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Os ensaios de tratabilidade de água feitos permitiram a produção de água filtrada com turbidez inferior a 0,5 uT, atendendo ao padrão de potabilidade. Esse resultado reafirma a eficácia do PAC para o tratamento de águas de elevada turbidez sem que seja necessária a etapa de correção do pH, por meio da adição de alcalinizante ou acidificante.

O uso de suspensões de Cryptosporidium spp. e Giardia spp. apresentou desafios durante a realização dessa pesquisa. As suspensões adquiridas apresentaram reduzida viabilidade com o IP, o que apresentou uma limitação ao estudo da interferência dos processos de tratamento dos resíduos de ETA. Todos os cistos de Giardia muris provenientes da empresa Waterborne, utilizados para a desinfecção da ALF, apresentaram incorporação do IP, o que inviabilizou a avaliação do tratamento por ozonização dos cistos presentes na ALF.

Nos ensaios preliminares para escolha do método de detecção de (oo)cistos, a FCCa com IMS apresentou recuperação para os resíduos de ETA dentro do padrão estabelecido. Entretanto, esse procedimento apresenta limitação decorrente da possibilidade de alterar a viabilidade dos parasitos pelas mudanças de pH. Por outro lado, a CD apresentou baixa recuperação e poços de leitura com mais sujidades, o que não tornou esse protocolo de interesse para essa pesquisa. O método CD + ICN 7X seguido de IMS apresentou menor interferência na viabilidade dos protozoários e apresentou poços de leitura mais limpos.

O ensaio de qualidade analítica do protocolo selecionado (CD + ICN 7X) foi feito com as suspensões e com EasySeed®. Devido à ausência de um padrão internacional a ser seguido que permita validar métodos de detecção de protozoários em resíduos de ETA, o Método 1623.1 foi utilizado como referência.

Para o controle de qualidade analítica com as suspensões, as recuperações de cistos de

Giardia spp., para a ALF e para o resíduo sedimentado, estiveram em conformidade com os

valores recomendados pelo Método 1623.1. Entretanto, considerando o ensaio com suspensão

EasySeed®, a recuperação atendeu ao Método apenas para cistos de Giardia spp. no resíduo

sedimentado.

Para oocistos de Cryptosporidium spp., todos os ensaios feitos estiveram abaixo dos valores de recuperação recomendados pelo Método 1623.1. Dessa forma, a pesquisa apresentou uma limitação, uma vez que o processo de ozonização foi feito considerando exclusivamente os oocistos.

A presença de (oo)cistos aderidos às microesferas magnéticas na segunda dissociação ácida pode ser um indicativo de ineficiência do procedimento de IMS ou também sugerir que

mais dissociações ácidas sejam aplicadas para a separação desses parasitos das microesferas magnéticas. O kit Dynabeads®, apesar do seu elevado custo, esteve acompanhado com um laudo que atestou a eficiência de purificação de 70%. Desse modo, o desempenho desse protocolo deve ser avaliado, uma vez que essa ineficiência de 30% apresentou mais uma limitação ao estudo.

A turbidez, os sólidos e os metais presentes nas amostras representam um desafio para a detecção de protozoários em resíduos de ETA. Os (oo)cistos podem ficar aderidos às partículas suspensas e dificultar o processo de IMS, especialmente em matrizes de elevada turbidez. A presença de metais na amostra, principalmente no resíduo sedimentado decorrente do uso de coagulantes, também pode ser um interferente do processo de atração magnética. As dificuldades na leitura dos poços das lâminas após a aplicação do método também podem ser decorrentes da presença de impurezas da matriz utilizada.

A incorporação do IP nos (oo)cistos foi adotada como um indicativo de inativação dos parasitos. Entretanto, a aplicação desse corante apresenta controversa, pois (oo)cistos corados não necessariamente perderam o potencial infectante. Dessa forma, é recomendado que os ensaios com o IP sejam acompanhados de ensaios de infectividade animal, o que representaria aumento dos custos e do tempo de execução dos experimentos, além da necessidade de contaminação de animais em condições controladas.

Para o cálculo da inativação de (oo)cistos pelos tratamentos aplicados, a ineficiência de recuperação do método de detecção aplicado pode acarretar no aumento na eficiência do tratamento, uma vez que é considerado o número médio de microrganismos encontrados após o tratamento em relação ao valor estimado conforme a contagem das suspensões inoculadas. Assim, o menor número de parasitos encontrados não necessariamente foi decorrente do processo de desinfecção, mas também pela perda de microrganismos ao longo do tratamento e (oo)cistos que não foram recuperados pelo método de detecção.

O tratamento alcalino do resíduo sedimentado não inativou todos os parasitos presentes no resíduo sedimentado, mesmo com dosagem de 27 mg de cal/100 mL de amostra e tempo de contato de 5 dias a 25oC. Os oocistos apresentaram-se mais resistentes que os

cistos para o tempo de 3 dias. Os cistos sofreram menos interferência do tempo de contato. Para o tratamento alcalino do resíduo sedimentado, como o pellet após centrifugação foi maior que 0,5 mL, as amostras foram divididas em dois tubos e apenas um foi escolhido aleatoriamente para ser processado por IMS. Para o segundo ensaio, os dois tubos foram processados por IMS e foi possível observar que escolha aleatória de um tubo pode

subestimar ou superestimar a quantidade de (oo)cistos por meio da adoção de um fator de multiplicação.

Para o processo de ozonização, mesmo com 10 mg O3 L-1 de ALF com tempo de

contato de 5 min, correspondente ao CT de 50 mg min L-1, oocistos não corados foram encontrados. Apesar da pequena quantidade de oocistos identificados, esse resultado é um indicativo da resistência dos oocistos ao processo de ozonização.

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