• Nenhum resultado encontrado

As novas datações radiocarbônicas realizadas para o Sítio Justino mostram que a cultura Canindé é bem mais antiga do que até então se tinha conhecimento.

Foi possível identificar quatro ocupações para o Sítio Justino. Os resultados obtidos mostraram uma ocupação mais antiga para região de Xingó, retrocedendo a chegada dessas populações para o período Quaternário época Pleistoceno com uma datação radiocarbônica de 12.220 ± 50 AP.

A cronologia de 12220 ± 50 AP leva a vários questionamentos, sobre o ciclo de ocupações, tanto para o povoamento do Nordeste como para a ocupação da América. Dentre outros questionamentos que o recuo da cronologia de Xingó provoca seria em respeito à coexistência do homem com a Megafauna, já que no estado existem fortes indícios dessa relação.

A realização de várias datações para um sítio consiste em validar ou mesmo descartar as hipóteses propostas. É importante deixar claro que uma única datação não é considerada definitiva ou irrevogável, sob pena de incorrer-se em erro involuntário. Antes, deve-se ter cautela com um único método de datação e as consequências de cada resultado obtido.

Portanto, os presentes resultados nos faz considerar a alteração cronológica tradicionalmente aceita para a cultura Canindé em pelo menos três mil anos a mais. Os resultados confirmam a forte dependência da população na fixação de um local propício para sobrevivência com um rio perene o São Francisco.

No entanto, as datações AMS obtidas aqui neste trabalho contribuem para uma reavaliação a cerca das permanências de vida dessas populações que habitaram a região do Baixo São Francisco.

A contribuição deste trabalho busca o sentido de reafirmar os cuidados que os arqueólogos devem ter ao se depararem com a impossibilidade de uma amostra apresentar condições de datação.

As consequências ambientais na conservação, os resultados obtidos, as técnicas utilizadas, e um único resultado como válido para a determinação das ocupações pré-históricas são variáveis que devem ser consideradas e algumas vezes necessitam de reavaliação para uma melhor leitura cronológica em uma determinada região.

   

60

Recomenda-se para futuros trabalhos que sejam realizadas análises dos ossos e dentes, em lâminas petrográficas, verificando se tais amostras sofreram o processo de substituição mineral, para se discutir novamente a alteração provocada pela falta de colágeno, bem como, a realização de datações diretas dos indivíduos através da apatita em amostras dentárias.

Com o avanço dos métodos pode-se obter uma datação confiável, utilizando a apatita como material datável, além do pré-tratamento das amostras descartando os contaminantes serem mais rigorosos. Este método está sendo bem difundido entre os pesquisadores, uma vez que dificilmente podem-se encontrar amostras arqueológicas que ainda contenham colágeno em sua constituição. Sugere-se ainda a realização de uma nova datação para primeira ocupação do cemitério C através da técnica de AMS.

 

 

61

REFERÊNCIAS

AB’SABER, A. N. 1997. O homem dos terraços de Xingó. Documento 06, UFS/PAX/PETROBRAS/CHESF.

AB’SABER, A. N. 2002. O homem dos terraços de Xingó. In: Salvamento Arqueológico de Xingó-Relatório Final. São Cristóvão-MAX/UFS. p: 16-26.

BARD, E.; ARNOLDS, M.; FAIRBANKS, R. & HAMELIN, B. 1993 a. 230Th – 234U and 14

C ages obtained by mass spectrometry in corals. Radiocarbon (35). p: 191-199.

BARD, E.; STUIVER, M. SHACKLETON, N. 1993 b. Global Changes in the Persepctive of the Past. Nova Iorque: John Willey and Sons.

BICHO, N. F. 2011. Manual de arqueologia pré-histórica. 2 ed. Lisboa, Portugal: Edições 70. 541 p.

