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Não objetivamos a discussão dos resultados da síntese para cada galáxia individ-

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ualmente e nem uma interpretação detalhada dos resultados. E interessante porém investigar se existe alguma relação entre a população estelar, inferida pela síntese, e o tipo morfológico das galáxias.

Sabe-se, por exemplo que a sequência de Hubble para galáxias espirais corre­ sponde a uma progressão da proporção entre as componentes do bojo e do disco; tal que espirais do tipo prematura (SO - Sa) possuem um bojo mais pronunciado que o disco, enquanto as do tipo tardio (Sc - Sm/Im) possuem o disco proeminente e um bojo compacto. Sabemos também que o bojo possui populações mais anti­ gas semelhantes àquelas encontradas em galáxias elípticas, enquanto que os discos espirais possuem misturas de populações velha e nova, incluindo estrelas que ainda estão se formando, com regiões HII associadas a elas.

Dadas estas características, esperamos que populações jovens sejam progressiva­ mente mais importantes para galáxias do tipo tardio, e o oposto para galáxias do tipo prematuro. As figuras 5.6 e 5.7 confirmam esta expectativa.

Na figura 5.6 estão mostradas as cinco componentes de idade contra o tipo mor­ fológico T. Os valores de T neste gráfico vão desde T = —5, correspondendo a elípticas E0-E4, até T = 9, correspondendo a éspirais Sm/Im. Assim, o tipo mor­ fológico T indica, em ordem crescente, a importância das populações jovens para a luz dos objetos. Isto pode ser visualizado melhor na figura 5.7 onde reduzimos ainda mais a resolução em idade da base: combinamos as idades 109 e IO10 anos numa componente x veiha e as componentes 106, 107 e 108 numa componente x nova. Podemos ver claramente confirmadas as expectativas: a medida que cresce o valor de T, as populações velhas caem (painel superior) e as populações jovens (painel inferior) ganham importância, numa relação praticamente de 1 para 1.

Outra comparação interessante que podemos fazer é como o resultado da síntese se relaciona com outras técnicas de análise de espectros. Uma destas técnicas que vem sendo explorada para análise automática de espectros é a ACP (Análise de Componentes Principais). Sodré e Cuevas (1997) usam esta técnica para definir um índice a partir da projeção de um espectro num eixo principal. Este índice, denominado tipo espectral, usa mais informações (todo o espectro), resumindo-o a um número. O tipo espectral (tabela 5.1) foi calculado por L. Sodré para as galáxias do atlas de Kennicutt e na figura 5.8 mostramos a relação entre as componentes x veiha e x nm!a contra o tipo espectral. Mais uma vez vemos uma clara correspondência de praticamente 1 para 1.

Estes resultados demonstram uma consistência gratificante do método de síntese aqui descrito, que resume o espectro, e o de ACP, que utiliza mais informações.

Outro fator importante é que os resultados da síntese com o método aqui descrito é capaz de recuperar resultados conhecidos a respeito da morfologia de galáxias. Isto nos faz pensar em diversas outras aplicações futuras deste método, conforme discutiremos na seção 7.1.

x (1 0 e a n o s) x (1 0 7 a n o s ) x (1 0 8 a n o s) x (1 0 9 a n o s ) x (1 0 10 a n o s )

Capítulo 5. Aplicação às galáxias do atlas de Kennicutt 81

-5 0 5

Tipo M o rfo lo g ico T

Fig. 5.6: Tipo morfológico T em função da idade. Notar que a medida que o valor de T

v

elh

o

-5 0 5

T ipo M o rfo lo g ic o T

Fig. 5.7: O mesmo da figura anterior, mas para as idades combinadas em apenas duas: Xvelha = 109 e IO10 anos e xnova = 108, 107 e 106 anos.

v

elh

o

Capítulo 5. Aplicação às galáxias do atlas de Kennicutt 83

-5 0 5 10

T ipo E s p e c t r a l (ST)

Fig. 5.8: Variação do tipo espectral em função da idade para as componentes xveiha e %nova-

Vemos que o crescimento do tipo espectral indica o aumento da contribuição das populações jovens para a luz do objeto.

O D o m ín io S in tético d a b ase

Neste capítulo vamos apresentar uma aplicação do conceito de dom ínio sin té tic o à base de 12 elementos que usamos ao longo desse trabalho. Os resultados são bas­ tante ilustrativos no que diz respeito ao problema da deg en erescên cia alg éb rica do problema de SPESE com essa base. Também a título de ilustração, investigamos a posição de 29 galáxias do atlas de Kennicutt 1 em relação ao domínio sintético em uma série de diagramas. Conclui-se que na prática a não unicidade matemática do problema de SPESE nao é um problema grave. A “degenerescência estatística” que resulta da presença de erros observacionais é mais relevante no processo de síntese, pelo menos no que se refere a essa base.

6.1 O conceito de Domínio Sintético

O conceito de domínio sintético (DS) foi elaborado por Pelat (1997 e 1998), em sua

elegante formulação matemática do problema de SPESE. O DS simplesmente mapeia a região no espaço de observáveis correspondente a todas possíveis combinações dos elementos da base.

Nosso objetivo aqui é possibilitar uma visualização do domínio sintético, de mo­ do que se possa avaliar de maneira gráfica se uma dada galáxia é “a lg eb ricam en te sin tetizá v el” pela base ou não. Por “algebricamente sintetizável” entende-se que seus observáveis podem ser reproduzidos e x a ta m e n te por combinações da base. Objetos fora do domínio sintético portanto não podem ser sintetizados matemati­ camente de forma exata, e o problema de degenerescência algébrica (não unicidade) não se aplica.

O espaço de observáveis na base de Bica (1988) tem 16 dimensões, sendo 9 de W ’s e 7 de cores. Para visualizar o domínio sintético nesse espaço somos forçados a apresentar apenas projeções bi-dimensionais. Esta não é uma limitação séria, pois como veremos, tais cortes já são bastante úteis para julgar a possibilidade de sintetizar galáxias.

Para um par de larguras equivalentes, digamos W\ e W2, o domínio sintético no plano Wi vs W2 é definido por um conjunto de equações que definem estas Wi em termos de p ares de populações, isto é, em termos de apenas 2 elementos da base

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