclusões:

• No contexto da cidade de Florianópolis, poderá haver a eliminação total da necessidade do atual sistema de transporte público, pois os veículos autônomos compartilhados oferecem um serviço de alta qualidade e de baixo custo. Assim, surge a oportunidade de transformar a infraestrutura existente para atender a operação dos veículos autônomos compartilhados.

• É preciso que o governo desenvolva uma estrutura legal, clara e objetiva, que permita o desenvolvimento da tecnologia dos veículos autônomos.

• Os veículos autônomos compartilhados poderão atender uma parcela da população que atualmente tem um acesso limitado à mobilidade urbana de qualidade. Portanto, esta tecnologia poderá atender muitas pessoas de baixa renda, idosos e estudantes, por exemplo, ampliando o acesso à mobilidade urbana.

• Os altos indicies de acidentes de trânsito criam uma grande sensação de insegurança para as pessoas que se deslocam pela cidade de Florianópolis. Neste aspecto, os veículos autônomos poderão reduzir em mais de 90% o número de acidentes, com a eliminação do erro humano e com um controle em tempo real da velocidade de tráfego. Deste modo, há um estimulo aos modos de transporte mais vulneráveis, como andar a pé ou de bicicleta.

• Os veículos autônomos criam uma ampla rede de sensores, que irão gerar e coletar dados urbanos em tempo real. Portanto, o poder público poderá utilizar estes dados para estudar gerenciar diversos aspectos da vida urbana.

Entretanto, é importante destacar que sem uma estrutura de certificação consistente e um conjunto padronizado de segurança para aceitação, os fabricantes de veículos autônomos podem enfrentar diversas incertezas regulatórias, o que impedirá o desenvolvimento da tecnologia no Brasil. Todavia, mesmo se já houvesse a segurança jurídica necessária, o processo de transição iria levar alguns anos. Isso ocorre, pois, operar um veículo autônomo em vias públicas é complexo devido à frequência de interações com elementos do meio urbano, como pedestres, ciclistas e demais veículos. As previsões apontam que os veículos autônomos de nível 4 e 5 estejam comercialmente disponíveis a partir da década de 2030.

77 Além disso, sem a aplicação de um pedágio urbano, muito dos impactos positivos indicados no Capítulo 5, não irão acontecer. Conforme está demonstrado nas figuras 13,14 e 15, em todos os cenários onde o preço do pedágio é nulo, há um agravamento nos níveis de congestionamento e um aumento na demanda por vagas de estacionamento público.

Esta tecnologia está em pleno desenvolvimento e em algumas décadas estará presente nas capitais brasileiras. Portanto, há um papel crítico do poder público, que será decisivo em relação aos benefícios potenciais que podem ser alcançados através da operação dos veículos autônomos.

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