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Nos últimos anos o município tem demonstrado preocupação e atenção no que respeita a mobilidade sustentável. Tem criado superfícies de caminhada atrativas, com largura suficiente para garantir a segurança do peão, bem como o seu sentimento de segurança. A grande maioria destas superfícies possui vegetação na envolvente próxima que causa conforto aquando da caminhada e sombra ao longo da superfície de caminhada. O mesmo acontece com locais destinados a pessoas com deficiência visual ou motora. Todas as requalificações incorporam pavimento tátil e rebaixamento dos passeios junto às passadeiras. Além disto, têm sido criadas algumas “zonas 30” no centro da cidade, tentando combater o uso automóvel nesses locais, bem como reduzir as suas emissões. No entanto, estes esforços são reunidos geralmente quando se realiza uma obra municipal de grande importância. Ou seja, como se intervém no edificado, dá-se importância também ao espaço público que o envolve. São raras as intervenções pontuais em locais em que a sua existência se torna fundamental à qualidade de vida da população. Existem passeios em várias áreas da cidade que comprometem a segurança de todos os peões, principalmente dos idosos e deficientes. Tornando necessária a deslocação para a faixa de rodagem.

Quando inquiridos dois vereadores e uma técnica sobre questões relacionadas com o idoso, mobilidade e espaço público, percebe-se que todos pensam que o espaço público influencia bastante a qualidade de vida de um pedestre idoso. No entanto, quando questionados sobre como é que o envelhecimento tem influenciado as decisões da Câmara Municipal, responderam que têm sido criados lares residenciais e centros comunitários. Ou seja, nunca existe uma ligação ao espaço público, mas sim a equipamentos e edifícios para albergar esta população.

Não é suficiente criar apenas equipamentos que satisfaçam as necessidades dos idosos. É fulcral intervir no espaço público para que este convide a permanecer e conviver entre si, combatendo o isolamento associado a esta população. Desta forma, torna-se

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necessário realizar intervenções pontuais, que juntas influenciam o todo e melhoram a qualidade de vida de todos os cidadãos.

É ao encontro do referido que o método de auditoria pedonal pretendia melhorar os locais avaliados, privilegiando o peão. Pode concluir-se que este deteve sucesso na avaliação efetuada, coincidindo (em maioria) com a opinião da população que frequenta o espaço público alvo de avaliação. Pensa-se que isto se deveu aos indicadores e subindicadores selecionados. Uma vez que se procurou criar uma avaliação objetiva e não subjetiva, como é frequente utilizar em métodos que avaliem a caminhada.

Na maioria dos casos, foram alcançados os objetivos pretendidos através da avaliação ditada pela auditoria. Muitos dos segmentos revelaram uma boa classificação. Contudo, era desejado alterar os indicadores e subindicadores que a auditoria ditou como razoáveis, insuficientes ou péssimos nos segmentos com classificação razoável, de forma a melhorar a avaliação final dos mesmos e, consequentemente, dos percursos e das áreas de estudo.

Os subindicadores que se encontravam com pior classificação na maioria dos segmentos correspondiam com a dimensão dos passeios e da sua largura livre, obstáculos que impossibilitavam ou obrigavam a um desvio, acessibilidade entre travessias e a superfície de caminhada, ausência de mobiliário urbano e vegetação, separação entre o passeio e a faixa de rodagem, velocidade de circulação dos automóveis, acessibilidade universal aos edifícios e conservação dos mesmos. No entanto com as propostas consegue-se resolver a grande maioria, melhorando a pontuação dos segmentos. Os passeios foram alargados, embora não tanto como se gostaria em alguns casos. Criou- se acessibilidade digna entre o passeio e as travessias para facilitar a deslocação do idoso. Os obstáculos foram retirados na totalidade em todos os casos. Aumentou-se o conforto através da colocação de vegetação, sombra e mobiliário urbano que por sua vez resultam num buffer. Tentou-se implementar medidas que contribuíssem para a redução da velocidade e criar medidas que incentivassem a reabilitação dos edifícios. No entanto, na generalidade dos casos não se conseguiu resolver o problema da acessibilidade a edifícios, por não existir dimensão propensa à criação de rampas.

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Os subindicadores que não alcançaram sucesso encontram-se diretamente relacionados com a dimensão dos passeios, uma vez que é a partir desta que se desenvolvem a maioria dos subindicadores. Se a dimensão não for adequada, não se consegue colocar mobiliário, vegetação, informação e criar rampas de acesso, sem compromete a largura livre de circulação. Para comprovar recorre-se ao exemplo do segmento 3 pertencente ao Centro Comunitário de Tramaga. Este classificou-se como “razoável” tendo em conta a auditoria. Para melhorar esta classificação tinha de se intervir em vários subindicadores, destacando-se a dimensão total e de largura livre do passeio, obstáculos, buffer, velocidade e acesso universal às moradias. No entanto, apenas se conseguiu reduzir a velocidade e retirar os obstáculos, pois os restantes dependiam do aumento da dimensão do passeio que não era possível devido à dimensão da faixa de rodagem deter dimensão inferior à estipulada no PDM. Este é o único segmento que não alcançou a classificação “bom”, devido às alterações propostas não serem suficientes para o melhorar significativamente.

Com as intervenções percebe-se que o PDM deveria ser revisto quanto à mobilidade pedonal, criando medidas que favoreçam o peão e não o automóvel. As cidades direcionadas aos automóveis têm que se extinguir, invertendo a tendência dos últimos anos e devolver a cidade aos pedestres.

Posto isto, percebe-se que na maioria dos casos as condições de mobilidade pedonal cobrem as necessidades de um idoso, uma vez que muitos dos segmentos avaliados alcançaram uma boa classificação. Todavia, é possível melhorar as condições de mobilidade existentes, através das propostas de intervenção mencionadas para os segmentos com pior classificação.

Ao criar uma retrospetiva do estágio realizado na Câmara Municipal de Ponte de Sor, conclui-se que este possibilitou realizar todos os objetivos estabelecidos inicialmente, bem como aprofundar muitas das temáticas lecionadas ao longo do mestrado. Além disto, permitiu aprender a manusear dois programas com bastante relevância na área de urbanismo, nomeadamente o AutoCad e o Revit. Acima de tudo, preparou-me para o mundo do trabalho, possibilitando ser uma melhor profissional no futuro.

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