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Parte II – Parte Prática

Capítulo 6 – Discussão, Conclusão, Limitações e Recomendações

6.2. Conclusões Finais

O conflito está presente no nosso quotidiano, e a sua gestão é imprescindível para o aumento da eficácia de um grupo ou organização. Essa sabedoria de gerir o conflito é da competência dos superiores hierárquicos, pois eles têm a formação e o poder para reduzir ou evitar as consequências negativas do conflito e potenciar os seus aspetos positivos (McIntyre, 2007).

É neste contexto que se procurou identificar as estratégias de resolução de conflito a que os militares da MGGB mais recorrem para gerir os conflitos em que se vêm envolvidos. Assim, verificámos se existem diferenças significativas nas estratégias de resolução de conflito em função das variáveis demográficas. Por fim, verificámos as associações entre as estratégias de resolução de conflito e as respetivas variáveis.

Deste modo, existem variáveis caracterizadoras que influenciam a forma como os Oficiais, os Sargentos e os Praças lidam com o conflito, existindo algumas diferenças estatisticamente significativas nas variáveis Habilitações Literárias e Categorias, exceto nas variáveis Sexo e Tempo de Serviço.

Podemos concluir que os militares da MGGB têm uma baixa discriminação das diversas estratégias de resolução de conflito na sua gestão das relações interpessoais. No

101 entanto, julga-se que esta baixa discriminação pode estar relacionada com o modelo organizacional da MGGB, isto é, as normas e os procedimentos que definem as várias atividades diárias dos militares, embora o nosso estudo não nos possibilite tirar conclusões sobre esse aspeto. Por outro lado, verifica-se que não existem correlações/associações entre as variáveis caracterizadoras.

Assim, os resultados obtidos apontam para o facto de os militares do sexo masculino ou do sexo feminino terem a mesma posição no que respeita à utilização das estratégias de resolução de conflito.

Relativamente às Habilitações Literárias verificou-se que os Oficiais com o Ensino Superior concluído são os que utilizam mais a estratégia de Compromisso do que os restantes Oficiais com Ensino Secundário e Ensino Básico. Os Sargentos com o Ensino Básico apresentam uma utilização mais elevada da estratégia Compromisso em relação aos Sargentos com as outras Habilitações Literárias. Pelo que são os Sargentos com o Ensino Secundário que têm uma perceção significativamente superior da estratégia de Compromisso em relação aos Sargentos com o Ensino Superior. Neste seguimento, é possível deduzir que existe uma maior tendência para a estratégia de Compromisso quando os níveis de poder são iguais (igual nível hierárquico).

A variável Tempo de Serviço não evidenciou ter diferenças ao nível das estratégias de resolução de conflito, pelo que podemos inferir que tanto os militares com mais tempo de serviço, como os que possuem menos tempo de serviço têm a mesma perceção face às estratégias de resolução de conflito.

Em termos de Categorias verifica-se que a estratégia de Acomodação foi significativamente mais utilizada pelos Praças do que pelas restantes categorias hierárquicas (Oficiais e Sargentos). Estas diferenças foram encontradas entre Praças e Sargentos, sendo que os Praças percecionam um nível de Acomodação superior aos Sargentos. Deste modo, pode-se inferir que os militares da MGGB tendem a utilizar mais frequentemente a estratégia de Acomodação quando lidam com um superior hierárquico do que quando lidam com um camarada ou inferior hierárquico, ou seja, quanto menor for a hierarquia maior será a utilização desta estratégia de resolução de conflito (Rahim, 1986; McIntyre, 1991; Munduate et al., 1993; Costa, 2016).

102 Por outro lado, no que concerne às relações entre as variáveis, constatou-se que não existem associações entre as variáveis demográficas e as estratégias de resolução de conflito. Verificou-se também que nenhuma das variáveis independentes (fatores demográficos) contribui significativamente para a explicação da variabilidade da variável dependente (estratégias de resolução de conflito).

Ora, quanto a tudo o que já foi observado nos parágrafos anteriores, presume-se que os resultados obtidos poderão estar relacionados com a estrutura hierárquica da MGGB, sendo essas relações hierárquicas em conjunto com as normas e os procedimentos definidos para cada tarefa que gerem os relacionamentos entre os militares.

Finalmente, podemos concluir que os militares respondentes ao presente estudo recorrem às várias estratégias de resolução de conflito. Verifica-se, assim, que a estratégia de Compromisso parece estar mais presente, expressando uma assertividade e cooperação intermédias, ou seja, uma preocupação média com os auto-interesses e com os interesses pelos outros, ninguém “ganha ou perde”, ambas as partes chegam a um entendimento(Rahim, 2002).

A segunda estratégia mais utilizada foi a Competição, que traduz uma elevada preocupação em satisfazer os interesses próprios e uma baixa preocupação em satisfazer os interesses da outra parte, o que leva a uma solução de “ganhar-perder”, sendo uma estratégia que dificilmente conduzirá a um acordo mútuo. Por sua vez, destacam-se como aspetos positivos desta estratégia: a urgência de encontrar uma solução ou a qualidade de tomada de decisão, sempre que isso se justifique. No entanto, nestas circunstâncias é necessário que exista uma pessoa responsável para assumir essa decisão (Almeida, 1995). Por outro lado, a estratégia que se evidenciou menos foi a estratégia de Evitamento (Baixa preocupação em satisfazer os auto-interesses e os interesses pelos outros, o que leva a uma solução do tipo “Perder-Perder”). Neste tipo de estratégia nenhuma das partes alcança os seus próprios desejos e o conflito continua sem ser resolvido, o que poderá conduzir a futuros conflitos da mesma natureza (Almeida, 1995). Contudo, espera-se que a conjugação destas estratégias poderá trazer efeitos positivos para a resolução de conflitos na MGGB.

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