BIRD, M. I.; FIFIELD, L. K.; TURNEY, C. S. M.; SANTOS, G. M. 2004. Datações próximo ao limite da técnica radiocarbono. 1º Encontro de Física e Arqueologia- descobertas e datações, Parque Nacional da Serra da Capivara-Brasil. p: 27-48

BOCHERENS, H.; TRESSET, A.; WEIDERMANN, F.; GILIGNY, F.; LAFAGE, F.; LANCHON, Y.; MARIOTTI, A. 1997. Diagenetic evolution of mammal bones in two French Neolithic sites. Bulletin Societe Geologique de France-168. p: 555-564.

BRADLEY, R. S. 1985. Quaternary paleoclimatology, Methods of paleoclimatic reconstruction. Boston, Unwin Hyman.

CARVALHO, O. A. 2006. Contribution a l’archéologie bresilienne: étude paléoanthropologique de deux necrópoles de la region de Xingó, état de Sergipe, Nord-est Du Brésil. Thèse nº 3802. Genève: Université de Genève. 527 p.

CARVALHO, O. A. 2007. Bioanthropologie des nécropoles de Justino et de São José II, Xingó, Brésil. Canindé do São Francisco: Museu de Arqueologia de Xingó. 232 p.

COLLINS, M. J.; RILEY, M.; CHILD, A. M.; TURNER-WALKER, G. 1995. A basic mathematical simulation of the chemical degradation of ancient collagen, Journal of Archaeological Science (22). p: 175-183.

COLLINS, M. J.; NIELSEN-MARSH, C; HILLER, J.; SMITH, C. I.; ROBERTS, J. P.; PRIGODICH, R. V.; WESS, T. J.; CSAPÓ, A. J.; MILLARD, A. R.; TURNER- WALKER, G. 2002. The survival of organic matter in bone: a review. Archaeometry 44 (3). p: 383-394.

DANTAS, V. J. 2005. Pausa para um banquete: análise das marcas de uso em vasilhames cerâmicos pré-históricos do sítio Justino, Canindé do São Francisco, Sergipe. Dissertação de Mestrado – Núcleo de Pós-Graduação em Geografia, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, 147 p.

   

62

DOMINGUEZ J. M. E BRICHTA, A. 1997. Estudos sedimentológicos a montante da UHE de Xingó. Relatório de Consultoria, Documento 4. São Cristóvão: UFS/CHESF/ PETROBRAS.

EDWARDS, R; BECK, J.; BURR, G.; DONAHUE, D.; CHAPPELL, J.; BLOOM, A.; DRUFFEL, E.; TAYLOR, F. 1993. A lange drop in atmospheric 14C/12C and reduced melting in the Younger Dryas, documented with 230Th ages of corals. Science, 260, p: 962-968.

FAGUNDES, M. 2007. Sistema de assentamento e tecnologia lítica: organização tecnológica e variabilidade no registro arqueológico em Xingó, baixo São Francisco, Brasil. Tese de Doutorado em Arqueologia – Museu de Arqueologia e Etnologia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 660 p.

FARIAS, R. F. 2002. A química do tempo: carbono 14. QNESC, v.16, p: 6-8. Disponível em: http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc16/v16_A03.pdf. Acessado em 4/06/2012.

FERNÁNDEZ MARTÍNEZ. V. M. 2000. Teoría y método de la arqueologia. 2.ed. Madrid, Espanha: Sintesis, 317 p.

JERÔNIMO, O.; CISNEIROS, D. 1997. Indústrias líticas da área arqueológica de Xingó. Cadernos de Arqueologia, Aracaju: UFS/CHESF/PETROBRÁS/PAX, Documento, 10. 19 p.

GARRET, R. H & GRISHAM. C. M. 1995. Biochemistry. New York: Saunders College Publishing.

HERZ, N. & GARRISON, E. G. 1998. Geological Methods for Archaeology. New York Oxford: Oxford University Press.

KORFF & MENDELL. 1980. Radiocarbon. 22, 159 p.

