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A realização desta dissertação contribuiu significativamente para o conhecimento referente à deformação das cintas de travamento, quando esta entra em contacto com o cone de forçamento e com as estrias. Estes dois elementos (estrias e cone de forçamento), demonstraram-se necessários quando se pretende obter uma deformação plástica da cinta e provando ser essenciais para obturar os gases e conferir um movimento de rotação à granada.

Chegou-se à conclusão que existiam três possibilidades elementares, quando se pretendia replicar o processo físico de deformação da cinta. Estas possibilidades traduziam-se nos processos de fabrico extrusão, corte por arrombamento e corte por arranque de apara.

Apesar da combinação entre a extrusão e o corte por arrombamento gerar valores de força ligeiramente superiores que os dados experimentais de Wu et al. (2014a), pode-se afirmar que é a combinação que melhor descreve a realidade experimental, pelo facto de apresentar uma evolução mais estável, tal como se verifica experimentalmente.

Como foi explorado no Capítulo 6, existem inúmeras diferenças e simplificações que auxiliam nos cálculos, mas que elevam os valores de força obtidos. A diferença nos valores obtidos é explicada pelos seguintes pontos:

• Dimensões geométricas: a forma geométrica de uma cinta convencional possui diferenças que causam uma diminuição na força de deformação da própria cinta. A forma simplificada da cinta foi adotada de modo a simplificar os cálculos;

• Comportamento mecânico: os parâmetros/coeficientes que modelam o comportamento da cinta foram retirados da literatura disponível e de um ensaio experimental, que introduz discrepâncias entre os valores analíticos e experimentais.

Desde a Figura 6-9, que efetuou a primeira comparação com os resultados experimentais, até à Figura 6-15, que apresenta a nova curva de evolução da combinação extrusão-arrombamento, registou-se uma diminuição significativa no instante de carga máxima, na ordem dos 170 kN. Esta diferença, é um exemplo da influência que as hipóteses simplificativas podem causar no resultado final.

É possível concluir que as estimativas apresentadas durante o Capítulo 6, sobre o grau de influência de cada parâmetro, irão reduzir as forças obtidas analiticamente que só poderão ser confirmadas na realização de novos ensaios experimentais.

No entanto, apesar das diferenças entre os valores analíticos e experimentais, existem fatores que se demonstraram semelhantes num caso e no outro. Verificou-se em Wu et al. (2014a), que o principal parâmetro dimensional que governa a deformação das cintas de travamento é o diâmetro exterior da cinta, tal como acontece no modelo analítico gerado e que os pontos de inflexão, são comuns e localizam-se praticamente nos mesmos instantes de deslocamento, como o instante de carga máxima. Estes fatores traduzem o sucesso do trabalho desenvolvido durante esta dissertação, com o objetivo de compreender os fenómenos relacionados com a deformação de cintas de travamento.

Com o objetivo de preencher o conhecimento sobre a deformação das cintas, são propostos os seguintes trabalhos futuros:

• Tendo esta dissertação abordado a questão da deformação em condições quási-estáticas de carregamento, é necessário continuar a investigação de modo a determinar o comportamento das cintas em condições dinâmicas. Parâmetros como a velocidade de deformação, acelerações do projétil e temperatura gerada pela pólvora, são de extrema importância por afetarem o comportamento mecânico do material e por estarem presentes no disparo real das granadas;

• A realização de ensaios experimentais introduz a possibilidade de confirmação dos dados obtidos através de modelos analíticos ou computacionais. Logo, será importante criar a capacidade de efetuar ensaios quási-estáticos e dinâmicos no decorrer de trabalhos futuros. A realização de ensaios dinâmicos, poderá traduzir-se na instrumentação de um obus durante a realização de disparos reais, que são realizados todos os anos em Portugal;

• A capacidade de realizar ensaios experimentais, permite também a determinação dos principais fatores mecânicos e geométricos que influenciam todo o processo de deformação. Inúmeras cintas de diferentes materiais e geometrias, podem ser produzidas e testadas, de modo a determinar qual a melhor forma e material a adotar em diferentes aplicações, como o projeto FIREND®;

• Tendo em vista os objetivos apresentados pelo projeto FIREND®, seria interessante determinar a influência da utilização de materiais poliméricos na constituição das cintas, e determinar quais os parâmetros dimensionais e mecânicos, necessários para que se verifique um disparo bem- sucedido.

Referências

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Anexo A: Metodologia do modelo analítico da Extrusão

1. Incremento de 1mm na base anterior (deslocamento axial, 𝑥);

2. Cálculo do incremento correspondente da base posterior (deslocamento axial, 𝑥’); 3. Determinação de ℎ𝐴 e ℎ𝐷 utilizando relações trigonométricas;

a. Se ℎ𝐷 > ℎ𝑒𝑠𝑡𝑟𝑖𝑎 então só existe uma componente: “Extrusão Completa”. As estrias

ainda não entraram em contato com a cinta;

b. Se ℎ𝐷 < ℎ𝑒𝑠𝑡𝑟𝑖𝑎 existem duas componentes (“Extrusão Completa” e “Extrusão Parcial”)

que terão que ser somadas no final para se obter a pressão de extrusão total. Neste caso as estrias já estão em contacto com a cinta.

4. Determinação das áreas das seções transversais antes e depois da deformação, 𝐴𝐴 e 𝐴𝐷

através da seguinte expressão:

𝐴𝐴,𝐷= 𝜋 ( 𝐷𝑝𝑟𝑜𝑗𝑒𝑡𝑖𝑙 2 + ℎ𝐴,𝐷) 2 − 𝜋 (𝐷𝑝𝑟𝑜𝑗𝑒𝑡𝑖𝑙 2 ) 2 (A.1)

5. Determinação da extensão verdadeira,𝜀:

𝜀 = ln (𝐴𝐴 𝐴𝐷

) (A.2)

6. Determinação da tensão efetiva, “𝜎𝑢𝑛𝑖𝑓” usando a expressão 5-1 e os valores de “𝐾” e “𝑛”

correspondentes a cada material;

7. Determinação da pressão de extrusão,”𝑝𝑒”, para o instante correspondente, usando a

expressão 4.13;

8. Determinação da força de extrusão total multiplicando o valor da pressão de extrusão, pela área 𝐴𝐴;

a. Se não houver contacto entre as estrias e a cinta, só existe uma componente de extrusão;

b. Se as estrias estiverem em contacto com a cinta, existirão duas componentes que terão de ser somadas para obter a força de extrusão total.

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