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Conclusões 44

No documento MAJ Albuquerque Barroso (páginas 57-60)

A gestão da informação é a pedra angular das operações militares modernas. Constatou-se que a estrutura de transmissões tácticas do Exército, que o SIC-T veio substituir, não possuía a capacidade de efectuar essa gestão da informação de uma forma eficaz, estando duplamente desactualizada. Por um lado estava dimensionada e doutrinada para apoiar apenas operações em cenários convencionais, direccionadas contra um inimigo bem definido, o Pacto de Varsóvia, num espaço de batalha contíguo. Por outro lado, estava assente igualmente numa plataforma tecnológica ultrapassada, de comutação de circuitos, e redes rádio VHF e HF, com uma separação bem definida entre voz e dados. Com o final Guerra da Fria, o 11 de Setembro, a revolução mundial ao nível das tecnologias da informação, os novos conceitos de operações centradas em rede e guerra da informação, a não contiguidade do espaço de batalha, e em consequência destes factos, com as novas missões em que o Exército se vê actualmente envolvido (tendo em particular atenção o carácter conjunto e combinado das mesmas), o SIC-T constitui-se como um elemento potenciador da acção de C2 no Exército.

Para abordar esta problemática o método adoptado foi do tipo hipotético-dedutivo, que pela investigação conduzida permitiu, dar resposta às questões derivadas, confirmar as hipóteses levantadas e assim responder à questão central: A doutrina das transmissões de campanha no Exército Português altera-se substancialmente com a adopção do SIC-T?

Constatou-se ao longo da investigação que os princípios orientadores da actuação das Transmissões necessitam de ser revistos. Verificou-se a alteração do paradigma de apoio de comunicações para o de apoio SIC; pois o enfoque deixou de estar centrado apenas no transporte da informação, estendendo-se a um conjunto muito mais abrangente de actividades relacionadas com a mesma. É evidente a necessidade de uma abordagem mais abrangente, tendo em vista a nova realidade de operações conjuntas e combinadas, e de operações de novos tipos. O SIC-T constitui-se sem dúvida como um enabler chave para o estabelecimento das operações centradas em rede no Exército, mas não o pode fazer isoladamente. Terá sim de se integrar totalmente com o SIC-E e os sistemas congéneres da Defesa, contribuindo para a implementação de uma infoestrutura que permita a introdução do conceito NNEC a nível nacional. Só assim será possível a obtenção de uma IOC que facilite a acção de C2.

Considera-se deste modo a hipótese 1 comprovada: Com a introdução de novos sistemas, novas tecnologias e de princípios como a NCW e a GI, e a participação em Operações Conjuntas e Combinadas (OCC), o apoio de SIC no Exército passa a ser encarado de forma diferente da realidade actual, constituindo-se o novo SIC-T do Exército Português como um componente fundamental mas não único.

Contrariamente à antiga estrutura de CCom de Área e CCom de Cmd, onde a delimitação do apoio de comunicações era bastante inflexível, com o SIC-T passou-se para uma estrutura modular, esta última inspirada no projecto TACOMS 2000. Este projecto, porém, apresenta na sua génese um paralelismo com o sistema norte-americano MSE. O SAL, com os seus módulos de NA, CCB e CCC disponibiliza uma grande variedade de serviços aos vários escalões de comando da Brigada e das unidades subordinadas, ao passo que o SUM estende esse acesso indiferenciado a todos os utilizadores móveis autorizados. A conjugação dos vários subsistemas do SIC-T permite a introdução de conceitos como QOS, portabilidade, preempção, etc., para além do que o funcionamento do SIC-T em modo full IP com uma boa largura de banda contribui enormemente para a flexibilização do apoio, oferecendo uma gama integrada de serviços de voz, vídeo e dados. Considerou- se que na generalidade, e devido ao paralelismo existente entre os dois sistemas, o apoio da componente de comunicações pode ser efectuado segundo os moldes do sistema MSE.

Ao nível da componente conjunta, embora estejam a ser dados os primeiros passos, ainda existe um longo caminho a percorrer. Porém, dada a plataforma tecnológica em que assenta o SIC-T, este possui todas as condições para uma rápida integração ao nível combinado e conjunto, desde que exista vontade para tal. De igual modo, o grau de autoridade controlo técnico necessita de ser revisto para se poder flexibilizar o apoio SIC. Destaque-se ainda a incipiente capacidade de utilização do segmento espacial do SIC-T. Constatou-se que as ligações via feixes hertzianos tendem a ser substituídas por ligações satélite, tal como acontece nas novas Brigadas Stryker norte-americanas.

Considera-se assim igualmente comprovada a segunda hipótese colocada, Os

componentes do SIC-T reflectem uma organização modular, muito diferente da anterior estrutura de Tm que preconizava um apoio mais estático assente em CCom de Comando e CCom de Área. Esta organização modular irá alterar a forma como é prestado o apoio de SIC nas operações militares, permitindo uma maior flexibilidade, e facilitando a integração com outros sistemas (combinados e conjuntos).

Notou-se que a nova arquitectura de segurança para o SIC-T ainda está numa fase incipiente. Seguindo a filosofia do projecto TACOMS, o enfoque foi feito nas

componentes de redes e sistemas, estabelecendo-se que a componente de segurança seria implementada apenas quando as referidas componentes estivessem operacionais. A inexistência de normas técnicas (com excepção dos RADs) e de doutrina condicionam igualmente que os únicos aspectos de segurança actualmente presentes no SIC-T sejam os equipamentos de cifra IP TCE-621 e os encriptadores bulk acoplados aos sistemas de feixes hertzianos. A esta situação também não é alheia a falta de uma cultura de segurança generalizada nos SICs do Exército. Considera-se que o caminho mais adequado será a transposição das directivas NATO na área da INFOSEC para o SSR, uma vez que todas as áreas da segurança dos SIC estão já cobertas por publicações doutrinárias NATO. Os equipamentos actuais (routers, firewalls, IDS) têm a possibilidade de suportar as mais recentes políticas de segurança, embora actualmente não estejam activadas no SIC-T. Um outro problema encontra-se na própria TCE 621, um equipamento de cifra IP não muito flexível e que pode por em questão a própria evolução do SIC-T.

Dado o actual estado de implementação do SIC-T, considera-se como não provada a terceira hipótese levantada, A nova arquitectura de segurança para o SIC-T reflecte as últimas inovações na área de segurança de redes integradas de voz, vídeo e dados.

Face ao anteriormente exposto, reconhece-se que a doutrina das transmissões de campanha no Exército Português se altera substancialmente com a adopção do SIC-T.

No documento MAJ Albuquerque Barroso (páginas 57-60)

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