DOMINGUEZ, J. M. & BRICHTA A. 1997. Estudos sedimentológicos a montante da UHE de Xingó. São Cristóvão: UFS/ CHESF/ PETROBRAS, Relatório de Consultoria. Documento 04.

LEITE, J.B.; SANTOS, R. H. A. L.; SENRA, A. S.; QUEIRÓZ, A. N. de. 2012. Sítio Arqueológico Justino: dados preliminares da mineralogia do substrato sedimentar. Anais do VII Workshop Arqueológico de Xingó. Universidade Federal de Sergipe.

LINICK, T. W., DAMON, P. E., DONAHUE, D. J., JULL, A. J. T. 1989. Accelerator mass spectrometry: The new revolution in radiocarbon dating. Quaternary International 1, p: 1-6.

LUNA, S. C. A. 2001. As populações ceramistas pré-históricas do baixo São Francisco, Brasil. (Tese de Doutorado). Recife: UFPE.

 

 

63

MACARIO, K. C. D. 2003. Preparação de Amostras de Radiocarbono e Aplicações de AMS em Arqueologia e Geologia Marinha. Tese. Universidade Federal Fluminense, Instituto de Física, Niterói, 138 p. Disponível em: http://www- old.if.uff.br/pos/teses/Doutorado/2003/tese_kita.pdf. Acessado em 26/09/2011.

MARTINS-NETO, R. G.; & GALLEGO, O. F. 2006. “Death Behaviour” Thanatoethology, new term and concept: A taphonomic analysis roviding possible paleoethologic inferences. special cases from arthropods of the santana formation (Lower Cretaceous, Northeast Brazil). São Paulo, UNESP, Geociências, v. 25, n. 2, p: 241-254.

MELLO, A. C.; SILVA, R. N.; FOGAÇA, E. 2007. Sonhos em pedra – um estudo de cadeias operatórias de Xingó. Canindé do São Francisco: Museu de Arqueologia de Xingó,

MULLER, R. A. 1977. Science, 196, 489 p.

NIELSEN-MARSH, C. M.; HEDGES, R. E. M.; MANN, T.; COLLINS, M. J. 2000. A preliminary investigation of the application of differential scanning calorimetry to the study of collagen degradation in archaeological bone, Thermochimica Acta, 365, p: 129–39.

PROUS, A. 1992. Arqueologia Brasileira. Brasília, DF: Ed. da UnB, 605 p.

QUEIROZ, A. N. & CHAIX, L. Os vestígios faunísticos provenientes dos sítios arqueológicos: uma visão geral. In: SIMON, C.; CARVALHO, O. A.; QUEIROZ, A. N. & CHAIX, L. Enterramentos na necrópole do Justino – Xingó. São Cristóvão: Editora Universidade Federal de Sergipe. p: 49-55.

REICHE, I.; FAVRE-QUATTROPANI, L.; VIGNAUD, C.; BOCHERENS, H.; CHARLET, L.; MENU, M. 2003. A multi-analytical study of bone diagenesis: the Neolithic site of Bercy (Paris, France) Measurement Science and Technology 14, p: 1608-1619.

REIMER, P. J. BAILLIE, M. G. L.; BARD, E.; BAYLISS, A.; BECK, J. W.; BLACKWELL, P. G.; BRONK RAMSEY, C.; BUCK, C. E.; BURR, G.S.; EDWARDS, R. L.; FRIEDRICH, M.; GROOTES, P. M.; GUILDERSON, T. P.; HAJDAS, I.; HEATON, T. J.; HOGG, A. G.; HUGHEN, K. A.; KAISER, K. F.; KROMER, B.; MCCORMAC, F. G.; MANNING, S. W.; REIMER, R. W.; RICHARDS, D. A.; SOUTHON, J. R.; TALAMO, S.; TURNEY, C. S. M.; VAN DER PLICHT, J.; WEYHENMEYER, C. E. 2009. IntCal09 and Marine09 radiocarbon age calibration curves, 0-50,000 years cal BP. Radiocarbon 51(4), p: 1111-1150.

