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Tabela 3. Distribuição de acordo à instituição de atendimento

Instituição de atendimento N %

Hospital Santa Casa de Rio Claro 105 44,3

Hospital Santa Casa de Limeira 87 36,7

Hospital Fornacedores de Cana 14 5,9

Hospital Medical 13 5,5

Hospital Unimed Limeira 7 3,0

Hospital Unimed Rio claro 6 2,5

Faculdade de Odontologia de Piracicaba 5 2,1

Total 237 100,0

Gráfico 2. Distribuição de pacientes de acordo ao órgão financiador

c) Etiologia

O principal agente causal dos traumatismos foi queda, em ambos os gêneros, totalizando 146 casos (61,6%), seguido de 24 casos (10,1%) de agressão física, 21 casos (8,9%) por atropelamento, 17 casos (7,2%) por acidente ciclístico, 12 casos (5,1%) de acidente automobilístico, 5 casos (2,1%) por esporte, sendo que trabalho 2 casos (0,8%) e moto 2 casos (0,8%). Oito casos foram incluídos na categoria de outros (3,4%) (Tabela 4).

SUS 89% Convenio

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Tabela 4. Distribuição de pacientes de acordo a etiologia do trauma

Etiologia Nº de Pacientes (%) Queda 146 61,6 Agressão 24 10,1 Atropelamento 21 8,9 Ciclístico 17 7,2 Carro 12 5,1 Outros 08 3,4 Esporte 05 2,1 Moto 02 0,8 Trabalho 02 0,8 Total 237 100

Quanto à distribuição dos pacientes de acordo com a etiologia do traumatismo relacionado ao gênero, dos 146 pacientes vítimas de queda, a maior prevalência foi no gênero feminino com 90 casos quando comparado aos 56 casos em pacientes do gênero masculino. Dentre os pacientes vítimas de queda, 95 (65%) apresentaram algum tipo de fratura facial. Nos acidentes de trânsito e nas agressões físicas houve maior prevalência do gênero masculino, 42 casos (33%) e 19 casos (15%) respectivamente, quando comparados a 10 casos (9,0%) e 5 casos (4,5%) para o gênero feminino (Tabela 5 e Gráfico 3).

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Tabela 5. Distribuição de acordo à etiologia e gênero

Gênero

Etiologia Masculino Feminino Total (%)

Queda 56 90 146 (61,60%) Acidente de Trânsito 42 10 52 (21,94%) Agressão Física 19 5 24 (10,12%) Esporte 4 1 5 (2,12%) Trabalho 1 1 2 (0,84%) Outros 5 3 8 (3,37%) Total 127 110 237 (100,0)

Gráfico 3. Distribuição de acordo à etiologia e gênero.

d) Traumatismos faciais

De acordo com a presença de fratura, pode-se observar que dos 237 pacientes, 83 casos (35,0%) foram diagnosticados como trauma de face sem fratura e 154 casos (65,0%) apresentavam algum tipo de fratura. Uma maior incidência de fraturas no terço médio da face de forma isolada foi observada em

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 Masculino Feminino

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91 casos (38,4%), seguida do terço médio com fraturas associadas em 23 casos (9,7%). Fratura na região do terço inferior foi observada em 16 casos (6,8%), seguida por 9 casos (3,8%) de fratura dentoalveolar, por 8 casos (3,4%) de fraturas de terço inferior associado, 4 casos (1,7%) fraturas do terço médio e inferior, 2 casos (0,8%) fraturas do teço superior e médio e 1 caso (0,4%) de fratura panfacial (Tabela 6 e Gráfico 5).

Quando comparados em relação ao gênero, observou-se maior incidência de fraturas do terço médio isolado em pacientes do gênero masculino com 52 casos em relação aos 39 casos de gênero feminino. No entanto em relação ao trauma de face sem fratura houve maior incidência no gênero feminino com 45 casos em relação aos 38 do gênero masculino (Tabela 7).

Tabela 6. Distribuição dos pacientes de acordo com a presença ou ausência de

fratura facial.

