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Concretizando, no entanto, mais ainda a questão no tema que estamos tratando, a “lavagem cerebral” vem sendo efetuada do

SEU MODO ATUAL DE DIFUSÃO

C.4. Concretizando, no entanto, mais ainda a questão no tema que estamos tratando, a “lavagem cerebral” vem sendo efetuada do

seguinte modo: na linguagem, o gênero feminino, masculino ou neu­ tro das palavras é definido de uma maneira arbitrária, isto é, sem que tenha nenhuma relação com a sexualidade. Por exemplo, a mesa é do gênero feminino e o copo é do gênero masculino, sem que em nenhum dos casos exista qualquer conotação sexual; e assim é com todos os vocábulos. Além disso, existem conceitos que em um idio­ ma podem ser escritos no masculino, em outro, no feminino e em um terceiro, no gênero neutro. Por exemplo, a palavra sangue: la sangre é feminino em castelhano; il sangue é masculino em italiano e the blood é neutro em inglês. Mas o conceito - e a reahdade a que se refere - é exatamente o mesmo. Ou seja, que uma mesma coisa poderia ser masculina, feminina ou neutra, dependendo apenas de uma circunstância cultural: a língua utilizada para nomeá-la.

Extrapolando esta atribuição arbitrária de feminilidade ou mas­ culinidade aos seres humanos, pretende-se sustentar que existe um sexo biológico que nos é dado e, por isso, é definitivo; mas que, ao mesmo tempo, todo ser humano pode “constmir” livremente seu sexo psicológico ou gênero. No início, os termos sexo e gênero são usados de modo intercambiável, como se fossem sinônimos. Mas quando uma “massa crítica” de pessoas, por esnobismo, se acostu­ ma a usar a palavra gênero, vai sendo acrescentado, sutil e imper-

ceptívelmente, o novo significado de “sexo construído socialmente” como contraposição ao sexo biológico. O processo final será o de simples mortais falando de gênero como uma autoconstrução livre da própria sexualidade. Chegados a esse ponto, a “lavagem cere­ bral” dessa sociedade foi realizada.

d. A Real Academia Espanhola e o vocábulo “gênero” : Um modo concreto e eficaz de evitar a manipulação da linguagem é jus­ tamente falar e escrever com propriedade. O idioma castelhano tem para isso um organismo reitor, que Udera as vinte e uma Academias suigidas nos países da América de Imgua espanhola. Em relação ao assunto de que estamos tratando, em 19 de março de 2004, foi publi­ cado o “Informativo da Real Academia Espanhola sobre a expressão violência de gênero”, que fora aprovado na sessão plenária acadê­ mica de 13 de maio de 2004. Foi analisada ali tal locução do ponto de vista lingüístico. Depois de se recordar que é uma expressão ori­ ginada em inglês, por ocasião da Conferência da ONU sobre a Mu­ lher, realizada em Pequim, em 1995, considera-se a conveniência ou não de usá-la em castelhano.

No núcleo do parecer, expressa-se com cristalina clareza: “A palavra gênero tem em espanhol os sentidos gerais de ‘conjunto de seres, estabelecido em fimção de características comuns’ e ‘classe ou tipo’: classificamos suas obras por gêneros-, esse gênero de vida pode ser pernicioso para a saúde. Em gramática, significa ‘proprie­ dade dos substantivos e de alguns pronomes pela qual são classifica­ dos no masculino, no feminino e, em algumas línguas, também no neutro’: o substantivo ‘mapa’ é do gênero masculino. Para designar a condição orgânica, biológica, pelo qual os seres vivos são mascu­ linos ou femininos, deve ser empregado o termo sexo: As pessoas de sexo feminino adotavam uma conduta diferente. Isto é, as palavras têm gênero (e não sexo), enquanto que os seres vivos têm sexo (e não gênero). Em espanhol não existe tradição de uso da palavra gênero como sinônimo de sexo”.

d.l. Depois de onze anos de estudo das vinte e duas Academias da Língua, foi publicada a “Nova gramática da língua espanhola”, de Carlos G de Castro Expósito, a primeira que vem à luz desde o ano de 1931. Existe ali uma série de precisões que têm relação direta - e contradizem - eom a manipulação lingüística da ideologia de gênero. Destaco especialmente as seguintes:

— “Gênero é uma propriedade dos nomes e dos pronomes, tem caráter inerente e produz efeitos na concordâneia com os determinantes, adjetivos....e não está relaeionado com o sexo bioló­ gico. Nós, as pessoas, não temos gênero, temos sexo. Por isso, a expressão ‘violência de gênero’ está incorreta porque a violência é cometida pelas pessoas e não pelas palavras. Em nossa língua, deve- se dizer violência sexual ou violência doméstica, como nos indica a Real Academia Espanhola”.

— “Exemplos de uso: ‘Membro. Admitem-se as alternâncias ‘Ela é o membro (ou a membro) mais notável do time’. Mas ‘membra’ não é recomendado”.

— “Reiterações. Tampouco se aceita a desnecessária utilização redundante do masculino e do feminino. ‘A maior parte dos cida­ dãos e das cidadãs’ é um circunlóquio desnecessário. O critério bási­ co de qualquer língua é economia e simplificação. Obter a máxima comunicação com o menor esforço possível, não dizendo em quatro palavras o que pode ser resumido em duas. Ao longo dos últimos anos, destacados membros da Real Academia Espanhola chamaram a atenção para isto [...] O emprego de eircunlóquios e substituições inadequadas: ‘deputados e deputadas eleitos e eleitas’ em vez de deputados eleitos, ou levarei ‘os meninos e as meninas’ ao colégio em vez de ‘levarei os meninos ao colégio’ é empobrecedor”.

— “A arroba não é uma letra. Para evitar as desconfortáveis repetições a que dá lugar o reeente e desneeessário costume de dei­ xar sempre explícita a alusão aos dois sexos (os meninos e as meiú- nas, os cidadãos e as cidadãs etc.), começou a ser usado o símbolo

arroba (@) como recurso gráfico para integrar, em uma só palavra, as formas masculinas e femininas do substantivo, já que este signo parece incluir em seu traço as vogais a e o: @s menin@s. É necessá­ rio considerar que a arroba não é um signo lingístico e, por isso, seu uso nesses casos é inadmissível do ponto de vista normativo; acres­ centa-se a isso a impossibilidade de aplicar esta fórmula. O que é a arroba? Vamos explicar-lhes o que é a arroba:

1. Símbolo que se utilizava para representar a unidade de massa chamada arroba: @ plural @@. Peso equivalente a 11,502 kg. ( Em Aragão, peso equivalente a 12,5 kg.).

2. Na atuahdade, é muito conhecido pelos usuários de informática, pois é utilizado para indicar « e m » (at em inglês) nos endereços de correio eletrônico e outros serviços on-line que utilizam o forma­ to usuário@ servidor.

3. Durante boa parte do começo e metade do século XX, foi um símbolo usado nos livros de texto como representação da área, espe­ cialmente em livros de matemática e de engenharia”.

Escrever com propriedade é uma contribuição - modesta, tal­ vez, mas sem dúvida muito eficaz e concreta - para pensar com liberdade e ajudar os outros a fazê-lo também.