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Objetivou este trabalho analisar de que maneira o Observatório de Inovação Social do Turismo contribuiu para a prevenção e o enfrentamento da exploração sexual de crianças e adolescentes associada ao turismo. Para isso, revisou-se o referencial teórico pertinente e analisou-se o Observatório como estudo de caso.

Em relação ao referencial teórico, abordado no capítulo 2, foi especialmente importante para o desenvolvimento deste estudo a definição dos conceitos, o entendimento das categorias de violência e a distinção entre exploração sexual, abuso sexual e pedofilia. Com isso, foi possível embasar a compreensão de outros aspectos do fenômeno da exploração sexual de crianças e adolescentes que são abordadas ao longo do trabalho, como as suas causas e a forma de atuação em redes de exploração. Entendendo esses fatores, fica também mais palatável compreender de que forma o setor turismo se articula com a exploração sexual, se insere na rede de exploração, como se pode favorecer a exploração sexual por meio do turismo e como proteger as crianças e os adolescentes da exploração sexual presente muitas vezes nessa área.

O marco legal, as políticas e as ações de prevenção e enfrentamento da exploração sexual de crianças e adolescentes mostram a trajetória do que já foi realizado e apontam os caminhos que podem ser percorridos.

Reforça-se o entendimento sobre o Observatório de Inovação Social do Turismo após a definição de um observatório e a identificação de suas características, estrutura e principais funções. A utilização de um observatório para estudar o tema da exploração sexual infanto-juvenil mostrou-se uma opção adequada, já que, por meio deles, se torna

possível pesquisar, produzir e disseminar o conhecimento e as informações sobre o tema, que ainda são escassos.

Com base em análises de resultados, conclui-se que o Observatório tornou-se um espaço em que se congregam esforços do governo, da academia e do Terceiro Setor e que propicia a conexão de pessoas — graduandos, pós-graduandos, mestrandos, representantes de ONGs e professores de quatro cidades brasileiras, além do Distrito Federal.

Além disso, identificaram-se e divulgaram-se experiências de instituições que desenvolvem ações socialmente responsáveis relacionadas com a prevenção e com o enfrentamento da exploração sexual infanto-juvenil. Com a disseminação dessas boas práticas, é possível, pois, estimular outras instituições a adotarem ações de responsabilidade social similares.

A sistematização conceitual, a produção e a propagação de conhecimentos sobre a exploração sexual de crianças e adolescentes associada ao turismo concretizaram-se com a apresentação de trabalhos no CLAD, com a elaboração de monografias e dissertações, com a elaboração da matriz de metadados e com a publicação de livros — importantes contribuições, principalmente porque a falta de informação é uma das principais queixas de quem estuda ou trabalha com o tema.

O conhecimento na área da exploração sexual infanto-juvenil, específico do turismo, além de trazer contribuições teóricas, apresenta resultados de pesquisas exploratórias, com informações relativas às formas de cooperação para o enfrentamento da problemática. Assim, relatam-se os problemas identificados nas pesquisas e mostram-se sugestões.

Alguns desses resultados, por exemplo, demonstram a falta de iniciativas dos setores público e privado de turismo, voltadas para a exploração sexual de crianças e adolescentes. O pouco interesse pela questão por parte do setor de turismo também foi constatado nas pesquisas realizadas por três dos cinco grupos do Observatório, visto que o contato com empresários e organizações do setor teve um retorno bastante inexpressivo. Esse resultado serve de alerta para a necessidade de que se criem políticas públicas e ações visando à sensibilização do setor quanto às suas responsabilidades.

Vale lembrar que os resultados das pesquisas do Observatório também apontaram para a falta de esclarecimento do setor de turismo com relação às ações que poderiam ser empreendidas no enfrentamento da exploração sexual associada ao turismo. Acredita-se que tanto os estudos de caso, presentes no livro do Observatório, quanto as experiências premiadas, publicadas no livro do Prêmio, ajudem a sensibilizar os principais atores do setor de turismo, quanto às possibilidades de atuação, e estimulem-nos a adotar outros tipos de ação, na medida em que se apresentam exemplos de projetos que vão além de campanhas e seminários.

