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3. INVESTIGAÇÃO EM JARDIM-DE-INFÂNCIA

3.6. Conclusões

A realização desta investigação foi importante para a implementação de diversas estratégias que promoveram uma maior participação por parte das famílias. É necessário compreender que cada família é única e que as suas particularidades e disponibilidades influenciam o tipo de participação que cada uma pode ter. Durante a minha ação compreendi que é necessário arranjar várias estratégias e não cingir a participação das famílias à presença física no JI. Devido às realidades sentidas na atualidade, muitas famílias não têm possibilidade de acompanhar, como gostariam, a vida dos/as filhos/as nas instituições educacionais. Assim, o papel do/a educador/a centra-se na promoção dessas aproximações de acordo com cada contexto familiar.

Por outro lado, o modo como se comunica e como se fomentam essas relações são a base para um bom entendimento entre os atores. A confiança que as famílias depositam nos/as educadores/as é fruto de uma comunicação harmoniosa, aberta e de respeito entre todos. Devendo, portanto, “evitar rotular e estereotipar as crianças e as famílias” (Hohmann & Weikart, 2007, p. 122). A comunicação constante, com recursos a diferentes meios com o intuito de chegar a todos, foi importante para fomentar as relações com as diferentes famílias. A confiança e o respeito que foi crescendo possibilitaram que as famílias participassem e se implicassem no desenvolvimento curricular da sala de atividades, direta ou indiretamente, contribuindo de forma significativa para as aprendizagens e desenvolvimento integral das crianças.

Apesar dos problemas passados verificados entre esta instituição e as famílias das crianças, a nova equipa educativa tentou contornar o problema e fomentar novamente essas relações, num trabalho demorado e contínuo. Assim, no início deste ano letivo, uma base sólida nessas relações já tinha sido criada, pelo que facilitou, em certa medida, a minha intervenção. As famílias foram participando em função das suas disponibilidades, quer por sua iniciativa ou do JI. Ainda assim, o envolvimento e a participação das famílias foram sendo evidenciados e observados durante o estágio.

Todavia, considero que estas ações foram bastante limitadas devido a estarmos perante o primeiro período do ano letivo e ao meu estatuto como estagiária. Também, como principais razões para a reduzida participação das famílias no JI, verificou-se o desconhecimento de não saber o que podem ou devem fazer na sala de atividades. O receio de participarem, por não saberem se é adequado para o grupo de crianças, deixou as famílias um pouco reticentes quanto à sua participação. Embora tenha havido algumas famílias a envolverem-se no JI, a sua participação ficou um pouco aquém do esperado. Neste sentido, um esclarecimento mais adequado da minha parte, teria, possivelmente, facilitado todo o processo. O papel do/a educador/a é importante na medida em que este deve esclarecer os valores e as intenções que tem para com o grupo, facilitando assim a perceção das famílias sobre como podem intervir. Importa que as famílias compreendam que os dois contextos se podem completar, num trabalho conjunto. As aprendizagens das crianças não se cingem ao JI e à educadora, podendo e devendo ser efetuado com a participação de todos.

As relações de confiança e de colaboração são algo que demora o seu tempo e que necessitam de um conhecimento aprofundado do contexto. Durante o início do segundo período, várias foram as estratégias que se pensaram implementar para que a participação dos familiares fosse cada vez mais presente e sentida no JI. Exemplo disso era a implementação da leitura a pares, onde as crianças escolhiam um livro para levar para casa, liam com a família e realizavam uma ficha de leitura. Como o meu estágio terminou, não me foi possível evidenciar esta estratégia e compreender a sua importância para a promoção de relações cada vez mais próximas entre os dois contextos e o desenvolvimento curricular que era potenciado. Em conversas informais, a EC refere que o segundo período é fundamental para dar continuidade a estas estratégias e implementar novas e mais participativas ações entre os dois contextos. Não só no envolvimento em dias festivos, como em parcerias de diversas atividades, na sala de atividades e em casa. Da mesma forma, dar a conhecer as intencionalidades e

as ações da educadora, permite que as famílias se apropriem das rotinas diárias e do ambiente educativo, podendo contribuir de forma mais concreta para o seu enriquecimento. Considero que após este primeiro período de adaptação, o papel do/a educador/a deve ser mais ativo e mais esclarecedor para com as famílias das crianças. Importa, também, refletir e pensar que estas relações não se centram nos adultos e que apenas estes atores são implicados no processo. Ferreira (2007) afirma que as “conceções adultocêntricas … excluem as crianças da compreensão e análise daquelas relações por serem crianças” (p. 64). Nesta perspetiva, considerei que todos os intervenientes deveriam ser escutados e tidos em consideração, de modo a pensar, estruturar e delinear intencionalidades que promovam aprendizagens significativas às crianças, com a colaboração, não só da equipa educativa, mas também das famílias e das crianças. Levando a sério e tomando “realmente em consideração o ponto de vista deste(s) actore(s) [sic]” (Ferreira, 2007, p. 64). Talvez, a realização de entrevistas às crianças antes da minha ação teria sido pertinente para melhor compreender e adequar as estratégias desenvolvidas, em função das suas conceções e sugestões. Na realidade, as atividades que as crianças sugeriram que os familiares podiam vir fazer, centraram-se nas que já tinham sido realizadas anteriormente.

Dito isto, esta investigação permitiu que refletisse e pensasse mais sobre a importância de um trabalho de parceria entre os principais contextos onde a criança se desenvolve, cresce e se relaciona com o mundo que a rodeia. Considero que muito trabalho terá de ser realizado para promover a participação das famílias no JI. Seria importante envolver os familiares em mais atividades de enriquecimento curricular, mas também implicá-los na organização do ambiente educativo. Primeiramente, o papel do/a educador/a de infância seria muito mais ativo, com pedidos de colaboração, mas ao longo do tempo, considero que as famílias começavam a ter mais conhecimento sobre como podiam agir e elas próprias seriam cada vez mais ativas por iniciativa própria.

4. CONSTRUÇÃO

DA

PROFISSIONALIDADE

DOCENTE

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