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Condições Operacionais

No documento Qualidade do sistema de transporte público (páginas 82-84)

5.1 Análise da satisfação dos usuários

5.1.2 Condições Operacionais

Os indicadores que compõem o subgrupo confiabilidade são tempo de viagem, frequência e pontualidade. O tempo de viagem apresentou a 8ª melhor avaliação entre todos os indicadores com uma nota média de satisfação de 3,10 (igualando ao indicador adaptação do veículo). Tem-se que 39% dos entrevistados o avaliaram como bom e 24% como razoável. No entanto, percebe-se também que 15% o avaliaram como péssimo e 15% como ruim. Dentro deste subgrupo, o segundo indicador que foi melhor avaliado foi a pontualidade (2,55). Dentre todos os indicadores, ele ocupou a 9ª pior avaliação. Ressalta-se que 22% dos entrevistados o classificaram como péssimo, 25% como ruim, 30% como razoável, 19% como bom e 3% como excelente. Por último, o indicador frequência teve a 5ª pior avaliação, com uma nota muito próxima ao que é considerado ruim (2,12). A frequência foi avaliada por 40% das pessoas como péssimo e 28% disseram ser ruim. Muitos entrevistados declararam que, aos finais de semana, estes indicadores apresentam piora em seus desempenhos, sendo muito difícil utilizar o serviço aos sábados e domingos. Este fato é possível de ser comprovado com os dados de demanda diária por linha, em que se verificou que muitas linhas que são ofertadas em dias de semana não operam aos finais de semana. Mais especificamente sobre a frequência das linhas, muitos relataram que, nos horários de maior movimento, passam vários ônibus em um curto período de tempo. No entanto, nos intervalos entre os horários de pico, a frequência é baixa, sendo que alguns disseram que, por muitas vezes, tiveram que esperar mais de 1 hora para poder usar o serviço.

O subgrupo conveniência foi o que apresentou a maior quantidade de indicadores com baixo nível de satisfação. Dos 4 indicadores que apresentaram um nível de satisfação médio inferior a 2 (classificação ruim), 3 pertencem a este grupo, sendo estes: integração tarifária, tarifa e intermodalidade. A integração tarifária foi o indicador que apresentou a pior avaliação entre todos, com um nível de satisfação médio de 1,40. Também foi o indicador que apresentou a maior taxa de avaliação na categoria “péssimo” (73%). É válido ressaltar que em Itajubá não existe a integração tarifária e, ao aplicar o questionário, os entrevistados eram questionados

como eles avaliavam o fato de não existir esta possibilidade no município. Muitos usuários afirmaram que, geralmente, desembarcam em um ponto de ônibus central e, para não pagarem outro valor tarifário, caminham para chegar ao destino final. Uma das entrevistadas citou o fato de não poder frequentar o novo parque da cidade com sua família, por ter que pegar mais de um ônibus para chegar ao destino final, o que torna a ida conjunta da família inviável. Para esta entrevistada, as linhas de ônibus do município são excludentes. Outra entrevistada disse que não pôde levar as filhas ao curso de férias ofertado pela prefeitura por terem que pegar mais de um ônibus, tanto para ir quanto para voltar, o que inviabiliza a viagem.

O valor tarifário também teve uma avaliação não satisfatória com uma nota média de 1,80. A tarifa foi considerada péssima para 49% das pessoas e ruim por 29%. O valor tarifário em Itajubá é de R$ 3,75 para as linhas urbanas e R$ 4,20 para as linhas rurais. Em 2011, o relatório geral sobre o sistema de mobilidade urbana no Brasil, elaborado pela ANTP, declarou que o valor tarifário médio para as cidades entre 60 e 100 mil habitantes (faixa que engloba o município de Itajubá) era de R$ 1,89. Relatórios mais atuais elaborados pelo mesmo órgão não apresentam tal dado, não sendo possível realizar uma comparação mais precisa em relação a esses valores. No entanto, considerando que 76% dos entrevistados declararam possuir uma renda domiciliar entre 1 e 3 salários mínimos, conclui-se que o valor adotado está relativamente alto. O relatório “Tarifação e financiamento do transporte público urbano”, elaborado pelo IPEA (2013), mostra que o custeio da operação do transporte público por ônibus, no Brasil, é feito exclusivamente pelas receitas provenientes das tarifas pagas pelos usuários do TPU. Raramente, existem recursos extratarifários para o financiamento deste serviço, diferentemente do que ocorre em alguns países europeus e da América do Norte, em que os sistemas de transporte recebem recursos oriundos do governo visando a redução do valor tarifário (IPEA, 2013). Em Itajubá, o sistema de transporte público não recebe subsídios do poder público e o usuário que paga o valor integral da passagem arca com os custos de sua viagem e, também, com as gratuidades. Outro fato que deve ser destacado é que muitos entrevistados disseram que não se importariam de pagar o valor atual se o serviço prestado fosse de melhor qualidade.

A intermodalidade teve a terceira pior avaliação (1,90) e foi abordada no questionário como a possibilidade de transportar a bicicleta nos veículos e, também, pela existência de bicicletários próximos aos pontos de ônibus. Esta avaliação evidencia que o sistema de transporte atual do município não permite a integração entre esses dois modos de transporte tidos como sustentáveis. Esta conclusão também é demostrada na Figura 18, visto que 48% avaliaram este item como péssimo e 25% como ruim.

O critério segurança foi medido por meio da satisfação do usuário quanto à segurança pública e à segurança viária. Ambos os indicadores tiveram uma avaliação relativamente positiva. A segurança viária foi o indicador que apresentou o melhor desempenho do subgrupo conveniência e o 5º melhor desempenho entre todos os indicadores. Dentre as avaliações, 38% dos entrevistados disseram que o consideram bom e 31% como razoável. Alguns disseram nunca terem sofrido nenhum acidente de trânsito ao utilizar o transporte público e outros disseram que nunca havia pensado sobre este ponto, o que demostra que se sentem seguros quanto a este aspecto. A segurança pública também teve um nível de satisfação relativamente bom (3,21) sendo que, para 35% dos entrevistados, este indicador está bom e para 27% ele está razoável. Apesar da boa avaliação, alguns entrevistados disseram que não se sentem seguros ao utilizar o ônibus à noite, principalmente, por terem que esperar pelo veículo nos pontos. O último indicador do subgrupo conveniência é a lotação, com uma nota média de 2,55 e com 29% de respostas na categoria péssimo. Destaca-se que a melhora do indicador frequência, principalmente nos horários de pico, poderia causar um efeito positivo na lotação dos veículos. Isto é devido ao fato de que com uma maior oferta de ônibus nestes horários, os usuários poderiam ser melhores distribuídos nos veículos, diminuindo a lotação dos mesmos.

No documento Qualidade do sistema de transporte público (páginas 82-84)