Cabe ressaltar que o conteúdo produzido pelo Observatório é original, pois os grupos não basearam seus estudos tão-somente em uma revisão bibliográfica. Dessa forma, o grupo de Brasília utilizou trechos de matérias jornalísticas sobre casos de exploração sexual na região Centro-Oeste, trazendo características específicas da exploração sexual daquela localidade, relacionada com o turismo de pesca. A equipe de Manaus realizou sondagem com agências de viagem e meios de hospedagem, além de entrevistas com gerentes de empresas de turismo. O grupo do Rio de Janeiro utilizou uma abordagem diferente, ao fazer entrevistas com prostitutas, representantes do Executivo municipal, legisladores, de empresários de turismo e da associação de moradores de Copacabana, conseguindo captar diferentes olhares sobre a questão da exploração sexual envolvendo

crianças e adolescentes. A equipe de Salvador fez entrevistas com representantes do CEDECA-BA, Sentinela, CHAME e PETI, que colaboraram muito com o relato de suas experiências. Além disso, todos os grupos contribuíram com a realização de um diagnóstico sobre a questão da exploração sexual de crianças e adolescentes associada ao turismo nas localidades estudadas.

É importante compreender que, apesar dos resultados até agora alcançados pelo Observatório e mesmo tratando-se de um projeto em vigor há pouco mais de um ano, e que, por isso mesmo, está em fase de adaptação, há que se avançar. Portanto, algumas sugestões podem e devem ser feitas.

Com relação ao Prêmio Responsabilidade Social em Turismo, recomenda-se a ampliação de sua abrangência. Em função da complexidade da problemática da exploração sexual de crianças e adolescentes, acredita-se que seria importante identificar experiências de responsabilidade social de empresas, ONGs e também do setor público que não se restrinjam tão-somente ao enfrentamento da exploração sexual de crianças e adolescentes, mas que também se relacionem com a análise da situação, a mobilização e a articulação, a prevenção, o atendimento, a defesa e a responsabilização e o protagonismo infanto-juvenil.

Após o esforço de sistematização e disseminação do tema, recomenda-se a realização de estudos sobre indicadores para avaliar políticas e monitorar a exploração sexual no turismo, que é um dos objetivos de um observatório. Essa seria uma importante contribuição do setor de turismo para a área de direitos da criança e do adolescente. Ressalte-se a importância dos indicadores no sentido de planejar, avaliar e monitorar políticas, estratégias, programas, metas ou ações.

A continuação de estudos é fundamental, por isso se sugere a parceria de profissionais das áreas de educação, saúde, assistência social, direito, entre outros, já que podem oferecer importantes informações sobre as suas áreas de atuação. É importante ressaltar que o enfrentamento do problema depende de ações intersetoriais e que é preciso apresentar alternativas de vida à criança e ao adolescente vulnerável, como oportunidades de educação e trabalho. Daí o envolvimento desses profissionais ser bastante relevante.

Além disso, seria importante a realização, pelo Observatório de Inovação Social do Turismo, de outros estudos sobre temas relacionados com o turismo e seu impacto social. Além da produção de conhecimentos importantes na área de turismo, os estudos, sem dúvida, contribuem para uma visão mais ampla acerca da questão da exploração sexual de crianças e adolescentes.

Após a realização desse estudo, entende-se também a necessidade de se fazerem proposições de pesquisas futuras para o tema da exploração sexual de crianças e adolescentes no turismo, a saber:

Análise da relação da exploração sexual com o turismo, com o enfoque na atividade econômica, já que a exploração sexual está relacionada com a economia preponderante no território.

Exame da questão da exploração sexual de crianças e adolescentes sob a óptica do consumo e sua relação com o turismo, já que este setor foi destacado por atender às demandas consumistas mais imediatas.

Avaliação de estudo sobre a pedofilia na internet e sua relação com a exploração sexual no turismo.

Análise da rede de proteção da exploração sexual e sua relação com a cadeia produtiva do turismo.