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2. FUNDAMENTOS TEOLÓGICOS QUE PRESIDEM À COMUNHÃO

2.8. Conclusões

Neste capítulo, procurámos abordar os fundamentos teológicos que presidem à relação do presbitério, tendo como linhas de orientação a relação entre a Santíssima Trindade e a unidade presbiteral, a vida sacerdotal na sua plenitude, a eucaristia como alimentação da comunhão, a colegialidade enquanto contrária ao espírito de classe, a relação com os fiéis que é fortalecedora da experiência e da beleza evangélica da comunhão entre os presbíteros, o contributo da formação nos seminários para a comunhão presbiteral, o presbitério como fonte de comunhão e o conselho presbiteral.

No primeiro ponto, abordou-se a relação de amor que gera comunhão; aprofundou-se acerca da unidade da Santíssima Trindade como fonte de identidade sacerdotal e da vida em comum dos sacerdotes, a exemplo da Santíssima Trindade, caminhando para a partilha; bem como acerca da relação de Jesus com os discípulos e da forma de agir d’Ele para com eles e da semelhança da Igreja para com a Trindade e das dificuldades da sua subsistência, aquando do afastamento deste modo de vida baseado na Trindade. Citámos, a este respeito, o Papa João Paulo II que exortou a que a Igreja vivesse unida de modo a não cair em dificuldades que a poderão abalar. Salientámos ainda a necessidade de o sacerdote seguir a Cristo e de viver na relação com outros sacerdotes. Em seguida, sublinhámos que caso não viva em comunhão, viverá em dispersão. O sacerdote enquanto pastor que procura a união das ovelhas e não 332 Ibidem, 274. 333 PO, 7. 334

J. VILAR, «Conselho presbiteral: espaço de co-responsabilidade e de comunhão colegial», in SdC2, 284. 335

55 apenas apascentá-las deve ser o exemplo. Abordámos ainda a necessidade de seguir a Igreja que ruma para a Trindade, sendo ele o primeiro modelo neste caminho que levará outros a caminhar também. Não podemos esquecer aqui a necessidade de caminhar juntos para a mesma realidade que é Cristo, pelo que, ao terminar este ponto, verificámos o quanto o sacerdote tem a necessidade de ser promotor do caminho para a unidade entre os padres e entre o povo de Deus.

Dentro da plenitude da vida sacerdotal, procurámos demonstrar a importância da consagração para a missão, e da oração, da afectividade e da efectividade de cada sacerdote; também aprofundámos acerca da comunhão como factor inerente à ordenação e ao serviço, a exemplo de Jesus que veio para servir e não para ser servido. Deus quer que o homem se sinta seduzido pela sua Palavra e que a siga. É necessário que os sacerdotes sejam homens litúrgicos e lúdicos, na oração como na vida, servindo por amor e tendo uma vivência evangélica ao longo da sua caminhada sobre a terra. Como último aspecto deste ponto, salientámos a espiritualidade do presbítero que cresce na relação com os outros presbíteros e com o povo de Deus. No entanto, ao longo da caminhada há a necessidade da renovação dos corações dos sacerdotes.

Detivemo-nos ainda na eucaristia, fonte de alimentação da comunhão, como meio de união de todos os cristãos e de evangelização; como factor de unidade entre todo o clero; como celebração litúrgica e ponto mais alto da comunhão hierárquica; desenvolvemos também a questão do sacerdócio ministerial, como aquele que tem por missão administrar os sacramentos a todos os que os queiram receber; a liturgia da ordenação, que torna visível a comunhão; a eucaristia como centro da vida cristã, partilha de bens, comunhão eucarística e presença de Cristo entre os homens na Palavra; a acção do sacerdote na eucaristia; a vivência em comunhão com Cristo e a comunhão eucarística entre diversos sacerdotes.

56 A colegialidade, querida por Cristo num espírito que não é o de classe, revelou a necessidade de um afecto colegial entre todo o presbitério bem como a unidade da ordenação e a identidade da missão, que devem ser visíveis e fortalecem este modo de vida. Há, portanto, um sacerdócio em comum, pois todos os sacerdotes caminham juntos ao longo da história. É nesse âmbito que surge o colégio presbiteral como lugar de partilha e de comunhão entre o clero. Uma comunhão, a exemplo da primeira comunidade cristã, como se pode ler em Act 2, 44-47. O nosso tempo, todavia, requer as zonas pastorais como necessárias para a unidade.

Mas também a relação com os fiéis é fortalecedora da experiência e da beleza evangélica da comunhão entre os presbíteros, pois na entrega de tarefas aos leigos, o presbítero consegue mais tempo para esta relação com os fiéis e com os outros presbíteros. Não deixa, todavia, de ter o dever de estar por dentro de tudo o que se passa na paróquia, havendo ainda a necessidade de criar um plano pastoral, constante e cimentado no plano arciprestal e diocesano, como garante de uma maior participação das pessoas nas actividades planeadas e onde ele participa, o que, por sua vez, leva a consecutivos encontros com o clero a que pertence.

Ainda no âmbito da comunhão presbiteral, a formação nos seminários chama à fraternidade sacramental entre os sacerdotes após a ordenação presbiteral. Contudo, ela nem sempre é visível e isso pode traduzir-se na vivência de dois sacerdotes debaixo de um mesmo tecto que não se falam, ou seja, vivem isolados. Por isso, a formação no seminário abrange quatro importantes vertentes para a vida sacerdotal: a humana, a espiritual, a intelectual e a pastoral. Foram salientados os aspectos mais importantes de cada vertente. Por fim, foi abordada a questão da relação entre a fé e a ciência, que merece especial atenção.

Em suma, ao falarmos do presbitério como fonte de comunhão debruçámo-nos acerca da necessidade de criar fontes de comunhão e de ir ao encontro daqueles que se encontram afastados. O conselho presbiteral tem por missão obviar os recursos para a resolução dessas questões, bem como ajudar o bispo no governo da diocese e a todos os presbíteros.

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