• Nenhum resultado encontrado

O presente trabalho tem como objectivo perceber como se comporta a evolução da dívida a instituições financeiras nas PMEs e nas GEs e perceber as diferenças existentes entre os dois tipos de empresas. Pode concluir-se, desde já, que o tema do financiamento das SNF portuguesas é um tema muito vasto, muito interessante e com muito ainda por estudar.

Uma conclusão que se retira deste estudo é o facto da evolução da dívida se comportar de forma diferente nas PMEs e nas GEs: enquanto a dívida às instituições financeiras nas PMEs é crescente ao longo do tempo, nas GEs a evolução da dívida a estas instituições regista aumentos e reduções constantes. Também no que diz respeito ao peso do endividamento no passivo das empresas se verificam diferenças entre as PMEs e as GEs, embora menos significativas: o peso da dívida no passivo total é superior nas PMEs, registando-se em 2004 e 2005 um grande aumento deste, contrário à grande redução verificada nas GEs.

Foi também possível concluir que ao nível dos sectores de actividade mais relevantes no sector das SNF - Indústrias Transformadoras (C) e Comércio (G) – as diferentes entre PMEs e GEs mantêm-se: enquanto nas PMEs a evolução da dívida é crescente, comportando-se, em ambos os sectores, de forma muito semelhante, nas GEs a dívida é decrescente, registando alguns aumentos no sector C e pontuais aumentos no sector G. Após constatadas as diferenças entre PMEs e GEs ao nível da evolução da dívida foram definidas as variáveis e os sectores de actividade que permitiram apurar se a evolução da dívida das PMEs e das GEs às instituições financeiras é explicada pela evolução do Activo e do investimento (FBCF).

Para testar a magnitude e a direcção da relação entre as variáveis em estudo foi utilizado o coeficiente de correlação de Pearson que permitiu não só concluir que as PMEs recorrem à dívida das instituições financeiras para financiarem o Activo, como ainda que outras rúbricas do Activo geram mais endividamento que o investimento (FBCF). O coeficiente de Pearson para as GEs produziu resultados bastante diferentes dos das PMEs, indicando que o crescimento do Activo e do investimento destas empresas não se faz à custa de dívida das instituições financeiras.

Como foi sendo referido durante o trabalho e conforme vários autores tinham já determinado, as PMEs recorrem ao endividamento nas instituições financeiras para

36

financiarem as suas actividades, ao contrário das GEs que contam também com resultados retidos e com o mercado de capitais.

5.1. Contributos

O presente trabalho permitiu perceber qual a evolução da dívida das PMEs e das GEs a instituições financeiras.

Este trabalho permitiu ainda perceber a evolução da dívida das PMEs e das GEs a instituições financeiras, nos sectores de actividade das Indústrias Transformadoras e do Comércio.

Por último, este estudo permitiu verificar empiricamente que o crescimento do Activo é explicado pelo recurso ao endividamento nas instituições financeiras nas PMEs e não nas GEs.

5.2. Limitações

O presente trabalho tem como principal limitação o número de empresas que integram os dados recolhidos na Central de Balanços do Banco de Portugal (Serviço BP Stat), uma vez que, como referido anteriormente, até 2005 a apresentação por parte das empresas dos dados utilizados neste estudo ser de carácter voluntário. Para ser possível obter resultados mais fidedignos seria necessário que os dados alusivos à década estudada (1996 a 2005) fizessem referência a um maior número de empresas.

5.3. Investigações futuras

O presente trabalho mostra como se comporta a dívida das PMEs, comparada com a das GEs, nos sectores de actividade das Indústrias Transformadoras e do Comércio. Em futuras investigações seria interessante fazer o mesmo tipo de estudo para os restantes sectores de actividade no sentido de verificar se os resultados se mantêm.

Uma outra sugestão de investigação seria realizar o mesmo estudo utilizando dados posteriores a 2005, uma vez que seria interessante perceber se a actual conjuntura económico-financeira do país provoca alterações à situação descrita para a década estudada.

37

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Agrebi, M. (2009). Financing SMEs. OECD Observer (275), 22-23.

Antão, P., Ferreira, M. A., e Lacerda, A. (2011). Bank's corporate control and relationship lending: Evidence from retail loans. Banco de Portugal - Economics and

Research Department (17), 1-33.

Badulescu, D. (2010). SMEs Financing: the Extent of Need and the Responses of Different Credit Structures. Theoretical and Applied Economics Vol.XVII, No. 7(548), 25-36.

Banco de Portugal (2010) - Estudos da Central de Balanços. Estrutura e dinâmica das

sociedades não financeiras em Portugal.

Banco de Portugal (2012). Serviço BP Stat – Estatísticas Online [Base de dados].

Disponível em:

(http://www.bportugal.pt/EstatisticasWeb/(S(pyqirqqnlwbxkfaquoufki45))/SeriesCronol ogicas.aspx)

Barth, J. R., Lin, D., e Yost, K. (2011). Small and Medium Enterprise Financing in Transition Economies. Atlantic Economic Journal Vol.39 (1), 19-38.

Beck, T., e Demirguc-Kunt, A. (2006). Small and medium-size enterprises: Access to finance as a growth constraint. Journal of Banking & Finance Vol.30, 2931-2943. Beck, T., Demirguç-Kunt, A., e Pería, M. S. (2010). Bank Financing for SMEs: Evidence Across Countries and Bank Ownership Types. Journal of Financial Services

Research, Vol.39 (1), 35-54.