Diagnóstico Pacientes Total (%)

Ft. ⅓ médio isolado 91 38,4% Tr. face s/ fratura 83 35,0% Ft. ⅓ médio associado 23 9,7% Ft. ⅓ inferior isolado 16 6,8% Tr. Dentolaveolar 9 3,8% Ft. ⅓ inferior associado 8 3,4% Ft. ⅓ médio e ⅓ inferior 4 1,7% Ft. ⅓ médio e ⅓ superior 2 0,8% Panfacial 1 0,4% Total 237 100,0%

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Gráfico 5. Distribuição dos pacientes de acordo com a presença ou ausência de

fratura facial (sim/não).

Tabela 7. Distribuição dos pacientes de acordo ao gênero e presença ou ausência

de fratura facial.

Gênero

Diagnostico Masculino Feminino Total

Ft. ⅓ médio isolado 52 39 91 Tr. Face s/ Fratura 38 45 83 Ft. ⅓ médio associado 12 11 23 Ft. ⅓ inferior isolado 9 7 16 Tr. Dentolaveolar 4 5 9 Ft. ⅓ inferior associado 5 3 8 Ft. ⅓ médio e ⅓ inferior 4 0 4 Ft. ⅓ médio e ⅓ superior 2 0 2 Panfacial 1 0 1 Total 127 110 237 38% 35% 10% 7% 4% 3% 2% 1% Ft. ⅓ médio isolado Tr. Face s/ Fratura Ft. ⅓ médio associado Ft. ⅓ inferior isolado Tr. dentolaveolar Ft. ⅓ inferior associado Ft. ⅓ médio e ⅓ inferior Ft. ⅓ médio e ⅓ superior Panfacial

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Dentre as fraturas que acometeram o terço médio, a maior incidência foi de 47 casos (19,8%) de fraturas no nariz, seguido de 42 (17,7%) do zigomático, 13 (5,5%) do complexo zigomático orbitário, 6 (2,5%) do arco zigomático, 5 casos (2,1%) fratura associado de zigomático e nariz, 3 casos (1,3%) fratura do tipo Le Fort, 2 casos (0,8%) de fraturas Le Fort associado a zigomático, 2 casos (0,8) complexo-zigomático-orbitário, 1 caso (0,4%) de fraturas Le Fort, zigomático/frontal e 1 caso (0,4%) de fratura de complexo zigomático orbitário associado a Le Fort (Tabela 8).

Tabela 8. Distribuição de acordo com osso fraturado na região de terço médio.

Osso Fraturado Pacientes Total (%)

Sem Ft. de maxila 114 48,1% Nariz 47 19,8% Zigoma 42 17,7% CZO 13 5,5% Arco 6 1,3% Zicoma e Nariz 5 2,1% Le Fort 3 1,3% Le Fort e Zigoma 2 0,8% CZO e Frontal 2 0,8%

Le fort, Zigoma e Frontal 1 0,4%

CZO e Nariz 1 0,4%

CZO e Le Fort 1 0,4%

Total 237 100,0%

Dentre as fraturas que acometeram a mandíbula, houve maior incidência de fratura em côndilo 7 casos (3,0%), seguido de 6 casos (2,5%) de fratura em corpo, 5 casos (2,1%) em região de parassínfise, 3 casos (1,3%) em corpo associada a côndilo, 2 casos (0,8%) de parassínfise associado a côndilo, restando 1 caso

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(0,4%) para as fraturas de sínfise, ângulo e parassínfise associado a ângulo (Tabela 9).

Tabela 9. Distribuição de acordo com localização da fratura na mandíbula.

Região Fratura Pacientes Total (%)

S/ Ft. de mandíbula 211 89,0% Côndilo 7 3,0% Corpo 6 2,5% Parassínfise 5 2,1% Corpo e Côndilo 3 1,3% Parassínfise e Côndilo 2 0,8% Parassínfise e Ângulo 1 0,4% Sínfise 1 0,4% Ângulo 1 0,4% Total 237 100,0%

A distribuição dos ossos acometidos com fraturas nas regiões de terço médio e inferior de acordo à etiologia onde podemos observar que a queda foi à causa de maior incidência de fraturas na maxila e mandíbula, e que os ossos mais acometidos no terço médio foram o nariz e o zigoma e no terço inferior o côndilo (Tabelas 10 e 11).

