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O mundo tem consumido cada vez mais petróleo. Associado a este fato, o preço internacional do barril aumentou bruscamente, saindo da faixa entre 10 e 25 dólares, em que permaneceu durante toda a década de 90. Para um cenário como este, impõe-se reflexão e reavaliação de posturas, pelo impacto negativo que terá no ritmo de crescimento global das nações. A disparada dos preços abre espaço para as recorrentes previsões catastróficas que proliferam em momentos de instabilidade. O cenário fica ainda mais preocupante quando se considera nos resultados obtidos pela pesquisa, que as maiores reservas de petróleo estão dispostas em países potencialmente conturbados, levantando hipóteses de instabilidade de produção e consequentemente, muita instabilidade financeira.

Sabe-se que o aumento na concentração dos gases causadores do efeito estufa, como o dióxido de carbono (CO2) e o metano (CH4), têm promovido profundas mudanças

climáticas no planeta. O aumento da temperatura média global, as alterações das precipitações pluviométricas e a elevação do nível dos oceanos, são efeitos que poderão ser catastróficos diante da contínua tendência de aumento da população mundial. Desta forma, a inclusão de combustíveis renováveis, como o biodiesel a partir da mamona, em nossa matriz energética, necessita em muito ser incentivada, para estancar a dependência e as emissões provocadas pelo uso dos combustíveis fósseis.

No Brasil, a produtividade da mamona para a produção do biodiesel ainda está muito abaixo das possibilidades, a despeito de se dispor de conhecimento tecnológico nos centros de pesquisas nacionais. Faz-se necessário, portanto, ampliar a disseminação da informação e o incremento das ações do Estado, nos diversos níveis, visando promover o plantio segundo as melhores práticas alcançadas, repercutindo de maneira favorável no aumento da oferta da mamona enquanto matéria-prima, redução de custos e melhoria nas margens de contribuição para a formação de preços do combustível. Toda a cadeia produtiva

que será desenvolvida para dar sustentação ao programa nacional do biodiesel, vai exigir assistência técnica, para que os produtores tenham qualidade na produção, competitividade e custos compatíveis com o mercado. A qualificação do pessoal, para o processo de difusão tecnológica junto aos agricultores familiares, requer um conhecimento adequado da realidade local e do seu dia-a-dia.

A mamona como matéria-prima, terá sua oferta bem estabelecida, na medida em que, pode-se dispor da região semi-árida, onde as condições de cultivo são propícias, pela própria característica da planta. O biodiesel se favorece de uma demanda de mercado exponencial, tanto internamente como para exportação. O produtor tem à sua disposição, diversas opções de acesso ao crédito, através de linhas de financiamento oferecidas pela rede bancária oficial do país. A legislação criada para amparar o programa de produção do biodiesel brasileiro, destaca o envolvimento da agricultura familiar e proíbe a importação do óleo vegetal para inclusão na mistura do biodiesel, protegendo a demanda interna.

O aumento da produtividade da ricinocultura contribuirá para amenizar a tendência natural de queda de preços pagos ao produtor de mamona, diante de maior oferta com a expansão das áreas de plantio e produção. A abertura e manutenção de linhas de financiamento em bancos oficiais devem ser cada vez mais estimuladas, fortalecendo a sustentação da cadeia produtiva.

O preço do biodiesel a partir da mamona aparenta ser ainda elevado, quando comparado ao do óleo diesel mineral. Entretanto, isto não pode se revestir como barreira ao seu desenvolvimento, uma vez que os produtos agropecuários tendem a apresentar preços declinantes e, no outro sentido, a cotação do petróleo mantém sua tendência de elevação, principalmente em função da expansão da demanda sobre suas reservas mundiais. Há que se considerar as externalidades positivas, como melhoria da proteção ao clima e meio ambiente, geração de emprego e renda, inclusão e bem estar social.

O mercado internacional para o biodiesel brasileiro, acena como promissor, bastando para isso considerar que apenas os Estados Unidos consomem 35% de todo o petróleo produzido no mundo e importam 60% de suas necessidades de petróleo e gás natural. Da mesma forma, a União Européia e o Japão importam praticamente todas as suas necessidades de petróleo e ainda, possuem um movimento ambientalista cada vez mais forte no sentido de buscar energias limpas, fortalecendo muito o mercado para o biocombustível. Além do que, a ricinocultura não deve se limitar como atividade econômica, apenas para a produção do biodiesel. O óleo de mamona detem alto valor no mercado internacional, focado na exploração da maioria de seus co-produtos.

A produção do biodiesel a partir da mamona no Nordeste brasileiro se reveste de uma esperança de vida melhor, para incontáveis agricultores do semi-árido nordestino. Um dos maiores problemas da região do semi-árido no Nordeste brasileiro é que o homem não se fixa no campo, por falta de geração de renda através de oportunidades de trabalho. A dimensão maior do problema é a migração para as regiões metropolitanas das capitais e das maiores cidades dos Estados. Esta pesquisa mostrou que para se produzir 800 milhões de biodiesel por ano no Brasil, será necessário o envolvimento de cerca de 400 mil famílias, o que representa aproximadamente 2 milhões de brasileiros, com oportunidade de emprego e renda. A implementação da produção de biodiesel a partir da mamona, é uma excelente oportunidade de integração social para as famílias excluídas do processo econômico, justamente por ser o meio rural o setor de maior concentração de baixa renda e desempregados. Desta forma, ao mesmo tempo em que se tem a possibilidade de produzir um combustível de valor econômico e ambiental, tem-se a chance de se promover um grande programa de inclusão social no país.

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