• Nenhum resultado encontrado

2. Parte II – O impacto da realização de ateliês de escrita criativa na qualidade das

2.6. Conclusões

No início deste estudo definiu-se a problemática “Será que a implementação de ateliês de escrita criativa pode contribuir para o desenvolvimento da competência textual de uma turma do 4.º ano, nomeadamente, no âmbito da competência narrativa?”. Dessa forma, neste subcapítulo pretende-se dar resposta à mesma, tendo por base todo o trabalhado desenvolvido ao longo do presente RF.

69

Para além disso, irá proceder-se à análise dos três objetivos definidos para este estudo, de forma a compreender se foram atingidos.

Na fase inicial do estudo foram definidos os objetivos: (i) conceber e

implementar um conjunto de três ateliês de escrita criativa que visem ajudar os alunos a produzir narrativas de aventuras; (ii) melhorar a competência narrativa dos alunos; e (iii) avaliar o impacto da implementação dos ateliês na qualidade de aventuras produzidas pelos alunos.

O primeiro objetivo definido foi cumprido, uma vez que foram implementados três ateliês de escrita criativa na turma do 4.º ano que, por sua vez, proporcionaram a elaboração de tarefas desafiadoras, versáteis e auxiliares no desenvolvimento da competência narrativa dos alunos do 4.º ano.

O segundo objetivo definido também foi cumprido, uma vez que os resultados apresentados no subcapítulo anterior revelaram melhorias bastante significativas ao nível das várias categorias analisadas. Contudo, verificou-se que os alunos continuaram a revelar ainda algumas dificuldades na inclusão da descrição de personagens e lugares nas suas narrativas de aventuras, pelo que esse aspeto deveria ser mais trabalhado, mesmo assim os resultados obtidos na recolha final foram substancialmente melhores em relação aos resultados obtidos, a partir da recolha inicial.

Por fim, o terceiro objetivo foi cumprido, pois as grelhas, os gráficos construídos a posteriori e a análise de todos os dados recolhidos permitiram avaliar que os ateliês contribuíram para a qualidade das aventuras produzidas pelos alunos, uma vez que, tal como se pode verificar em 2.5.8., os alunos desenvolveram um conjunto de competências fundamentais à escrita de narrativas de aventuras. Os três ateliês implementados, para além de contribuírem para o desenvolvimento de competências de escrita, também permitiram desenvolver a criatividade dos alunos do 4.º ano.

De um modo geral, a partir dos resultados apresentados no subcapítulo anterior, tal como já foi referido, foi possível observar-se uma melhoria bastante significativa ao nível dos resultados apresentados na recolha final, comparativamente aos resultados obtidos na recolha inicial. Além disso, também foi possível verificar que os alunos apresentaram uma evolução gradual na maioria dos indicadores das categorias em análise. Por conseguinte, conclui-se que a implementação dos três

70

ateliês de escrita criativa contribuíram para o desenvolvimento da competência textual da turma do 4.º ano, no âmbito da competência narrativa.

Ao nível dos constrangimentos sentidos durante o estudo importa referir o tempo que foi proporcionado pela OC, uma vez que se tivesse sido dada a oportunidade de se realizarem mais ateliês, possivelmente, ter-se-ia verificado uma evolução mais significativa ao nível dos vários indicadores das categorias: (i)

criatividade; (ii) coesão; e (iiii) coerência.

Poderia também ter havido um investimento maior ao nível do processo de escrita, nomeadamente, na fase da planificação. Era intenção da autora que a planificação fosse trabalhada de forma muito intencional, havendo mesmo um momento de planificação seguido de partilha das ideias planificadas, para que as mesmas pudessem ser enriquecidas com contributos dos alunos e das docentes, seguindo-se depois a textualização. Estes momentos não aconteceram, porque a agenda semanal da turma estava muito definida.

Destaca-se o contributo dos ateliês para a melhoria da capacidade de os alunos refletirem sobre os seus textos e consequente melhoria. Dado o constrangimento sentido ao nível do tempo, a OC propôs que a revisão dos textos, em coletivo, fosse realizada durante o momento de Trabalho de Texto, contemplado na agenda semanal do grupo. Desse modo, a autora do estudo escolhia, semanalmente, uma narrativa de aventuras produzida por um dos alunos e fotocopiava o texto original, para que cada aluno ficasse com um exemplar. Além disso, o texto original era projetado no quadro. Posteriormente, os alunos tinham 15 minutos para reverem o texto, individualmente, identificando os aspetos que considerassem menos conseguidos no mesmo. Em seguida, realizava-se uma discussão em coletivo, em que os alunos apresentavam contributos para o melhoramento do texto em questão. Simultaneamente, a autora procedia às correções no texto que estava a ser projetado.

Mais tarde, os alunos reescreviam o texto melhorado, nos seus cadernos. Os ateliês pressupunham um trabalho antes da escrita e depois da escrita que foi muito pouco desenvolvido, tendo os ateliês sido muito orientados com base nos guiões construídos para a produção dos textos e nos momentos de trabalho de texto.

Como fator motivacional tinha-se previsto, também, que os alunos transformassem os seus textos em livros que poderiam depois ser apresentados ou às famílias ou a outras turmas. Desta forma, o trabalho de escrita ganharia um significado acrescido e a escrita teria uma dimensão funcional. No entanto, isto não foi possível.

71

Ainda assim, e concluindo, o estudo realizado foi bastante interessante e permitiu aprofundar aprendizagens importantes no âmbito da escrita. Além disso, revelou a importância de criar hábitos de escrita nas rotinas dos alunos, visando o desenvolvimento de diversas competências ao nível textual.

Os ateliês de escrita criativa apresentam-se, dessa forma, como uma estratégia que pode ser eficaz no desenvolvimento da competência textual e podem ser implementados nos vários contextos educativos, uma vez que para além de motivarem os alunos a escrever textos, dão um contributo muito importante no desenvolvimento de várias competências, visando, por conseguinte, a qualidade das produções dos alunos, neste caso, ao nível da competência narrativa.

Esta estratégia parece apresentar também muitas potencialidades para ser utilizada no âmbito do Estudo Autónomo, visto que os guiões são bastante detalhados e ajudam os alunos na dimensão processual do texto, pois as próprias instruções, de forma implícita (e às vezes explícita) levam os alunos a planificar o texto. Podem ser também implementados, de uma forma mais orientada como já se referiu anteriormente, compreendendo um momento de planificação primeiro individual e depois partilhada de um momento final de discussão e melhoria das ideias apresentadas.

Documentos relacionados