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Tabela 10. Distribuição do trauma de acordo com etiologia e localização da fratura

no terço médio.

Região

Anatômica Etiologia

⅓ MÉDIO Carro Moto Ciclístico Atropelamento Trabalho Esporte Agressão Queda Outros Total

Trauma s/ fratura 5 1 10 6 1 1 14 73 3 114 Nariz 1 1 2 5 0 1 3 33 1 47 CZO 1 0 0 0 1 0 2 9 0 13 Le Fort 1 0 0 0 0 0 0 2 0 3 Zigoma 2 0 4 6 0 2 3 23 2 42 Arco 0 0 1 1 0 1 0 3 0 6 CZO + Nariz 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 Zigoma + Nariz 2 0 0 1 0 0 1 1 0 5 Le Fort + Zigoma 0 0 0 0 0 0 1 0 1 2 Le Fort + Zigoma + Forntal 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 CZO + Frontal 0 0 0 1 0 0 0 1 0 2 CZO + Le Fort 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 Total 12 2 17 21 2 5 24 146 8 237

Tabela 11. Distribuição do trauma de acordo com etiologia e osso acometido no

terço inferior.

Região Anatômica Etiologia

⅓ INFERIOR Carro Moto Ciclístico Atropelamento Trabalho Esporte Agressão Queda Outros Total

Trauma s/ fratura 8 2 13 20 2 5 21 132 8 211 Côndilo 1 0 0 0 0 0 0 6 0 7 Ângulo 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1 Corpo 0 0 1 0 0 0 2 3 0 6 Parassínfise 1 0 1 1 0 0 0 2 0 5 Sínfise 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 Parassínfise + Ângulo 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1 Parassínfise + Côndilo 0 0 0 0 0 0 1 1 0 2 Corpo + Côndilo 1 0 0 0 0 0 0 2 0 3 Total 12 2 17 21 2 5 24 146 8 237

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e) Traumatismos associados

Quanto aos traumatismos associados, observou-se que dos 237 pacientes avaliados 71 pacientes (30,0%) apresentaram envolvimento de outra região em relação a 166 (70,0%) que não apresentaram envolvimento de outra região. Os membros superiores foram que apresentaram maior incidência com 52 casos (21,9%), seguido de 28 casos (11,8%) dos membros inferiores, 15 casos (6,3%) do crânio, 13 casos (5,5%) da região torácica, 5 casos (2,1%) do pescoço e 4 casos (1,7%) da região abdominal (Gráfico 6). Quando comparadas os traumatismos associados em relação ao gênero, observou-se que houve maior incidência no gênero masculino (42 casos, 59,2%) do que no feminino (29 casos, 40,8%) no gênero feminino, não havendo diferença estatisticamente significante (x2 = 1,264; p = 0,261). Dos 71 pacientes com trauma associado, 47 pacientes (66,2%) evoluíram com fratura e 24 pacientes (33,8%) sem fratura e não houve diferença estatisticamente significante em ambos os grupos (x2 = 0,00; p = 0,992).

Gráfico 6. Distribuição de traumatismo em outras regiões associados.

45% 24% 13% 11% 4% 3%

Fraturas associadas

Membros Superiores Membros Inferiores Crânio Torax Pescoço Abdomem

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f) Tratamento

Com relação ao tratamento, dos 237 pacientes avaliados 101 casos (42,6%) foram tratados conservadoramente, 28 casos (11,8%) foram submetidos à cirurgia e em 18 casos (7,6%) não foi realizado tratamento. Em relação aos pacientes que foram submetidos a procedimento cirúrgico, 25 casos (10,5%) foram submetidos à anestesia geral e três casos (1,3%) à anestesia local. Dos 25 casos em que foi realizada a cirurgia com anestesia geral, em 13 casos (5,5%) foi realizada intubação orotraqueal, 11 casos (4,6%) nasotraqueal e um caso (0,4%) foi incluído na categoria de outro (submentoniano ou traqueotomia). Quanto ao tipo de acesso, foi realizado do tipo Keen com oito casos (3,3%), seguido de sete casos (2,9%) com acesso submandibular e quatro casos (1,7%), três casos (1,3%) e um caso (0,4%) de acesso supraciliar, coronal, subciliar e subpalpebral, respectivamente.

