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ε = erro relativo máximo admitido na estimativa da média da variável dimensionante da

DIFICULDADE COM MUDANÇAS DO AMBIENTE EXTERNO FREQUÊNCIA %

5.3 Conclusões Gerais

No intuito de descrever com maior riqueza de detalhes o perfil do empreendedor e da empresa foi possível concluir de maneira bastante clara que os interesses que levam os empreendedores a abrir empresas muitas vezes têm uma motivação de origem desvinculada da realidade do mercado e buscam na verdade a realização do sonho da independência financeira e do aumento de renda ou uma alternativa para a situação de ociosidade em que se encontravam em virtude de desemprego ou aposentadoria.

Foi possível constatar através da pesquisa que os indivíduos têm em comum o fato de que, em sua grande maioria, não abrem empresas por critérios racionais, nem por que vislumbraram uma oportunidade, nem porque fizeram uma pesquisa de mercado. Há uma enorme anomalia na abertura das micro e pequenas empresas, posto que mais de 30% dos empreendedores estudados constituíram suas empresas como alternativa ao desemprego ou à baixa remuneração da aposentadoria, foram atrás de uma indicação que, muitas vezes, não passava de uma ilusão, abriram o negócio para beneficiar o patrão que não queria pagar encargos sociais como férias, 13o e FGTS e passaram a emitir notas fiscais perdendo todos estes benefícios.

É interessante notar que no teste das hipóteses nulas todas aquelas ligadas ao empreendedor foram refutadas, ou seja, realmente os fatores de experiência, escolaridade, competência na gestão empresarial contribuíram de forma relevante para a mortalidade precoce das empresas.

A conclusão principal a que se chega é que a maior parte dos empreendedores abre suas empresas sem experiência no ramo, sem competência gerencial, sem capital suficiente, sem funcionários para ajudar, sem ter feito uma pesquisa ou planejamento e acredita que apenas através da força de vontade e do esforço pessoal a empresa irá funcionar, ou seja, irá sobreviver a todas as dificuldades e ter sucesso.

Pode-se afirmar que os empreendedores costumam colocar a culpa dos insucessos nos aspectos externos, como: burocracia, impostos altos, concorrentes, governo e clientes, mas na verdade suas próprias competências é que são de baixa qualidade, baixa

enfrentar por mais tempo as dificuldades, o que fica claro quando aparece um emprego e uma parte dos empreendedores desiste da empresa pela segurança do salário e da pouca responsabilidade.

Outra conclusão a que se pode chegar é que, em grande parte, o que leva uma empresa à morte é a forma como ela é criada, ou seja, está ligada aos defeitos de sua origem, aos motivos de sua criação, a não existência de uma oportunidade de negócio, a falta de qualidade gerencial e técnica dos seus sócios e funcionários, a escolha equivocada do ramo de negócio a explorar e ao insuficiente montante de capital disponível para investir e desenvolver a empresa nos primeiros meses de vida.

Verifica-se que não é só a atuação do empresário durante a gestão da empresa, mas sim e principalmente, como ele pensa a empresa antes de abrir, como ele concebe a idéia, como a planeja até virar uma oportunidade e depois transforma em negócio. É possível perceber que a sobrevivência das micro e pequenas empresas está muito relacionada com: a experiência do empreendedor adquirida antes da criação da mesma e à sua capacidade de dedicar tempo e energia nos primeiros anos de vida do empreendimento.

Com referência aos dados extraídos da pesquisa, é possível concluir que os micros e pequenos empresários em geral não sabem escolher as pessoas da empresa, ou seja, seu capital humano, pois citam como problemas a dinâmica com os sócios, a baixa qualidade da mão de obra, problemas com o contador e com outros profissionais que dão suporte ao negócio. Isso mostra incompetência na atração e retenção do capital humano necessário para construir um negócio seguro e duradouro.

Esses descuidos presentes nas empresas extintas analisadas levam a crer que, caso fizessem um planejamento prévio à abertura mais adequado, se tivessem tido mais cuidado com a escolha do capital humano e com o relacionamento com clientes e parceiros comerciais, as empresas poderiam ter sido mais bem sucedidas e talvez aumentassem suas chances de sobrevivência ou ainda, seus proprietários, talvez, nem chegassem a abrir seu negócio se constatassem previamente que o mesmo seria inviável.

Para finalizar as conclusões segue abaixo o quadro 5 que compara alguns resultados de ações com relação aos fatores estudados nesta pesquisa:

Quadro 5 - Síntese de Resultados

Fator Empresa com maior

chance de extinção

Empresa com maior chance de sucesso Inovação dos produtos/serviços Produtos e serviços sem inovação e

diferenciais competitivos.

Produtos e serviços com inovação e diferenciais competitivos.

Planejamento Falta de planejamento. Planejar as atividades com maior

riqueza de detalhes possível.

Exigências Fiscais/Legais/Tribut

Não conhecer as leis, tributos e regras de fiscalização às quais a empresa se submete.

Conhecer as leis, tributos e regras de fiscalização às quais a empresa se submete.

Relação com clientes Oferece aos clientes produtos e atendimento medíocres.

Oferece aos clientes produtos e atendimento inovadores. Relação com concorrentes Praticam qualidade e preços

semelhantes ou mais altos.

Praticam qualidade e preços melhores.

Parceiros comerciais Relação amadora e desorganizada. Relação profissional e formalizada.

Impostos e tributos

Não conhecer os impostos que a empresa precisará pagar.

Conhecer os impostos e as formas de se adequar na legislação contábil que tragam mais benefícios.

Aspectos Externos

Não conhecer e não se preparar para os riscos políticos, econômicos, sociais e tecnológicos do mercado.

Conhecer e se atualizar sobre os riscos políticos, econômicos, sociais e tecnológicos do mercado.

Esta pesquisa buscou contribuir para a discussão dos fatores que levam novos negócios ao insucesso, analisando os principais aspectos e buscando formas para reduzir os índices de mortalidade das novas empresas no Brasil, sem, contudo, ter a pretensão de esgotar o assunto.

Com base nos dados extraídos da presente pesquisa, revela-se claramente que a vocação para o empreendedorismo no Brasil se mostra muito mais quantitativa do que qualitativa, visto que um grande número de novas empresas é criado todos os anos, mas a maioria não se sustenta e tem a sobrevivência comprometida principalmente pela origem da motivação do empreendedor, voltada mais para a sua necessidade pessoal do que para a identificação de uma oportunidade de negócio.

No decorrer da pesquisa, cada empreendedor teve a oportunidade de dar sugestões e conselhos para tornar mais fácil o processo de criação e gestão de um empreendimento para outras pessoas que, eventualmente, tenham interesse em constituir empresas de micro ou pequeno porte.

Estas proposições serão apresentadas, a seguir, em forma de recomendações com o objetivo de eliminar ou reduzir os fatores que causam a morte precoce de muitas empresas no Brasil, buscando dar subsídios para que as empresas dos futuros empreendedores possam ter um destino melhor do que as analisadas neste estudo gerando mais emprego e renda para todos os envolvidos e dinamizando a economia brasileira.