Com este trabalho pode concluir-se que o problema de soldadura que motivou a realização do estágio curricular se deveu a um problema de geometria das protuberâncias de soldadura e não a falha de parâmetros ou composição dos materiais envolvidos. Desta forma, concluiu-se que a geometria das peças pode facilmente interferir no seu comportamento mecânico, por alteração da microestrutura e consequente fragilidade/ductilidade. As protuberâncias de soldadura ao fundirem e penetrarem a chapa de aço, levavam a uma maior área de contacto entre o aço fundido da porca com o aço fundido da chapa com uma consequente rápida dissipação de calor que seria suficiente para criar martensite e fragilizar a soldadura. O problema entendeu-se quando ao pensar-se no conceito das densidades de corrente existentes, se experimentou tornear o anel de contacto das porcas (diminuindo a área de contacto e aumentando a densidade de corrente) o que levou a uma soldura conforme, cuja microestrutura passou a ser do tipo ferrite-perlite com uma dureza inferior.
Desta forma, a engenharia de materiais deve ter atenção não só às composições e microestruturas das matérias-primas usadas, mas também à geometria e forma dos componentes e das propriedades físico-químicas que daí podem advir. Concluiu-se também que a camada de zinco da galvanização da chapa migra para as imediações a soldar continuando assim, a passivar e proteger a região então soldada.
Foi possível com este estudo recomendar à empresa que procurasse um alternativo desenho de porcas onde fosse assegurado pelo fornecedor a geometria e ângulo dos anéis de contacto da soldadura.
Para a resolução do problema foram também necessárias duas reuniões em Valência (Espanha) de forma a introduzir esta problemática ao cliente, que por sua vez se reuniu com a Ford Valencia Body and Assembly de maneira a justificar o atraso na produção das peças e consequente atraso na montagem das peças nos automóveis dependentes destas montagens.
Este estágio foi a prova da importância de engenharia de materiais junto das empresas e da forma como um estágio deu origem à solução de um problema real e urgente que envolvia diretamente a multinacional da indústria automóvel,
Ford e respetivo atraso na montam de um modelo em início de produção
mundial.
Este estágio permitiu-me conhecer a indústria automóvel, da qual se salienta a estampagem e soldadura de aço, bem como tarefas, funções e ferramentas típicas deste ramo. Com este estágio, foi-me dada a hipótese de ficar na
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empresa com um cargo e assim desenvolver a minha carreira em função desta área.
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Anexos
Anexo A – Norma sobre chapas de aço HSLA da Ford Motor Company Anexo B – Norma sobre porcas flangeadas de soldadura M6/8 da Ford Motor Company
Anexo C – Norma sobre zincagem de chapas de aço da Ford Motor Company Anexo D – Propostas de projetos de porcas de soldadura
Anexo E – Certificados de matéria-prima das chapas de aço HSLA usadas na estampagem da peça em estudo
Anexo F – IMDS da chapa estampada
Nota: Nesta versão final deste documento os anexos não se encontram
presentes a pedido da empresa. Foram porém apresentados aos membros do júri na versão provisória. Para um mais fácil enquadramento dos documentos, os anexos apesar de não estarem presentes, continuam referenciados ao longo do texto.