Em relação aos pacientes não submetidos a tratamento, observou-se que no grupo dos pacientes com idade entre 60 a 70 anos, no total de 123 pacientes, oito (6,5%) não foram submetidos a nenhum tratamento. Similarmente, os pacientes acima de 70 anos de idade, no total de 114 pacientes, 10 (8,8%) não foram submetidos a nenhum tratamento. Já em relação aos pacientes em que a opção foi o tratamento conservador, 53 pacientes (43,1%) apresentavam idade entre 60 a 70 anos e 48 pacientes (42,1%) apresentavam idade acima de 70 anos. No grupo de pacientes submetidos a tratamento cirúrgico, 17 pacientes (13,8%) tinham idade entre 60 a 70 anos e 11 pacientes (9,6%) com idade acima de 70 anos. Não houve diferença estatisticamente significativa no grupo dos pacientes submetidos a cirurgia (x2 = 0,988; p = 0,320).

Quando avaliado o tratamento instituído em relação à região anatômica fraturada no terço médio pode-se observar que na maxila o nariz e o zigoma foram os mais acometidos e tratados de forma conservador conforme mostra a Tabela 12. Na mandíbula (Tabela 13), a parassínfise foi a que teve maior numero de intervenções cirúrgicas. A realização de tratamento conservador foi maior na mandíbula quando comparado à maxila, no entanto o tratamento cirúrgico foi igual

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em ambos grupos, conforme observado no Gráfico 7. Todas as fraturas tratadas cirurgicamente receberam Fixação Interna Estável, excetuando-se 2 casos de fratura dentoalveolar reduzida sob anestesia local, e realizado contenção dentária sem a utilização de placa e parafuso para fixação da fratura.

Tabela 12. Distribuição de acordo ao tratamento instituído e região fraturada

⅓ MÉDIO

Tto Instituído Fratura Nariz CZO Le

Fort Zigoma Arco CZO +Nariz Zigoma +Nariz Le Fort +Zigoma Le Fort +Zigoma +Frontal CZO+ Frontal CZO+Le Fort Total (%) Sem Tratamento 13 2 1 1 0 1 0 0 0 0 0 0 18 Tto Conservador 21 31 8 1 31 3 1 2 1 0 1 1 101 Tto Cirúrgico 15 3 3 0 3 1 0 0 1 1 1 0 28 Total 49 36 12 2 34 5 1 2 2 1 2 1 147

Tabela 13. Distribuição de acordo ao tratamento instituído e região fraturada

⅓ INFERIOR

Tto Instituído Fratura Côndilo Ângulo Corpo Parassínfise Sínfise

Parassínfise +Ângulo Parassínfise +Côndilo Corpo +Côndilo Total (%) Sem Tratamento 17 0 0 1 0 0 0 0 0 18 Tto Conservador 115 3 1 5 5 1 1 2 3 136 Tto Cirúrgico 13 1 0 2 5 1 1 2 3 28 Total 145 4 1 8 10 2 2 4 6 182

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Gráfico 7. Distribuição da modalidade de tratamento de acordo aos terço médio e

inferior da face.

g) Complicações

Houve um caso de complicação associada ao nervo alveolar inferior, em um paciente de 70 anos do gênero masculino, vitima de acidente automobilístico que apresentava fratura de parassínfise D associado a fratura de assoalho de órbita submetido a redução e fixação da mesma. Os outros 3 pacientes a complicação está descrita como outras sem especificação. Dos 237 pacientes avaliados dois casos (0,8%) evoluíram a óbito, não foram submetidos a nenhum tratamento definitivo, específico da área. Ambos do gênero masculino, um com 62 anos, vítima de acidente ciclístico, sem capacete de segurança e com trauma associado de crânio, portador de uma fratura de ângulo e outro, com 71 anos, vítima de acidente automobilístico, com trauma associado em abdômen, pescoço, membros superiores e inferiores, portador de fratura Le Fort III e sagital de maxila.

