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7. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

8.1 Conclusões sobre a etapa descritiva

Durante a primeira fase exploratória, foram levantados, junto a heavy

users, 28 vinte e oito) atributos, agrupados em três blocos da seguinte maneira:

bloco 1: 11 (onze) atributos de vantagens de comprar através da Internet;

bloco 2: 6 (seis) atributos de desvantagens – ou seja, vantagens de comprar pelo telefone (Alô PanVel) – e

bloco 3: 11 (onze) atributos de características de uma homepage de compra de medicamentos.

Depois de feita a aná lise fatorial, descobriu-se que os 11 indicadores do bloco 1 podiam ser agrupados em 4 fatores, a saber, comodidade, vantagens pessoais, opções

de navegação e praticidade e segurança. Igualmente o bloco 3 também agrupou seus

indicadores em quatro grupos: facilidade de navegação, informações sobre produtos,

promoções e incerteza. O bloco 2 não permitiu agrupamento em fatores.

Na comparação feita entre os fatores dos blocos 1 e 3 e os indicadores do bloco 2 com os dados da amostra foi possível observar algumas diferenças entre os estratos. A seguir, faço algumas análises dos dados demográficos.

O primeiro dado inusitado no início dos resultados é o número de mulheres pertencentes à amostra com relação ao número de homens: 62,9% - praticamente um terço – é composto por mulheres. Há uma tendência histórica, de uma maneira geral, de se considerar o homem. Este estudo mostra que o feminino é o gênero mais propenso a lidar com alta tecnologia. As mulheres compram mais medicamentos que os homens através do site da rede PanVel de farmácias.

Há que se considerar o produto também. Fosse compra de software, tele-entrega de comida ou talvez outros artigos “mais masculinos” e o resultado poderia ser diferente. Na compra de medicamentos, no entanto, o resultado é esse.

Com relação ao uso do computador, percebi que muitas pessoas usam- no individualmente ou, no máximo, com mais uma: exatamente 66,7%. Esse dado vem ao encontro do fato de que apenas 2,9% acessam o computador da escola ou da universidade – locais conhecidos por terem computadores de uso coletivo.

Considerando-se ainda a questão educacional, dado que chamou muito a minha atenção foi a escolaridade da amostra. Dos 140 (cento e quarenta) respondentes, apenas 3 (três) não completaram o segundo grau, parecem números escandinavos. Ora, esses números em nada tem a ver com os número globais de educação do país. A compra de medicamentos através da Internet é praticada apenas pela fatia com boa escolaridade.

Levando-se em conta ainda que acessar a Internet custa dinhe iro – ou seja, é necessário ter um computador moderno e pagar pelo acesso – é interessante dar uma olhada na renda dos respondentes. Estonteante 25% aufere, ao final de todo mês, mais de R$ 5.000, e 23,6%; de R$ 3.501 a R$ 5.000. Portanto, posso dizer que a compra de medicamentos online deve ser um atividade fortemente orientada para o consumidor de alta renda.

Com relação à compra de outros produtos que não medicamentos, este estudo avaliou livros e CDs. Como era de se supor, alguns compradores têm o hábito de comprar esses produtos, praticamente a metade – livros, 51,4% e CDs, 49,3%. A outra nunca comprou ou não tem o hábito, pouco podendo ser comentado sobre esse assunto.

Como alerta gerencial, posso inferir que os compradores de medicamentos online usam a avidamente a Internet como fonte de informação de produtos. Da amostra, 92,2% navega (pelo menos às vezes) antes de efetuar uma compra. Descobrir mais detalhadamente o que esse grupo busca é sugestão de pesquisas para o futuro. Quanto à atitude depois da compra, o número cai, mas

permanece surpreendente: 76,2%. Se as empresas virtuais não estão faturando tanto quanto previram os futurólogos dos anos noventa, talvez devessem investir em sites mais institucionais e de informação, como apoio às suas filiais tradicionais.

O site da empresa PanVel é relativamente simples, não demora muito a “carregar” tendo-se um computador de porte médio. Ou seja, não demanda conexão com a Internet de alta velocidade. No entanto, o resultado da pesquisa nos diz que 62,9% dos respondentes acessam a rede com alta velocidade. Uma explicação é a de que heavy users (não apenas para compra de medicamentos, mas de um modo geral) podem ter a tendência de ser mais exigentes com relação à rapidez de acesso às informações. Essa mesma avidez pode levá-los a experimentar todos os tipos de relação com o mundo virtual, incluindo a compra.