Berger, A. N., e Udell, G. F. (1998). The economics of small business finance: The roles of private equity and debt markets in the financial growth cycle. Journal of

Banking and Finance Vol.22 (6), 613-673.

Berger, A. N., Klapper, L. F., e Udell, G. F. (2001). The ability of banks to lend to informationally opaque small businesses. Journal of Banking & Finance Vol.25, 2127- 2167.

Berggren, B., Olofsson, C., e Silver, L. (2009). The effect of business cycles on entrepreneurial control aversion and the search for external financing in SME's.

International Journal of Business Strategy, Vol.9 (2), 33-47.

Bergquist, C., e Dahg, L. (2007). The impact of the financial gap on growth and development for SMEs. Tese de Mestrado da Universidade de Estocolmo, 1-56.

38

Bhaird, C. M., e Lucey, B. (2010). Determinants of capital structure in Irish SMEs.

Small Business Economics Vol.35, 357-375.

Brealey, R. A., Myers, S. C., e Allen, F. (2008). Principles of Corporate Finance, 9th Edition. New York: McGraw-Hill Companies, Inc.

Chehade, H. H., e Vigneron, L. (2009). SMEs choice of main bank and organizational structure: The role of soft information and of credit rationing. Bankers, Markets &

Investors, No.102, 33-44.

Cole, R.A., (1998). The importance of relationships to the availability of credit. Journal

of Banking and Finance Vol.22 (6), 959–977.

Couto, G., e Ferreira, S. (2010). Os determinantes da estrutura de capital de empresas do PSI 20. Revista Portuguesa e Brasileira de Gestão, 26-38.

Cull, R., Davis, L. E., Lamoreaux, N. R. e Rosenthal, J. L. (2006). Historical financiang os small-and-medium-size enterprises. Journal of Banking & Finance, 3017-3042. Government of Canada (2009). Key Small Business Financing Statistics.

Guiso, L., e Minetti, R. (2010). The Structure of Multiple Credit Relationships: Evidence from U.S. Firms. Journal of Money, Credit and Banking Vol.42, 1037-1071. Hernández-Cánovas, G., e Martínez-Solano, P. (2010). Relationship lending and SME financing in the continental European bank-based system. Small Business Economics, Vol.34, 465-482.

Instituto Nacional de Estatística (2007). Classificação Portuguesa das Actividades Económicas Rev.3.

Locke, S., e Boulanaour, Z. (2009). Cost of small business banking: a New Zealand study. Service Business Vol.3 (3), 211-227.

Maria, N. R., Marcel, S. C., e Radu, B. (2008). Considerations regarding growing financing capacity of sme's. Annals of the University of Oradea, Economic Science

Series Vol. 17 (3), 380-385.

Maroco, J. P., e Bispo, R. (2005). Estatística Aplicada às Ciências Sociais e Humanas, 2ª Ed. Lisboa: Climepsi Editores.

Mercieca, S., Schaeck, K., e Wolfe, S. (2009). Bank Market Structure, Competition, and SME Financing Relationships in European Regions. Journal of Financial Services

Research Vol.36 (2), 137-155.

North, D., Baldock, R., e Ekanem, I. (2010). Is there a debt finance gap relating to Scottish SMEs? A demand-side perspective. Venture Capital Vol. 12 (3), 173-192.

39

OECD (2006). The SME Financing Gap: Theory and Evidence. Financial Market Trends, No. 91, 87-97.

Pereira, A. (2008). Guia Prático de Utilização do SPSS - Análise de Dados para

Ciências Sociais e Psicologia, 7ª Ed. Lisboa: Edições Sílabo.

Petersen, M. A., e Rajan, R. G. (1994). The benefits of lending relationships: Evidence from small business data. The Journal of Finance Vol.49 (1), 3-37.

Roman, A. (2011). Smes' sector access to finance: an overview. Annals of the University

of Oradea, Economic Science Series Vol.20 (1), 431-437.

Ross, Westerfield, e Jaffe. (2002). Corporate Finance, 6th Edition. McGraw-Hill. Salazar, A. L., Soto, R. C., e Mosqueda, R. E. (2012). The impact of financial decisions and strategy on small business competitiveness. Global Journal of Business Research Vol.6 (2), 93-103.

Sarapaivanich, N., e Kotey, B. (2006). The effect of financial information quality on ability to access external funds and performance of SMEs in Thailand. Journal of

Enterprising Culture Vol.14 (3), 219-239.

Simerly, R. L., e Li, M. (2000). Environmental Dynamism, Capital Structure and Performance: A Theoretical Integration and an Empirical Test. Strategic Management

Journal Vol.21, 31-49.

Torre, A. d., Pería, M. S., e Schmukler, S. L. (2010). Bank involvement with SMEs: Beyond relationship lending. Journal of Banking & Finance Vol.34 (9), 2280-2293. Vos, E., Yeh, A. J., Carter, S., e Tagg, S. (2007). The happy story of small business financing. Journal of Banking & Finance Vol.31, 2648-2672.

Zambaldi, F., Aranha, F., Lopes, H., e Politi, R. (2011). Credit granting to small firms: A Brazilian case. Journal of Business Research Vol.64, 309-315.

40

Documentos relacionados