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Condições da caminhada / dificuldade

Capítulo IV Projeto de Implementação da Grande Rota Mariana Trás-os-Montes Fátima

4.3 Metodologia

4.3.2 Análise e discussão dos resultados

4.3.2.12 Condições da caminhada / dificuldade

Quanto às condições da caminhada, os entrevistados responderam que utilizam colete refletor, caminham pela esquerda e que são acompanhados, pelo menos por uma viatura de apoio, o que é fundamental para o sucesso da peregrinação.

A dificuldade da caminhada (tabela 13), foi dividida em três categorias de resposta: muito difícil, com seis respostas (24%); difícil, com doze respostas (48%); e não é difícil, com sete respostas (28%). Embora 28% dos entrevistados tenha referido que a caminhada não é

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difícil, foi possível perceber-se, mesmo para estes, que existe sempre alguma dificuldade, no entanto esta é encarada como algo normal, relacionada com o sacrifício.

Tabela 13. Dificuldade da caminhada.

Dificuldade Número

Muito difícil 6 Difícil 12 Não é difícil 7

Fonte: Entrevista a guias-peregrinos/peregrinos.

De acordo com a opinião dos entrevistados, percebe-se que se trata de uma caminhada difícil, tendo sido referido que sentem uma maior dificuldade nos três primeiros dias da caminhada, geralmente entre o início até Trancoso. Deste modo, percebe-se o porquê da maioria, dos entrevistados, ter referido que é necessário treinar, pelo menos um mês antes da partida, fazendo caminhadas diárias de 10 km a 15 km e quando se aproxima a data da partida efetuam caminhadas entre os 20 km e os 30 km. Neste contexto, os entrevistados também referiram que os apoios relacionados com as condições físicas de cada peregrino, tais como o cansaço ou o estado dos pés, somente começam a existir a partir da localidade de Pocinho. Nesse sentido, foi referido que a Cruz Vermelha apenas se encontra no Pocinho, em Vila Nova de Foz Côa, em Celorico da Beira, em Gouveia e em Seia. Foi transmitido pelos entrevistados que esta ajuda faz muita falta, mas que a mesma não existe ao longo de uma grande extensão da peregrinação. Para colmatar essa falha, cada grupo organiza-se de modo a que a entreajuda seja uma realidade e a presença de especialistas na área da saúde que, por vezes, integram os grupos é uma mais-valia. No entanto, quando isso não é possível, há um elemento do grupo que assume esse papel garantindo esse apoio no que toca a: “lava-pés”, medição da tensão, massagens, fornecimento de anti- inflamatórios, analgésicos e materiais para proteção das bolhas que se vão formando nos pés, entre outras situações. Foi, ainda, mencionado que também existe muita ajuda por parte de bombeiros voluntários e de alguns particulares, tendo sido dado o exemplo de uma médica e de um enfermeiro reformados que disponibilizam as suas competências para apoiar, de forma totalmente benévola, os peregrinos que necessitam de cuidados especializados.

A questão relacionada com o material que os entrevistados levam consigo, foi divida em três componentes: alimentação, vestuário e calçado. Quanto à alimentação, os entrevistados referiram que optam por alimentos cuja declaração nutricional é rica em açúcar e hidratos de carbono (biscoitos, bolachas, bolos, rebuçados, chocolates e barritas energéticas), água e fruta. Há um cuidado acrescido com a escolha do vestuário e calçado utilizados que deverão ser o mais confortáveis possível, sendo a noção de conforto definida

por cada um e, sobretudo, que o corpo já tenha o hábito de o vestir ou de o calçar. Assim, os entrevistados referiram que vestem roupa de algodão, fatos de treino de manga comprida, leves, largos e com carapuço; e quanto ao calçado, as preocupações são muitas: sapatilhas e sandálias com sola grossa, ténis com absorção de choque (ar ou gel), meias de desporto calçadas do avesso e com a indicação de pé direito e de pé esquerdo. Para além disso, mencionaram que é essencial hidratar os pés e que se deve colocar adesivo em cada dedo e enrolar os pés com algodão, envolvendo-os, depois, com uma ligadura de gesso. Nesta questão foi nítido que os entrevistados deram particular importância ao calçado, situação que se entende pois, segundo eles, o cuidado com os pés é um fator muito importante, porque um calçado confortável e bem adaptado ao pé é essencial para que a caminhada seja menos dolorosa e efetuada com menos sacrifício.

Na terceira parte da entrevista abordam-se as caraterísticas do itinerário, tais como, o tipo de piso, horas e quilómetros percorridos diariamente, o itinerário que realizam e as condições de segurança do mesmo. Segundo os entrevistados, a maioria da caminhada é efetuada ao longo de estradas alcatroadas, havendo, por vezes, alguns troços que se fazem em terra batida, aos quais chamam trilhos ou atalhos. Os peregrinos referiram que seguem por esses trilhos/atalhos quando estes são conhecidos pelos guias-peregrinos ou quando são deixadas marcas indicativas de direção por outros peregrinos, as quais costumam ser placas de madeira, marcas de tinta pintadas em paredes ou no chão, ramos ou flores, entre outros. É de salientar a preocupação que os peregrinos transmitiram face à existência de poucos trilhos/atalhos e que apenas há marcas com tinta azul, perto do Santuário, já no último dia da caminhada.

Os entrevistados referiram que em cada etapa diária percorrem entre 32 km e 60 km, que se efetuam entre 6 horas e 10 horas por dia. Com base nos dados recolhidos, conclui-se que, por dia, os peregrinos entrevistados percorrem uma média de 42 km e caminham em média 9 horas. Os entrevistados referiram que um dia de caminhada começa pelas 6 horas da manhã e que há pelo menos um período de descanso de cerca de 2 horas repartido entre a manhã e após o almoço.