Analisando os fatores tal qual foram agrupados nos blocos 1 e 3, constatei o seguinte. No bloco 1 (aquele das vantagens de se comprar através da Internet), o fator com maior média de importância foi opções de navegação (4,4), que englobou os indicadores comparar preços, ver mais detalhes e total parcial. No bloco 3 (características de uma homepage de compra de medicamentos), o fator com maior média de importância foi facilidade de navegação (4,5), composto de facilidade de

procurar produtos, facilidade de entender a página, rapidez para “carregar” a

página e facilidade de fazer o pedido.

É possível perceber uma tendência do consumidor desta empresa a dar maior importância aos atributos da navegação per se e às opções que a página lhe

situação devem ser no sentido de incrementar a navegação. Os compradores podem também ser sensíveis à palavra “facilidade”, uma vez que ela aparece em três dos quatro atributos formadores do fator de maior importância deste estudo: facilidade de

navegação, com média 4,5. Sugiro para um próximo estudo, a avaliação de todas as

facilidades que a compra online proporciona na tentativa de eliminar o possível viés

introduzido pela palavra especificamente.

Quando fiz as comparações dos fatores dos blocos 1 e 3 e dos indicadores do bloco 2 com as variáveis demográficas, novamente me saltou aos olhos as diferenças entre os gêneros apresentadas por este trabalho. De um modo geral, as mulheres deram mais importância aos fatores e indicadores que os homens. Mas, o mais significativo é que, em todo e cada fator (blocos 1 e 3) e indicador (bloco 2) que apresentou diferença estatisticamente significativa entre os sexos, a mulher atribuiu maior importância que o homem em todos. No bloco 1, em comodidade de vantagens

pessoais; no bloco 3, em informações sobre produtos e incerteza e, no bloco 2, quatro

indicadores de seis: falar o número do cartão, não ligar, não conectar, não

“carregar”, não interromper atividades no computador e não decorar senha.

Com relação ao bloco 2, fica patente a melhor relação da mulher com o telefone e suas vantagens, atribuindo-lhes mais importância. Mas se (como visto anteriormente) o sexo feminino é 62,9% da amostra, qual o motivo dessa estreita relação com o telefone? Uma possibilidade é a de que a mulher faz mais compras de uma maneira geral transportando essa importância das vantagens do telefone para segundo plano.

As variáveis demográficas escolaridade e renda apresentam mais diferenças com relação compradores. As pessoas do extrato superior de escolaridade (superior incompleto a pós-graduação) apresentaram médias de importância me nos que as do extrato inferior em todos os quesitos com diferença estatisticamente significativa. Em vantagens pessoais (fator formado por não sentir vergonha ou

constrangimento, confirmação pela Internet e senha), a explicação pode estar na

confiança. Pessoas mais instruídas tendem a confiar mais nos sistemas sociais e tecnológicos. No bloco 3, os de baixa escolaridade deram mais importância a

promoções. Se se associa escolaridade a renda, prece facilmente explicável. No bloco

2, a diferença está em auxílio de funcionário. Pode-se inferir que o público de mais alta renda tende a ser mais independente não dando muita importância a esse indicador.

Os respondentes do extrato de renda mais baixo (até R$ 2.500) apreciaram mais os fatores vantagens pessoais e opções de navegação no bloco 1. A explicação pode estar atrelada à da variável escolaridade (no parágrafo acima). Quanto a opções de navegação, pessoas de renda mais alta podem preferir ir direto à compra, ao invés de navegar, talvez por terem menos tempo disponível. Ao analisar facilidade de navegação (bloco 3), um fator talvez mais considerado pelos mais abastados, ligado talvez à falta de tempo, observei que a diferença é a menor existente: apenas 0,1. Os clientes com renda menor dão mais importância também a

promoções, informações sobre produtos e incerteza (bloco 3). Talvez esses três

fatores tenham relação com o tempo disponível para navegar. Quanto ao bloco 2, os de mais baixa renda dão mais importância a falar o número do cartão e confirmação

por funcionário que, associando-se à escolaridade, pode-se atribuir à descrença nos

processos e à preferência em lidarem com pessoas e não, com máquinas.

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