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1.4 Adaptação e Resiliência

1.4.3 Conclusões parciais

A busca pela resiliência no contexto das Alterações Climáticas, significa antecipar os seus efeitos e planejar as adaptações necessárias para a redução das vulnerabilidades atuais e futuras. A necessidade de adaptação surge quando os riscos previstos ou os impactos experimentados da mudança do clima exigem ações para garantir a segurança das populações e dos ativos, incluindo os ecossistemas e seus serviços.

As ações de adaptação podem ser de diversos tipos e escalas, devendo atuar diretamente sobre a redução da exposição e nas componentes da vulnerabilidade: sensibilidade e capacidade adaptativa.

Depois de uma revisão da literatura, foram apresentadas neste trabalho, categorias de adaptação em função do tipo, das estratégias, da forma e da magnitude das ações. Essa categorização está resumida no quadro a seguir.

Tabela 7 - Resumo da classificação das opções de adaptação utilizadas neste trabalho - Produção do autor

O sistema de transporte de uma cidade, responsável por garantir a acessibilidade da população à todos os outros sistemas urbanos, está no centro da sua resiliência e deve ser também adaptado aos impactos futuros das alterações climáticas.

Com base nas categorias de adaptação apresentadas, quatro diferentes aspectos das estratégias de adaptação podem ser destacados para os transportes: manter e gerenciar; fortalecer e proteger; aumentar a redundância; e, quando necessário, realocação.

Estas estratégias de adaptação dos sistemas de transportes, podem ser aplicadas nas infraestruturas, nas operações, nos veículos e no comportamento dos condutores e passageiros. Neste sentido, vale a pena destacar a importância de ações de adaptação no setor dos transportes públicos, base para a mobilidade urbana sustentável. O

ECONÔMICAS LEIS E REGULAÇÕES POLÍTICAS GOVERNAMENTAIS E SERVIÇOS EDUCACIONAL INFORMACIONAL COMPORTAMENTAL MEDIDAS NÃO ESTRUTURAIS C A T EG O R IA S D E A D A P TA Ç Ã O ENGENHARIA TECNOLÓGICA BASEADA NO ECOSSISTEMA ACOMODAR RECUAR ESTRATÉGIAS FÍSICA SOCIAL INSTITUCIONAL FORMAS

MAGNITUDE MEDIDAS ESTRUTURAIS

TIPO ANTECIPATÓRIO

REATIVO AUTÔNOMO PLANEJADO PROTEGER

transporte público eficiente, adaptado e resiliente, contribui para a segurança da população, em especial do pobres urbanos, em momentos de desastres, desempenhando um papel fundamental no gerenciamento do risco e no planejamento da evacuação, além de ser uma opção atraente também para aqueles que poderiam pagar a mobilidade motorizada privada, evitando a transferência modal para um transporte mais intensivo em emissões.

As medidas de adaptação podem ser consideradas robustas, flexíveis ou de baixo arrependimento. As robustas poderiam ser aplicadas em qualquer cenário futuro de mudança do clima, mas ainda são caras. As flexíveis poderiam ser ajustadas quando novos conhecimentos sobre os impactos das alterações climáticas estiverem disponíveis e as de baixo arrependimento são justificáveis sob todos os cenários futuros, pois mostram benefícios também em outras áreas (EEA, 2014).

No sector dos transportes, as medidas de baixo arrependimento são tipicamente medidas que aumentam a resiliência dos sistemas de transporte, ao mesmo tempo que proporcionam vantagens adicionais de curto prazo em termos de, entre outras, operações suaves, qualidade de serviços e eficiência. Isso se aplica, por exemplo, a práticas de manutenção corretas para infraestrutura de transporte, integração de sistemas de transporte (fornecendo mais alternativas aos usuários), ou revisão de padrões de projeto já obsoletos ou desenvolvimento de tais padrões, se eles não existirem. A experiência adquirida com a implementação de medidas de baixo arrependimento pode servir como base para começar a projetar e avaliar ações de adaptação mais dispendiosas que possam ser implementadas no futuro.

Apesar de ser um tema ainda bastante novo e pouco presente na agenda de adaptação das cidades, alguns projetos/planos de adaptação no setor dos transportes tem acontecido. Por exemplo, está em curso uma revisão das normas a nível europeu e em alguns países europeus para projetos de transporte. Na Alemanha e no Reino Unido, os padrões ferroviários estão recebendo atenção especial e, no último, alguns parâmetros de projeto foram alterados e estão sendo aplicados agora; A Noruega está realizando uma revisão das diretrizes e manuais de projeto de estradas; e a França está envolvida em uma revisão sistemática ambiciosa dos padrões de infraestrutura de transporte que incluem parâmetros climáticos que podem ser afetados por mudanças no clima. A Finlândia está atualmente considerando empreender revisões semelhantes

de padrões de projeto e diretrizes operacionais como parte de atividades mais amplas destinadas a expandir a base de conhecimento disponível.

Por um lado, a mudança de padrões pode fornecer alguma base para mudanças no design e nas práticas operacionais no curto prazo. Por outro lado, eles mostram o enorme desafio pela frente: uma revisão sistemática do projeto de transporte e práticas operacionais de uma perspectiva de alterações climáticas poderiam afetar um enorme número de padrões (cerca de 100 documentos técnicos, de acordo com a experiência francesa) embora, a longo prazo, seja rentável transitar pelos limites modais tradicionais e proporcionar maior coerência ao sistema de transportes no seu todo.

A inovação tecnológica é outra opção para atender aos requisitos emergentes ligados a mudanças no clima. Isso está acontecendo não apenas no campo dos materiais de construção, com o objetivo de proporcionar uma ampla gama climática de aplicação, mas também no projeto de estruturas inovadoras para a operação de infraestrutura de transportes.

Outra medida alternativa é pensar em estabelecer uma infraestrutura alternativa ou realocá-la. Esta opção vem particularmente em foco quando a infraestrutura precisa ser substituída porque excede sua vida útil ou é substancialmente danificada por um desastre. Nesta situação e também considerando os impactos futuros das alterações climáticas, a questão é se a infraestrutura deve ser reparada, atualizada, realocada ou se os serviços devem ser reorganizados via infraestrutura redundante ou outros modos. Há um equilíbrio para encontrar entre confiabilidade, custos e prestação de serviços.