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Pode-se observar que para os resíduos com alguma regulamentação, a LR acontece de maneira mais organizada, como no caso de pneus (Resolução CONAMA 416/2009), agrotóxicos e embalagens (Lei Federal nº 9.974/2000), óleos lubrificantes (Resolução CONAMA 362/2005) que encontram-se em estágio mais avançado. Por outro lado, pilhas e baterias (Resolução CONAMA 401/2008), apesar de também disporem de resolução anterior à PNRS, ainda apresentam alguns entraves.

Em seis dos oito municípios visitados, nota-se que a LR para os pneus ocorre de maneira organizada.

Apenas dois municípios mostraram-se não adequados quanto à LR dos pneus, ressaltando-se nesses casos a falta de articulação entre os setores da saúde e outros.

A logística da coleta dos pneus inservíveis pela RECICLANIP junto aos municípios é feita de acordo com a disponibilidade da frota incluindo a melhor rota também para a destinação final.

Existe programa implantado de LR ligado às pilhas e baterias atendendo acordo setorial, firmado e custeado pelos fabricantes e importadores. Há regra para coleta das mesmas visando atender ao consumo doméstico, disponibilizando pontos estratégicos. Não há custos para a coleta nesses pontos específicos. Prefeituras, ONG’s, Instituições podem fazer a destinação final até 30 kg num raio de 50 km das capitais, sem custos. Além desta distância, é necessário arcar com o custo do frete. Empresas também podem solicitar a coleta de suas pilhas e baterias em todo território nacional, porém têm que custear o frete.

As lâmpadas fluorescentes foram identificadas como os produtos de menor conhecimento se têm quanto ao processo da logística reversa.

Verificou-se que o poder público não tem conhecimento de como orientar os munícipes quanto à destinação correta das mesmas e alguns municípios também não sabem como destinar as próprias lâmpadas que são substituídas nos prédios públicos. Nos estabelecimentos comerciais, como constatado, salvo exceções, há uma tendência a transferir e responsabilizar agentes diversos da cadeia, muitas vezes até responsabilizando o poder público por não ter iniciativa sobre o

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recolhimento das lâmpadas, apesar do acordo setorial já ter sido assinado em novembro de 2014 e sido publicado em março de 2015 (MMA).

A localização destes municípios de pequeno porte, distantes das empresas credenciadas, aliada à quantidade necessária para que fosse economicamente viável, são fatores inibidores. Através de uma parceria, poder-se-ia centralizar um ponto para o recebimento e armazenamento, gerando quantidade para que se viabilizasse a correta destinação. Cada qual arcaria com seu ônus.

A situação do descarte dos produtos eletroeletrônicos apresenta-se bem diversificada tanto nos setores governamentais quanto nos não governamentais.

Na maioria dos municípios, não há locais para o descarte e os estabelecimentos comerciais e assistências técnicas operam de maneira diferenciada entre si. O que se pode constatar, na maior parte das situações, foi a doação destes equipamentos eletroeletrônicos a terceiros, aqui denominado “receptores”. O acordo setorial ligado aos REE ainda está sendo discutido e quatro propostas foram consideradas válidas. Houve unificação das mesmas e o processo encontra-se em fase análise, desde janeiro de 2014 (SINIR). O mercado que atua na informalidade conforme foi observado na pesquisa.

A LR no âmbito das embalagens vazias de agrotóxicos e óleos lubrificantes já está praticamente consolidada, tendo sido implantada há mais tempo.

Quanto às embalagens vazias de agrotóxicos, há campanhas nos municípios, ocorrendo muitas vezes de maneira itinerante e em momentos específicos durante o ano (uma ou duas vezes). Na região estudada, não foi apontada nenhuma falha no sistema implantado.

Campanhas de óleos lubrificantes acontecem por conta do próprio mercado, nos postos de combustíveis, oficinas mecânicas, centros automotivos, onde há parcerias e encaminhamento para o reaproveitamento.

De modo geral, a pesquisa permitiu identificar as seguintes limitações e potencialidades para a ocorrência da Logística Reversa nos municípios de pequeno porte estudados:

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Limitações:

 Desconhecimento das responsabilidades compartilhadas pelo ciclo de vida dos produtos e da LR (Legislação), dificultando os procedimentos.

 Informalidade nas práticas de coleta, armazenamento, destinação final de alguns resíduos, principalmente (pilhas e baterias, REE, lâmpadas).

 Atribuição ao poder público de responsabilidades dos setores privados (indústrias, importadores, comerciantes, consumidores).

 Inexistência de articulação política entre setores e departamentos. Ações pulverizadas entre agentes dos mais diversos setores. Falta de cruzamento de informações. Dificuldade para obtenção de dados não compilados num único departamento, surgindo às vezes, informações contraditórias.

 Falta de corpo técnico no setor governamental com conhecimento da Legislação aplicável aos resíduos sujeitos à LR (com algumas exceções).

 Falta de iniciativas para resolução e tentativa de articulação em relação à gestão de alguns resíduos sem uma estruturação de LR consolidada.

 Ausência de banco de dados.

 Falta de discussão com a sociedade.

 Falta de fiscalização para o cumprimento da Legislação.

 Divergências políticas, quando da alternância do poder (deixa-se de fazer alguma ação iniciada que vinha se estruturando positivamente).

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 Falta de formação e capacitação de pessoas diretamente envolvidas nas cadeias de responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto.

 Restrições quanto a “pouca” quantidade dos resíduos e custos.

Potencialidades:

 Pouca geração de alguns resíduos (pilhas e baterias/REE) como fator indutor para gestão compartilhada de destinação final.

 Proximidade geográfica entre os municípios estudados.

 Soluções em parcerias/convênios entre os municípios para obtenção do selo “Município Verde-Azul”.

 Ações educativas bem divulgadas com efeitos positivos e fácil comunicação pelo porte dos municípios e engajamento de vários agentes.

 Existência de COMDEMA atuante no município como facilitador para discussões ligadas às questões ambientais, inclusive dos resíduos sujeitos à LR.

 Cooperativas podem ser canais para melhor gestão e gerenciamento de alguns resíduos.

 Aplicação e fiscalização da legislação – multas (fator inibidor para descumprimento às regras)

 Como recomendações advindas da investigação realizada, pode-se indicar, em termos de pesquisas futuras:

- Aprofundamento de cada resíduo isoladamente, incluindo uma quantificação mais detalhada;

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- Investigar a gestão dos resíduos de embalagens, que foram recentemente objeto de regulamentação nos municípios de pequeno porte.

 Com relação à gestão dos RS associada à LR nos municípios de pequeno porte, pode-se recomendar:

- A solução em parceria se mostra adequada para superar os limites relacionados a gestão devido à quantidade para melhor gerenciamento de alguns resíduos estudados, portanto, a elaboração e análise de propostas consorciadas para possivelmente melhorar o cenário de determinados resíduos;

- Maior articulação política entre os setores envolvidos na gestão dos resíduos sólidos propiciando ações eficientes na tomada de decisões;

- Educação Ambiental continuada envolvendo toda a cadeia de responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, responsabilizando e fiscalizando cada elo da cadeia a assumir seu papel;

- Avaliação de custos para LR;

- Fiscalização;

- Padronização da organização de dados (ex: ficha);

- Associar a legislação que envolve a LR como ferramenta de controle/cobrança para gestão dos RS.

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