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 Sem tratamento Tto Conservador

Tto Cirurgico Total

Maxila Mandibula

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6. DISCUSSÃO

No presente estudo foram analisados retrospectivamente dados de trauma maxilo-faciais em pacientes idosos. Este estudo mostrou as tendências e os elementos característicos de fraturas maxilo-faciais, também revelaram características clínicas, tais como a etiologia, padrões e formas de tratamento das fraturas maxilo-faciais na população idosa. De acordo com Fasola e colaboradores (2003), os traumas maxilo-faciais em pacientes idosos são muito frequentes, sendo confirmada em outros estudos (Velayutham et al., 2013). De acordo com Yamamoto e colaboradores (2011), os fatores etiológicos associados aos traumas buco-maxilo-faciais na população idosa são diferentes daqueles relatados na literatura em pacientes jovens e adultos jovens.

Diversos estudos com relação aos fatores causais de traumatismo em idosos tem apontado a queda como a principal causa (Amarcatunga et al., 1988; Goldschmidt et al., 1995; Gerbino et al., 1999; Wade et al., 2004; Kloss et al., 2007; Chrcanovic et al., 2010). Os resultados apontados pela literatura são condizentes com os observado no presente estudo em que mais da metade de todas as fraturas buco-maxilo-faciais em idosos ocorreu por queda de própria altura. Gerbino e colaboradores (1999) observaram que a queda foi à causa de fratura em 55,9% de 222 pacientes avaliados. Sarasin e colaboradores (1996) constataram que a queda foi responsável por trauma em 85% dos pacientes acima de 60 anos em um estudo com 470 pacientes. Um estudo avaliou 247 pacientes idosos, sendo que em 126 casos (51,0%) a causa do trauma foi queda em superfície plana, seguido por acidente de transito em 84 casos (34,0%), 16 casos em acidentes de trabalho, e outros 16 casos por queda em degraus (Yamamoto et al., 2011).

De maneira contrária, alguns estudos apontam outros fatores como os principais fatores etiológicos (lida et al., 2003; Andrade et al., 1998). lida e colaboradores (2001) observaram em 505 pacientes com fraturas faciais que a causa mais comum de lesão foi assalto (143 pacientes, 28,3%), seguido por quedas (129 pacientes). Já Valley e colaboradores (1994) observaram que o

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acidente automobilístico foi o maior causador de trauma nos idosos (61,5%), seguido em ordem decrescente por quedas (16,9%), atropelamento (10,8%), agressão (3,1%) e 7,7% restantes por causas não identificadas. De forma similar, estudo com 196 pacientes, dos quais 127 do gênero masculino e 69 do gênero feminino, a maior causa do trauma foi acidente automobilístico com 118 casos (60,0%), seguido por quedas (44 casos, 22,5%) (Gray et al., 2002). Entretanto, a queda é predominante em outros trabalhos. Maurer e colaboradores (2013) avaliaram fraturas orbitais em 68 pacientes com idades igual ou superior a 65 anos e constatou que 95% das fraturas foram decorrentes a queda e que a razão das quedas variou entre os pacientes (alguns tropeçaram ou escorregaram e outras resultaram de problemas médicos tais como síncope ou vertigens). Para esses autores, as mulheres idosas tendem a cair com maior frequência do que os homens, devido a uma maior oscilação do corpo e maior dependência de campo visual (labirintite). Estes dados são compatíveis com os observado no presente estudo em que dos 146 pacientes vítimas de queda, a maior prevalência foi no gênero feminino. Dentre os pacientes vítimas de queda, 95 (65%) evoluíram com algum tipo de fratura facial. Assim, a prevenção das quedas é particularmente importante em idosos. Os pacientes idosos são susceptíveis a queda na vida diária, provavelmente devido às consequências fisiológicas do envelhecimento, capacidade reduzida para equilibrar e evitar os riscos ambientais, presença de patologias sistémicas, bem como a utilização de medicamentos psicotrópicos (Maurer et. al., 2013).