RENFREW, C. & BAHN, P. 1993. Aqueología: Teorías, Métodos y Práctica. Editora: AKAL, p: 107-135.

SANTOS, J. O. 2002. Datação Arqueológica por Termoluminescência a partir de Vestígios Cerâmicos do Sítio Justino da Região do Baixo São Francisco.

   

64

(Dissertação), Universidade Federal de Sergipe- Centro de Ciências Exatas e Tecnologia. São Cristóvão/ SE.

SANTOS, J. O.; MUNITA, C. S. 2007. Estudos arqueométricos de sítios arqueológicos do baixo São Francisco. Canindé do São Francisco: Museu de Arqueologia de Xingó, 150 p.

SCHEEL-YBERT, R. 1999. Considerações sobre o Método de Datação pelo Carbono- 14 e Alguns Comentários sobre a Datação de Sambaquis. Rev. do Museu de Arqueologia e Etnografia, São Paulo, 9, p: 297-301.

SILVA, J. C.; VERGNE, C.; POZZI, H. A. 2001. Reflexões sobre as técnicas de confecção dos artefatos líticos do sítio Justino, Canindé do São Francisco - SE. Canindé, Aracaju, n.1, p: 117-123.

SOARES, A. M. 1996. Métodos de datação. Almandan, Série II, 5, p: 109-116.

TALMA, A. S. & VOGEL, J. C. 1993. A Simplified approach to calibrating 14C dates. Radiocarbon, v. 35, n. 2, p: 317-322.

TAYLOR, R. 2001. Radiocarbon dating. In: Handbook of Archaeological Sciences, BROTHWELL, D. R. e POLLARD, A. M. (orgs.), Chichester: John Wiley & Sons, p: 23-34.

TAYLOR, R. & AITKEN (orgs.). 1997. Chronometric Dating in Archaeology. Advances in Archaeological and Museum Science nº 2. Nova Iorque: Plenum Press.

TRUEMAN, C. N.; MARTILL, D. M. 2002. The long-term survival of bone: role of bioerosion. Archaeometry 44 (3), p: 371-382.

VERGNE, M. C. S. 1997. Enterramentos em dois sítios arqueológicos em Xingó. Aracaju: Universidade Federal de Sergipe, Cadernos de Arqueologia- 7, 24 p.

VERGNE, M. C. S. 2002. Estruturas funerárias do sítio Justino: distribuição no espaço e no tempo. Canindé- Revista do Museu de Arqueologia de Xingó n.2, Aracaju, p: 251-273.

VERGNE, M. C. S. 2004. A arqueologia do Baixo São Francisco: estruturas funerárias do sítio Justino- região de Xingó, Canindé de São Francisco, Sergipe. Tese. Universidade de São Paulo, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 362 p.

VERGNE, M. C. S. 2005 a. Cemitérios do Justino - Estudo sobre a ritualidade funerária em Xingó, Sergipe. Sergipe: Museu de Arqueologia de Xingó, 212 p.

VERGNE, M. C. S. 2005 b. Os rituais funerários dos cemitérios “D” e “C”- Sítio Justino, Canindé do São Francisco, Área arqueológica de Xingó, Sergipe. Canindé, n.5, Aracaju, p: 11-50.

 

 

65

VERGNE, M. C. S. 2007. Complexidade social e ritualidade funerária em Xingó: apontamentos teóricos para compreensão das praticas mortuárias do sítio Justino, Canindé de São Francisco- SE. Canindé- Revista do Museu de Arqueologia de Xingó, v. 09, p: 25-58,

VERGNE, M. C. S.; FAGUNDES, M.; ARAÚJO, M. M. F.; CARVALHO, A. F. de SANTIAGO, E. V. R. 2006. Ritualidade funerária: compreendendo o universo simbólico de grupos humanos pré-históricos. Museu de Arqueologia de Xingó, Canindé do São Francisco. Série Didática 2.

Documentos relacionados