Os medicamentos derivados do plasma são medicamentos importantes, seguros e eficazes que salvam milhões de vidas em todo o mundo.
Dentro das especialidades farmacêuticas este tipo de medicamentos reveste-se de particularidades relevantes no que diz respeito á forma como são encarados do ponto de vista regulamentar. O facto de serem considerados medicamentos biológicos e da matéria prima de onde são fabricados ser o sangue humano, mais propriamente um dos seus constituintes, o plasma, torna estes medicamentos diferentes de qualquer outro que exista no mercado.
Como vimos, nesta pequena revisão, o seu enquadramento legal reveste-se de bastantes especificidades o que obriga o profissional de assuntos regulamentares a ter uma noção mais abrangente do seu papel quer a nível nacional quer internacional. Ser conhecedor das diferenças para antecipar e escolher a melhor estratégia possível é fundamental para debater lado a lado, a nossa posição nacional dentro de um panorama internacional não só a nível europeu mas também mundial.
A acessibilidade destes medicamentos é um aspecto de grande relevância. Estudos mostram que a matéria prima é escassa e que os países têm que rapidamente desenvolver estratégias consertadas, transparentes e inclusivas de forma a garantir a sustentabilidade num futuro que se prevê difícil. Basta pensarmos na pandemia que agora atravessamos e que nos mostrou a todos que tudo se pode alterar de uma maneira muito rápida e com uma elevado impacto na vida de cada um. A Europa deve definitivamente libertar-se da dependência do plasma recolhido nos estados unidos com uma alteração de mentalidade e abertura que já se vislumbra pelos relatórios e informações que começam a ser alvo de debate nas conferências Europeias sobre esta matéria. A dependência das dádivas benévolas deve ser reanalisada rapidamente sob risco da Europa perder a tão desejada auto-suficiência.
Perante todo este cenário, urge também defender a nossa posição enquanto país na procura da auto-suficiência mas também na garantia da disponibilidade deste tipo de medicamentos aos cidadãos portugueses de uma forma constante e sustentável. A presença nos concursos públicos, na formação do preço e também na discussão e análise, com as autoridades, quer da acessibilidade quer das estratégias de fraccionamento é um papel fundamental para o profissional de assuntos regulamentares alargando de sobremaneira o seu âmbito de intervenção e tornando esta área extremamente desafiadora e fascinante.
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