O uso de medicamentos em pacientes idosos vítimas de trauma maxilofacial deve ser considerado. Lalethedevi e colaboradores (2013) e Lai e colaboradores (2010) observaram que pacientes que apresentaram lesões maxilofaciais após queda estavam fazendo uso de mais de cinco medicamentos regularmente, sugerindo que a polifarmácia pode estar associada ao aumento do risco a queda. Estes dados corroboram com os obtidos no presente estudo, em que dos 146 pacientes vítimas de queda, 55% dos pacientes faziam uso de medicamentos.

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Em relação ao gênero e idade e fator etiológico, o presente estudo mostrou que a incidência de acidentes de trânsito teve maior prevalência no gênero masculino e em pacientes com idade entre 60 a 70 anos. De acordo com alguns autores (lids et al., 2001; Al Ahmed et al., 2004), o trauma em acidentes de trânsito é considerado a causa mais comum de fraturas maxilo-faciais na população jovem. No entanto, Yamamoto e colaboradores (2011) observaram que um terço dos pacientes idosos com menos de 75 anos de idade apresentavam fraturas faciais resultante de acidentes de trânsito. Este achado indica que pacientes com menos de 75 anos ainda são socialmente ativos e podem estar envolvidos em acidentes de trânsito.

Quanto à distribuição anatômica das fraturas, no presente estudo foi observada maior incidência na região de terço médio de face de forma isolada com 91 casos (38,4%), com maior predominância de fratura em ossos próprios do nariz, seguida do terço médio com fraturas associadas em 23 casos (9,7%), 16 casos (6,8%) com fratura na região do terço inferior. Esses dados são compatíveis com os resultados apresentados por Gerbino e colaboradores (1999), os quais observaram que dos 222 pacientes, 71% apresentaram fratura de terço médio com predominância do osso zigomático, seguido de 25,4% do terço inferior. Levantamento recente realizado por Velayutham e colaboradores (2013) observou que o osso zigomático foi o mais comumente fraturado nos pacientes idosos. Estes dados corroboram com aqueles observados por Gray e colaboradores (2002) que dos 169 pacientes avaliados, o terço médio foi a região mais acometida com 64,72% em relação a 10,5% na região do terço inferior, com maior incidência de fraturas isoladas. Estes achados concordam com outros estudos (Goldschmidt et al., 1995; Falcone et al., 1990; Gerbiano et al., 1999; Fasola et al., 2003; Kloss et al., 2007; Royan et al., 2008).

Resultados divergentes foram apontados com relação ao local mais acometido. Um estudo mostrou uma percentagem de 91% das fraturas envolvendo a mandíbula e apenas 9% envolvendo o terço médio da face (Frentzel et al.,1997). Das fraturas que ocorreram na mandíbula 60,8% estavam localizados

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no corpo, 23,5% em área da sínfise e 11,8% ocorreram no ângulo, enquanto que as fraturas do terço médio da face tiveram maior incidência no complexo zigomático (Frentzel et al.,1997). No entanto o mesmo não ocorreu em outros estudos como mostrado por Gerbino e colaboradores (1999), onde observaram 57,4% dos pacientes apresentando fratura na mandíbula, com maior incidência no côndilo, seguido no corpo, sínfise e 36,4% ocorreram no terço médio da face com maior incidência no zigoma, seguidos por fraturas panfacial. Yamamoto e colaboradores (2011) observaram que as fraturas mandibulares ocorreram em 60% dos pacientes e de terço médio em 40%. De acordo com este autor, a distribuição das fraturas pode variar dependendo da região geográfica e nível socioeconômico, o que pode explicar a divergência entre os estudos com relação à localização anatômica das fraturas.

No presente trabalho, dentre as fraturas que acometeram a mandíbula, houve maior incidência de fratura em côndilo, seguido por fratura em corpo, em região de parassínfise, em corpo associada a côndilo, parassínfise associada a côndilo. Yamamoto e colaboradores (2011) observaram que as fraturas da mandíbula envolveram mais frequentemente o côndilo, seguido pelo corpo e sínfise, estes dados corroboram com os achados no presente estudo onde foi observado sete casos (3,0%), de fratura de côndilo, seguido de seis casos (2,5%) de corpo, 5 casos (2,1%) de parassínfise. Segundo os autores, estes resultados indicam que a força de trauma foi aplicada na região da sínfise, provocando fraturas indiretas do côndilo, com ou sem fraturas na região da sínfise, especialmente por quedas uma superfície plana. No entanto em uma mandíbula atrófica, uma força não traumática pode resultar em fraturas do corpo. Em concordância com o presente estudo, Kloss e colaboradores (2007) observaram que as fraturas de ângulo mandibular não foram comuns, da mesma forma as fraturas do osso alveolar, bem como as lesões dentárias, em mandíbula ou maxila, provavelmente devido à ausência de dentes na área de impacto traumático.

