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As metodologias de coleta e análise dos resultados, para as pesquisas quantitativa e qualitativa, foram consideradas adequadas, uma vez que todos os objetivos propostos pela pesquisa foram alcançados.

Em relação à qualidade da água de chuva captada em duas regiões de Belo Horizonte, Pampulha e Centro, pode-se concluir que houve diferença significativa, para alguns parâmetros. Coliformes totais e pH (telha cerâmica) e cor aparente e turbidez (telha metálica) são exemplos disso. Para todos os parâmetros citados, a água captada na região do Centro apresentou qualidade inferior áquela coletada na região da Pampulha. Uma das possíveis explicações para essa situação poderia ser a maior poluição, advinda de automóveis e ônibus, a qual a região central está submetida.

Quanto à comparação da qualidade da água de chuva captada por dois tipos de telhas, cerâmica e metálica, também foram verificadas diferenças significativas para alguns parâmetros. Cor aparente, pH, coliformes totais e Escherichia coli apresentaram diferenças nas duas regiões estudadas, para os dois tipos de telhas. Já a turbidez apresentou diferença apenas as águas captadas na região da Pampulha. A diferença entre a qualidade da água captada pelos dois tipos de telhas poderia ter sido causada pela composição química das mesmas. A argila da telha cerâmica, por exemplo, poderia ter sido uma das responsáveis pelo aumento do pH da água da chuva. Em relação à diferença de turbidez, uma das possíveis explicações poderia ser que o escoamento das águas pluviais sobre as telhas cerâmicas teria superado a resistência à abrasão do material, de maneira a carrear sedimentos para os tubos. O telhado metálico, de um modo geral, apresentou água captada de melhor qualidade do que a água captada pelo telhado cerâmico, principalmente quanto aos parâmetros microbiológicos. A telha metálica, ao ser aquecida, provavelmente inativou muitos microrganismos que ali estavam depositados.

Foi confirmada a importância da limpeza das calhas, após um longo período de estiagem, para a melhora na qualidade da água de chuva captada, principalmente para parâmetros como a turbidez e a cor aparente. Antes das calhas implantadas na presente pesquisa serem limpas, a turbidez teve picos de até 320 uT, ou seja, 64 vezes o valor máximo permitido pela Portaria 518/2004 do Ministério da Saúde e a cor aparente de 680 uH, ou seja 45 vezes o VMP.

Segundo os resultados obtidos pela presente pesquisa, os volumes mínimos necessários de água de chuva a serem descartados para que os padrões de qualidade recomendados pela Portaria MS n. 518/2004 e NBR 15.527/2007 sejam atendidos, considerando as medianas, são mencionados na sequência. É suficiente um volume de 1 L de água de chuva por m² de telhado para pH, sulfato, chumbo, dureza e manganês. Para o parâmetro turbidez, os volumes de descarte verificados foram variáveis, dependendo da região onde estava implantado o telhado. Para as águas captadas na Pampulha, verificou-se que um volume de descarte de 2 L

de água de chuva por m2 de telhado era suficiente, já para as águas captadas no Centro, o

volume de descarte para atendimento à Portaria foi de 3 L/m². Para o parâmetro cor aparente,

o volume de descarte deve ser superior a 3L/m2, para que os padrões da Portaria 518/2004 do

Ministério da Saúde e NBR 15.527/2007 da ABNT sejam atendidos. Apenas as águas captadas pelas telhas metálicas, implantadas na Pampulha, apresentaram valores que atendiam

aos padrões de qualidade, para descarte de 3L/m2. Para o parâmetro Escherichia coli, as águas

captadas pelas telhas metálicas atenderam à Portaria MS n. 518/2004, quando foram

descartados o equivalente a 1 L/m2 de telhado, para as telhas cerâmicas esse valor foi superior

a 3 L/m2. Para o parâmetro coliformes totais, o volume mínimo, para a sua ausência em 100

mL, deve ser superior a 3 L/m2 para todos os tipos de telhas e regiões de estudo. Para o

parâmetro ferro, o volume de descarte deve ser superior a 3L/m2, para que a Portaria MS n.

518/2004 seja atendida. Apenas as águas captadas pelas telhas cerâmicas, implantadas na Pampulha, apresentaram valores que atendiam aos padrões de qualidade, para descarte de 3L/m2.

Pode-se perceber que o volume a ser descartado para que as águas de chuva sejam aproveitadas, é variável em função de cada parâmetro. De uma maneira geral, as águas captadas por telhas metálicas, localizadas na região da Pampulha, local menos exposto à poluição em relação à região central de Belo Horizonte, apresentaram qualidade que atendia muitas vezes, ao padrão de potabilidade do Ministério da Saúde.

Em relação ao estudo sobre a percepção de alguns moradores da cidade de Belo Horizonte sobre o aproveitamento de água de chuva, algumas hipóteses foram confirmadas e outras parcialmente confirmadas. De uma maneira geral, os sujeitos possuem consciência ambiental e têm conhecimento da necessidade de utilização de água potável de maneira racional. O aproveitamento de água de chuva para usos gerais como limpeza de chão, quintal e banheiros, limpeza de carros e irrigação de plantas, foi admitida em muitos discursos e considerada como

sendo possível de ser realizada.

O desconhecimento da população sobre os sistemas de aproveitamento de água de chuva foi verificado nos discursos como sendo um fator impeditivo à sua implantação. Percebeu-se, por meio das entrevistas, a real necessidade de divulgação de resultados de pesquisas para que a população resolva aderir para a utilização dessa água.

Verificou-se durante as entrevistas e transcrições que, para os entrevistados com escolaridade superior completa, o custo de implantação de um sistema de aproveitamento de água de chuva não seria um empecilho à sua implantação. Já para os entrevistados com ensino fundamental incompleto, essa variável foi considerada um impedimento. Percebeu-se que são necessários incentivos financeiros para que a população se sinta motivada a utilizar a água de chuva para algumas atividades que não necessitam de água com qualidade potável. Em muitas ocasiões, durante as entrevistas, pode-se perceber o interesse de alguns entrevistados sobre o aproveitamento de água de chuva, entretanto muitos não apresentavam condições financeiras de realizá-lo.

O comodismo também foi um fator importante e que foi verificado nos DSCs. Grande parte da população da capital mineira recebe água canalizada em casa e, por esse motivo, somente utilizaria água de chuva para atividades gerais se recebesse algum incentivo.

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