No presente estudo foram observados 30,0% de traumatismos associados, com os membros superiores apresentando maior incidência, seguido dos

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membros inferiores, crânio, região torácica, pescoço e região abdominal. Os resultados diferem de outros trabalhos apontados pela literatura em que as lesões associadas foram comumente observadas na cabeça seguidas de fraturas em membros superiores, membros inferiores e costelas (Down et al., 1995; Alvi et al., 2003; Thorén et al., 2010; Yamamoto et al., 2011). Nesses estudos a maioria dos traumas foi causada pela força de um menor impacto ao cair sobre uma superfície plana. No entanto presente estudo, a taxa de lesão em outros locais do corpo foi significativamente maior em pacientes do gênero masculino, resultante do envolvimento em acidentes de trabalho, agressão e acidentes de trânsito.

Quanto ao tratamento, de acordo com Gerbino e colaboradores (1999), a questão mais difícil de decidir no tratamento de fratura maxilo-faciais em idosos é definir se deve ou não operar. Para tal deve-se ter em conta que o tratamento cirúrgico é obrigatório na presença de déficits funcionais ou deslocamento significativo da fratura, bem como, quando houver o risco de sepses ou falta de consolidação. No presente estudo foi observado que houve maior predominância do tratamento conservador em relação ao tratamento cirúrgico. Estes dados corroboram com os encontrado por Yamamoto e colaboradores (2011) os quais observaram que em 51,4% dos pacientes avaliados a escolha foi tratamento conservador, seguida por redução aberta e fixação interna estável em 18,6%. Estudo realizado por Gray e colaboradores (2002) apontou que dos 47% dos pacientes tratados cirurgicamente, 74,4% foi tratado com redução aberto e 24,6% com redução fechado. No presente estudo, dos pacientes submetidos à cirurgia 10,5% foi tratado com redução aberta e fixação interna estável e 1,3% redução fechada. Resultados similares foram observados por Gerbino e colaboradores (1999), dos 115 pacientes submetidos a procedimento cirúrgico 86,5% foram tratadas com redução aberta e fixação interna e 13,5% com redução fechada. De maneira contrária, outro estudo mostrou maior escolha pelo procedimento de redução fechada, sendo essa opção adotada pela simplicidade, custo e possibilidade de ser realizado com anestesia local (Fasola et al., 2002). Já em estudo conduzido por Gray e colaboradores (2002), a redução fechada foi realizada com maior frequência em pacientes com fratura nasal. Para alguns

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autores, quando se opta pelo tratamento cirúrgico, a redução aberta é mais comum em relação a redução fechada (Goldschmidt et al., 1995; Gerbino et al.,1999; Gray et al., 2002; Yamamoto et al., 2011).

De acordo com estudo desenvolvido por Lee em 2009, embora metade dos pacientes da série estudada tenha sido admitida no hospital, apenas 29% foram submetidos à cirurgia. Os autores ressaltam que a proporção de pacientes que receberam cirurgia diminuiu com o aumento da idade e isto está relacionado não só devido a variação das lesões entre as diferentes faixas etárias, mas também devido as condições sistêmicas preexistentes em pacientes idosos. Esse dado está de acordo com o observado no presente estudo, em que dos pacientes submetidos a procedimento cirúrgico, 13,8% eram do grupo da faixa etária de 60 a 70 anos, diminuindo para 9,6% no grupo de pacientes com idade acima de 70 anos. Dentre os casos não operados, a cirurgia pode não ser recomendada porque não há nenhum déficit funcional, e que caso seja realizada, por motivos

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